Porta dos Fundos para de bater em Jesus e investe em especial de Natal sangrento | Crítica

Desde 2018, a produtora Porta dos Fundos, famosa por seus populares vídeos de comédia, vinha batendo em Jesus Cristo e as histórias da Bíblia em seus especiais de Natal. O primeiro foi "Se Beber, Não Ceie", inspirado na comédia besteirol "Se Beber, Não Case".

Apesar de causar incômodo, a repercussão não foi tão grande quanto o especial do ano seguinte, "A Primeira Tentação de Cristo". Nele, Jesus Cristo era gay, e a interpretação não caiu bem para religiosos. A produção, inclusive, resultou em um ataque à sede da produtora, na véspera de Natal daquele ano, e poderia ter parado a Porta dos Fundos, mas isso não aconteceu.

Nos anos seguintes, com "Teocracia em Vertigem" e "Te Prego Lá Fora", a produtora continuou extraindo histórias da Bíblia para fazer humor. Porém, em 2022, o caminho tomado foi outro. Para os haters, pode parecer que a Porta dos Fundos se acovardou, mas Fábio Porchat garante que não:

"Se a gente tivesse medo de ataques, a gente teria parado em 2020, quando jogaram bomba na gente. Se depois de bomba a gente continuou, não seria agora que ia parar", declarou ao Uol o roteirista e protagonista de "O Espírito do Natal", que chega ao Paramount+ nesta quarta-feira (21).

Na história, que surfa na mesma onda de lançamentos recentes como "Pânico 5", "X - A Marca da Morte" e "Noite Infeliz", seis amigos decidem fugir do Natal se isolando em uma cabana no meio do nada, sem sinal de celular ou wi-fi, para que possam realmente se desligar.

Porém, logo na primeira noite, um homem, vestido como o Papai Noel, invade a casa em que estão e, por acidente, acaba morto por um deles. A partir daí, o que era para ser um passeio tranquilo acaba se transformando em um banho de sangue conforme o Natal vai ganhando vida da forma mais assustadora possível.

Com "O Espírito do Natal", a Porta dos Fundos opta por um fim de ano mais tranquilo, sem levar polêmicas para 2023, mas corre o risco de decepcionar seus fãs ao apresentar uma proposta menos ousada do que vinha fazendo nos últimos anos.

É bacana que a produtora procure mudar, mas falta força ao especial para se tornar tão memorável quanto outras produções da Porta dos Fundos. Quando mexiam com religião, os especiais já vinham com um chamariz acoplados a eles e conseguiam superar os tradicionais romances da época, ganhando destaque próprio.

Porém, ao investir em fazer comédia com terror, "O Espírito do Natal" cai em uma área cinza, na qual pode se perder junto a tantas outras produções que tentaram vingar na época do Natal, mas não conseguiram.

A história é bacana, o filme é bem executado e vale gastar meia horinha em frente à TV, caso esteja de bobeira. Entretanto, não há nada que realmente coloque o especial entre as produções obrigatórias neste fim de ano. Se der, veja. Se não... Bom, tem sempre um próximo Natal.

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