Bruno Luperi, autor de Renascer diz que não se assusta com comparações: 'Trabalho é bem-feito'
Contigo!
Muita gente criticou sua adaptação de Pantanal. Como está sendo mexer em outra novela tão marcante como Renascer?
"Acho que esse papel que ocupo de mexer num clássico da dramaturgia brasileira, em que a novela é algo sagrado, é como ser técnico da seleção. Quando reclamam do técnico ou do autor, mas continuam
assistindo, é sinal que nosso trabalho é bem-feito. Nosso trabalho não é ser amado. Sou amado pela minha família, busco afeto em outros lugares, aqui eu quero ser um bom autor. Pantanal e Renascer considero as obras-primas do meu avô. Sou fã e às vezes me critico também".
Como a história será atualizada?
"Minha proposta não é recriar, é adaptar e trazer para os novos dias. Respeito o autor que me precede. Essas histórias que ele contou me possibilitaram ter uma vida próspera. Não estou aqui para reinventar
a roda. É como se a Globo me desse a chave de um jardim que meu avô plantou há 30 anos. Vejo as histórias que floresceram bem e as outras que não renderam. Em Pantanal, a novela não ofendeu o público, atraiu o público que assistiu à original e conquistou novos. Eu era xingado no Twitter por
não mexer em nada e aí, quando mexia, era criticado também. Essa é uma novela diferente de Pantanal".
“Quando reclamam do técnico da seleção ou do autor da novela, mas continuam assistindo, é sinal que
nosso trabalho é bem-feito. Nosso trabalho não é ser amado, é provocar. Estou muito honrado. Ninguém quer ser maior do que ninguém.”
Renascer está no sul da Bahia, que foi muito transformado nos últimos anos. Minha função é fazer parecer que eu não fiz nada. Muita coisa foi transformada para parecer o mesmo em Pantanal e agora
espero o mesmo.
A personagem da Buba, que era uma pessoa intersexo na novela original, agora será uma mulher trans vivida por uma atriz trans. Qual a importância dessa mudança?
"Trazer a Buba para esse novo espaço no qual ela é uma mulher trans abre margem para discutir patriarcado, machismo, esse desejo dos homens de querer formar filhos que sejam varões, machos. Essa agenda de gênero está plural hoje em dia. Quero trazer novos temas para trazer esse frescor e debater esses assuntos".
O que você espera que o público absorva da nova versão de Renascer?
"Espero que essa versão instigue as pessoas a assistirem à primeira versão. Olho para mim e me transformo como ser, marido, pai. Todo dia eu renasço alguém novo e acho ótimo que as pessoas consigam criar esses paralelos. Me xingue, assista à novela, nosso trabalho é provocar. Estou muito honrado. Ninguém quer ser maior do que ninguém".