"Não queria que tivesse cara de filme de época": diretora comenta escolha estética de Cyclone
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Cyclone, novo filme da diretora Flavia Castro (Deslembro), com roteiro de Rita Piffer, chega aos cinemas de todo o país a partir desta quinta-feira, 4 de dezembro. Destaque na 49ª Mostra de Cinema de São Paulo, o longa apresenta uma reimaginação da história de Maria de Lourdes Castro Pontes, Dayse Castro ou, simplesmente, Cyclone — vivida por Luiza Mariani (Todas as Canções de Amor) —, dramaturga talentosa, que viveu na São Paulo do início do século XX.
De início, o que mais chama atenção na história é o fato do longa apresentar uma estética que desafia o tradicional para um filme de época. Em entrevista exclusiva, a diretora Flavia Castro nos explicou essa escolha: “Eu tinha algumas ideias mais ou menos claras. A primeira é que eu não queria fazer um filme com cara de filme de época clássico, tradicional. Nem nas cores, nem em nada”.
Segundo Flavia, o filme precisava dialogar com o presente sem perder o enraizamento histórico: “Eu tinha essa coisa de buscar, naquela época, um elemento de estética que pudesse conectar o filme com o presente. E eu busquei isso em atrizes daquele tempo, elas têm uma coisa de punk.”
A intenção, no entanto, era evitar a rigidez de um filme de época: “Eu queria que não fosse muito marcado no tempo. O figurino poderia ser usado hoje em dia, inclusive aquelas roupas que a Luiza [Mariani] usa”, afirmou Flavia, reforçando o desejo de um filme de época com pulso contemporâneo.
A fluidez da câmera também foi parte central dessa construção. “Não é uma câmera regida, é uma câmera que é muito fechada, que tem uma qualidade nela, em vários momentos, que é mais genuína”, explicou. Para a diretora, a câmera precisava respirar com os atores e entrar na subjetividade de Cyclone.
Por fim, a presença majoritariamente feminina na equipe criativa não foi uma decisão programática de gênero, segundo Flavia, mas de afinidade. “As mulheres, muitas delas, como Ana Paula Cardoso [diretora de arte] e a Helô Passos [Heloísa Passos, diretora de fotografia], eu já tinha trabalhado antes, e me pareceu natural continuar. Não foi uma escolha de gênero, eu não decidi porque politicamente eu achava importante, mas assim se deu e foi muito bom”.
