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Acompanhante Perfeita não convence com relacionamento abusivo à la Black Mirror | Crítica
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Acompanhante Perfeita não convence com relacionamento abusivo à la Black Mirror | Crítica

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06/02/2025 18h30
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©Divulgação/Warner Bros. Pictures
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À primeira vista, Acompanhante Perfeita, que chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (6), apresenta uma premissa intrigante: uma mistura de ficção científica, comédia, terror e uma crítica social que se propõe a explorar as dinâmicas de poder e abuso dentro de um relacionamento.

O filme vem na onda de outras fitas semelhantes, como os recentes Bela Vingança (2020), Corra, Querida, Corra (2020), Não Se Preocupe, Querida (2022) e Pisque Duas Vezes (2024), numa roupagem que remete à da série Black Mirror (2011 - ). No entanto, há algo que parece fazer a diferença: os quatro filmes citados foram obras de mulheres, enquanto Acompanhante Perfeita é escrito e dirigido pelo estreante Drew Hancock, apadrinhado pelos criadores de Noites Brutais, que fez bastante sucesso no streaming em 2022.

Não que seja um problema um homem tomar as rédeas de uma história sobre relacionamento abusivo, mas a diferença é notável. Aqui, a trama é centrada em uma protagonista robô de nome Iris (Sophie Thatcher, de Yellowjackets), que acompanha seu namorado, Josh (Jack Quaid, de The Boys), num final de semana entre amigos numa casa de campo luxuosa e tranquila.

Apaixonados, os dois vivem um romance de cinema. Mas nem tudo é o que parece. A viagem toma, então, um rumo inesperado, com perseguições, violência e revelações, com a jovem máquina altamente sofisticada precisando lutar para sobreviver.

Sim, você leu certo, um humano namora uma robô. O que pode ser espantoso para nós, no universo de Acompanhante Perfeita é tratado como normal — e, na verdade, já previsto para acontecer na realidade: quem não se lembra do artigo do futurólogo Ian Pearson, que prevê que a humanidade fará mais sexo com robôs do que com pessoas em 2050?

Há um nítido tom satírico desde os materiais de divulgação do filme, tanto no trailer, que anuncia uma mistura de comédia e terror — “do estúdio que trouxe Diário de uma Paixão e dos criadores de Noites Brutais — até o próprio desenrolar da trama, que está cheia de tiradas e situações que investem em tirar o riso do público.

Essa mistura, junto com os rostos familiares no elenco, claramente visa engajar, principalmente, a geração mais jovem. Entretanto, apesar das boas ideias e do conceito, que conversa bem com a geração atual, a execução rasa de um tema tão relevante acaba tornando Acompanhante Perfeita apenas bobo, com ares de um grande desperdício.

A maior força do filme reside nas performances dos atores, que são suficientemente interessantes para criar uma conexão com o público. Sophie Thatcher volta a oferecer uma atuação digna do que já havia nos mostrado no terror Herege, e Jack Quaid é o macho escroto perfeito, um redpill que não consegue se relacionar com uma mulher de verdade e precisa de uma que ele possa controlar ao seu bel prazer.

O elenco de apoio consegue entregar momentos divertidos, mas na realidade estão ali com apenas um propósito: criar situações que os coloque em perigo. E isso é o que mais incomoda em Acompanhante Perfeita, um filme que se basta de suas próprias limitações.

As questões abordadas são relevantes, especialmente considerando a forma com que a ficção científica se mistura com críticas às relações contemporâneas, muitas vezes abusivas e completamente dependentes da tecnologia. Contudo, o roteiro não consegue ir além de sua premissa, faltando-lhe a profundidade necessária para explorar plenamente temas tão complexos. É o que eu havia citado antes, nas mãos de uma mulher, muita coisa não passaria despercebido. Porém, para um homem, existem temas e situações mais interessantes para serem mostradas e abordadas. Para alguns espectadores menos exigentes, Acompanhante Perfeita será divertido o suficiente, mas é frustrante pensar assim.

Ao tentar abordar questões mais sérias, o filme recorre a muitos clichês do gênero, o que enfraquece seu potencial. A escolha de mesclar ficção científica com terror e drama é válida, mas o filme se limita a uma fórmula genérica sem realmente inovar ou oferecer novas perspectivas — ah, que saudade do corajoso final de Bela Vingança.

A tentativa de criar uma crítica social através de uma história de abuso em um contexto (não tão) futurista que poderia ter sido muito mais impactante se o roteiro se arriscasse mais em fugir das convenções estabelecidas do gênero. Como não faz isso, filme acaba preso a um caminho previsível, em que a crítica se torna superficial e se perde entre os elementos de suspense e ação.

Em suma, Acompanhante Perfeita apresenta ideias interessantes, que poderiam virar um episódio de Black Mirror se mais enxuto e assertivo em sua lição de moral à luz de um futuro tecnológico. Faltou ao filme e ao diretor a ousadia de se aprofundar mais nos temas que propõe, entregando uma obra que, apesar de promissora e até divertida enquanto sessão descompromissada, acaba sendo mais esquecível do que marcante.

LEIA A CRÍTICA ORIGINAL EM:Acompanhante Perfeita não convence com relacionamento abusivo à la Black Mirror


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