"João Sem Deus" coloca o dedo na ferida para contar as histórias de vítimas do médium | #CineBuzzIndica
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Não se deixe enganar pela carga de ter Marco Nanini no papel: João Sem Deus - A Queda da Abadiânia não é uma história sobre João de Deus. Na produção, que chega ao Canal Brasil nesta sexta-feira (13), o autoproclamado médium curandeiro é apenas um coadjuvante na história de diversas vítimas dos crimes sexuais cometidos pelo homem, que por muito tempo despertou a admiração de grandes personalidades como Xuxa Meneghel e Oprah Winfrey.
O CineBuzz e a Rolling Stone Brasiltiveram a oportunidade de assistir ao primeiro episódio da novidade durante o Festival do Rio, que acontece até o próximo dia 15 de outubro no Rio de Janeiro. Criada por Patrícia Corso (Os Homens são de Marte… E é Pra Lá que Eu Vou) e Leonardo Nogueira (45 do Segundo Tempo), que também são responsáveis pelos roteiros, e dirigida por Marina Person (Califórnia), a história tem início nos primeiros dias em que as denúncias contra João de Deus começam a surgir.
Nos momentos seguintes, acompanhamos a trama pelo ponto de vista de Carmem (Bianca Comparato, 3%), uma mulher devota a João de Deus, que passou a acompanhá-lo e se tornou o seu braço direito após um milagre concedido à sua irmã. Crente nos poderes de cura do médium, Carmem é a primeira a repudiar as acusações, mesmo quando Cecília (Karine Teles, Elas por Elas), que fugiu para Portugal após o trauma de ser sexualmente abusada pelo médium, retorna a Abadiânia para tentar abrir os olhos da irmã.
Apesar de se tratar de uma história fictícia com base nos relatos das centenas de vítimas do médium, João Sem Deus - A Queda de Abadiânia constrói uma narrativa crível o suficiente para representar cada uma das mulheres abusadas sexualmente, mesmo em suas particularidades, contando com o reforço de depoimentos de vítimas do médium, inseridos organicamente à história através de reportagens reais divulgadas à época no programa Conversa com Bial, que foram o estopim para a queda de João de Deus.
Segundo Marina Person, a ideia era representar as mulheres que tiveram a coragem de denunciar e colocar um fim na série de abusos cometidas pelo médium, representando, através de Carmem, uma mulher que não consegue conciliar a imagem de João de Deus a de um predador sexual; Cecília, que reconhece o abuso sofrido, mas carrega a culpa, a vergonha e o medo pelo que lhe aconteceu; e Ariane, filha de Carmem, vivida pela atriz Maria Clara Strambi (O Lodo), que só entende ter sido uma vítima a partir dos relatos de outras mulheres em situações similares.
A minissérie não suaviza os acontecimentos, jogando para longe o risco de diminuir a gravidade dos crimes cometido por João de Deus, mas é cuidadosa para não ser traumatizante por si só. Em certos momentos, não dá para fugir de mostrar os fatos como aconteceram, o que torna angustiante assistir a algumas cenas, mas o fato de a produção ter sido realizada por uma equipe predominantemente feminina cria uma sensação de segurança dentro de um espaço perigoso, dissipando a mensagem intrínseca de que abuso sexual não é entretenimento para ninguém.
João Sem Deus - A Queda de Abadiânia estreia nesta sexta-feira, dia 13 de outubro, no Canal Brasil, dividida em três partes, que serão lançadas até o próximo domingo, dia 15, sempre às 21h50. O elenco da minissérie, coproduzida por Brasil e Portugal, ainda conta com Antonio Saboia (Deserto Particular) e as atrizes portuguesas Ana Sofia Martins (A Única Mulher) e Dalila Carmo (Valor da Vida).
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