A Verdadeira Dor é jornada intimista de simples gestos e grandes sentimentos | #CineBuzzIndica
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Conhecido por produções como A Rede Social (2010), Truque de Mestre (2013) e Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), Jesse Eisenberg investe, pela segunda vez, na direção de longas. Após Quando Você Terminar de Salvar o Mundo, de 2022, o ator e, agora, também roteirista e diretor lança A Verdadeira Dor, que chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (30).
Indicado em duas categorias no Oscar 2025, incluindo Melhor Roteiro Original, assinado por Eisenberg, a novidade é uma obra que, com uma simplicidade aparente, revela uma complexidade emocional profunda, centrada na relação entre dois primos: David, interpretado pelo próprio Eisenberg, e Benji, vivido por Kieran Culkin (Succession), forte candidato ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante na maior premiação do cinema.
Embora a premissa pareça se apoiar em uma busca por identidade familiar e ressignificação de raízes históricas, é a relação íntima e conflituosa entre os dois co-protagonistas que realmente ocupa o centro da narrativa, transformando A Verdadeira Dor em uma jornada sobre dor, empatia e os pequenos gestos que constroem a nossa humanidade.
A história, que poderia facilmente se perder em uma exploração mais técnica e historiográfica dos horrores do Holocausto e das origens judaicas dos personagens, nunca parece forçada ou excessivamente dramática. A Polônia e os memorialistas do Holocausto servem mais como pano de fundo, uma forma de contextualizar os conflitos internos e as tensões entre David e Benji, que são profundamente distintos na forma como lidam com suas emoções. Enquanto David é contido e introspectivo, Benji é expansivo, caótico e vulnerável, mas a beleza de A Verdadeira Dor está em como essa dualidade entre os dois é tratada de maneira honesta e sem julgamentos.
Apesar da simplicidade da trama, o longa se destaca justamente por não tentar dar respostas fáceis sobre os conflitos entre os primos ou sobre a forma como eles lidam com a dor e a perda. Em vez disso, A Verdadeira Dor se concentra em momentos de proximidade e revelação emocional genuína. Esses gestos pequenos e quase imperceptíveis são os momentos que tornam o filme tocante, lembrando o espectador de que, na vida real, as conexões humanas mais profundas não precisam ser forçadas ou grandiosas para serem significativas.
É nesse ponto que a química entre Eisenberg e Culkin se torna o principal trunfo da história. A interação entre seus personagens é alimentada pela naturalidade com que os atores conseguem mostrar as vulnerabilidades e os conflitos de seus personagens. A relação deles é tanto um reflexo de opostos – o controle contra o descontrole – quanto uma exploração das muitas maneiras de se lidar com a dor. Culkin, com sua performance irrepreensível, rouba a cena com um Benji emocionalmente instável, mas carismático, enquanto Eisenberg, mais reservado, serve como um contraponto perfeito para a energia de seu primo.
Na direção, Eisenberg é discreto e remete aos trabalhos de Woody Allen, sabendo utilizar o silêncio e os momentos de pausa de maneira eficaz. A montagem permite que as emoções dos personagens se desenrolem de maneira lenta, mas palpável. O filme é uma exploração silenciosa, mas intensa, do que significa carregar o peso das emoções não ditas, da dor que se acumula sem ser compartilhada, e do aprendizado gradual sobre como se conectar com o outro. O uso sutil de detalhes visuais e gestos simples, como a troca de olhares ou as diferenças nas roupas dos personagens, reforça essa ideia de que a verdadeira dor está nas entrelinhas, no que não é dito, mas vivido.
Em suma, A Verdadeira Dor é uma obra profundamente sensível, que encontra sua força na simplicidade e na honestidade das relações humanas. Embora a história de fundo sobre a busca por identidade familiar na Polônia não tenha o mesmo impacto emocional, a jornada dos personagens de David e Benji é universal, refletindo as lutas internas de todos nós.
Em sua busca por se conectar, entender e compartilhar a dor, A Verdadeira Dor revela que, muitas vezes, é no contato mais simples e genuíno que reside a verdadeira profundidade das nossas experiências.
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