Juliana Didone fala da maternidade em nova peça: 'O teatro representa meu ninho'
Caras
A atriz Juliana Didone está de volta aos palcos! Na noite de sábado, 2, ela estreou a peça ’60 Dias de Neblina’, que tem texto de Renata Mizrahi, direção de Beth Goulart e foi inspirada no livro de Rafaela Carvalho. A montagem está em cartaz no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, no Rio de Janeiro, e fala sobre os desafios da maternidade. Em conversa com a CARAS Digital, a artista contou mais sobre a história do espetáculo e sua própria experiência com a maternidade, já que é mãe de Liz.
- Como surgiu o convite para protagonizar a peça 60 Dias de Neblina?
- A peça é um projeto que eu idealizei. O gatilho mesmo foi o livro “60 Dias de Neblina”, escrito pela Rafaela Carvalho. Quando minha filha nasceu, eu ganhei de presente da minha irmã, e ler ele durante os primeiros meses pós- parto me ajudou muito a organizar o turbilhão de sentimentos que é se tornar mãe.
- Qual foi a importância do livro para você?
- Ele é um apoio fundamental nessa transformação. Me ajudou a entender que é punk mesmo ser mãe e que está tudo bem não estar tudo bem. Como organizar todos os pilares que a gente carrega? Maternidade, vida profissional, relacionamento, sexo…? É uma carga mental absurda, muitas vezes difícil de dar conta. E a Rafaela fala sobre tudo isso de uma forma muito íntima, que eu me identifiquei totalmente. Parecia que ela escrevia o que eu estava sentindo. E descobri que eu não fui a única a se sentir assim, milhares de mulheres se identificam com o que ela escreve.
- O que mais chamou a sua atenção no espetáculo?
- O que eu mais amo é a história que eu vou contar. De uma mulher, a Luiza, uma mãe que traduz o sentimento e as situações de muitas mães. Porque cada mulher enfrenta do seu próprio jeito os desafios da maternidade, mas alguns sentimentos são clássicos e todas nós passamos por eles. Estou muito feliz em poder falar disso! Ser respiro para as mães através do teatro.
- Como está sendo ser dirigida pela Beth Goulart?
- Está sendo um aprendizado imenso. Um prazer. Um presente mesmo. A Beth Goulart tem muita experiência e, como toda boa mestra, uma sabedoria gigante pra me conduzir. Com firmeza e muita delicadeza. Traço forte nela. Tem sido uma troca muito importante para mim. Vou levar pra vida.
- Tem algum trecho da peça que você vivenciou em sua própria experiência como mãe?
- Muitos. (risos) Quase todos, na verdade. A exaustão, o medo, a culpa. A dualidade entre amar ser mãe e o desespero em ser mãe. As situações que a personagem vive, as reflexões que ela faz, são semelhantes a todas as mães. O jeito de contar é que vai ser diferente.
- Como você acha que será a reação do público com a estreia da peça?
- Eu torço para que as mães se identifiquem e entendam que não tem jeito certo de ser mãe. É tentativa e erro mesmo, é desconstruir os ideais para encontrar um jeito real e único de enfrentar os desafios de ser mulher e mãe. É uma linda descoberta. É um abraço nas mães.
- Você começou a sua carreira no teatro e foi para outras áreas das artes ao longo dos anos. Como é voltar aos palcos agora? O que o teatro representa para você?
- O teatro representa meu ninho, minha essência. Está ali a filosofia que eu acredito, do trabalho colaborativo, da repetição para encontrar o melhor caminho. Eu estou feliz demais de voltar a fazer teatro, com essas mulheres, que além da Beth, têm todo um time feminino na equipe que é muito potente.
- Para você, como é a experiência de ser mãe?
- É a experiência mais forte que eu já vivi. Expandiu minha consciência sobre a vida, elucidou meus propósitos, minhas prioridades. Um filho te desequilibra totalmente e te reorganiza de uma forma muito muito forte. É divino!
- O que a maternidade mais mudou em sua vida?
- Tudo. Meu olhar sobre a vida, sobre os outros, sobre mim.
- O que você e a sua filha, Liz, mais gostam de fazer juntas?
- Muitas coisas. O que ela mais gosta é brincar. Inventar histórias, personagens. Mas a gente curte ver filme, cantar, dançar, arrumar a casa, tomar banho, ir à praia. Ir no mercado. Para criança, tudo é lúdico, né! E eu tenho um olhar atento em deixar leve os afazeres do dia a dia. Mesmo na correria, eu tento trazer poesia. Nem sempre dá, às vezes tudo desanda, mas eu tento.
- Como é a personalidade da sua filha?
- Ela tem a personalidade dela que é diferente da minha e do pai. Ela é bem ela mesmo. (risos) Mais organizada que eu, mais decidida. Um complemento que eu precisa nessa vida. Teimosa também. Doce, parceira. Ah, ela é incrível!
- Você tem o desejo de ter mais filhos?
- Sim e não. Já falei que sou indecisa? (risos)