Caloura na TV, Fernanda Lasevitch equilibra críticas: 'Nem sempre vou agradar'
Contigo!
Responsável por Helena jovem em Elas por Elas, novela da TV Globo, Fernanda Lasevitch (27) conta em entrevista à Contigo! Digital que viver a antagonista de uma novela lhe trouxe um aprendizado inédito. Pela segunda vez em sua trajetória, ela celebra a chance de dividir uma personagem com a atriz Isabel Teixeira.
Como foi a sua jornada até chegar ao elenco de Elas por Elas?
- Comecei minha carreira artística ainda criança, com 3 anos já trabalhava como modelo e fiz diversas campanhas, desfiles e publicidades. Minha mãe sempre me estimulava e eu ainda não entendia aquilo como trabalho, mas lembro que levava jeito e gostava muito. Participar de uma novela era um sonho que eu gestava há muito tempo. O convite para Elas por Elas veio quando eu já estava muito mais madura profissionalmente e segura como atriz, só de lembrar da minha aprovação eu fico muito emocionada. Sinto que todo o meu esforço ao longo desses anos valeu a pena e que aos poucos eu estou conseguindo construir a carreira que sempre sonhei.
Como é interpretar a vilã Helena?
- Acho incrível interpretar uma personagem complexa como a Helena, os vilões sempre me interessaram e até então eu não tinha tido a oportunidade de viver uma personagem tão intensa e tão diferente de mim. Como o foco da trama está mais no presente, eu acredito que as cenas de flashback vêm tanto para explicar acontecimentos que mudaram o rumo da vida dos personagens como também para mostrar como esses personagens eram e o que o tempo fez com eles. Acho fascinante ter a oportunidade de mostrar ao público essa passagem de tempo, os acontecimentos do passado
muitas vezes moldam e justificam quem somos hoje.
Foi difícil dar vida a uma personagem com nuances tão complexas?
- Acredito que atuar é um trabalho que requer desapego e compaixão. Se eu julgar as ações e a forma como a Helena pensa, não vou conseguir viver verdadeiramente a personagem. Me ajudou muito criar um passado, memórias boas e ruins e deixar de lado meus julgamentos e valores
para procurar entender os dela.
De alguma forma, a atriz Isabel Teixeira contribuiu com a construção da sua versão da Helena?
- Sem dúvida a troca com a Isabel me ajudou muito, tivemos alguns ensaios no início do projeto e a oportunidade de conversar sobre nossas interpretações perante uma personagem tão complexa. A Isabel é uma atriz muito dedicada e estudiosa, ela se tornou uma grande referência para mim como artista, já nos primeiros ensaios ela trouxe propostas e conversamos bastante sobre a construção dessa personagem. O que mais me encantou na ideia de passado e presente é analisar o que muda ao longo dos anos, o que se mantém igual e o que se transforma. Nos ensaios brincamos com alguns gestos, trejeitos e posturas, mas também conversamos sobre valores, medos e sonhos que dos 20 aos
50 podem mudar completamente. Lembro que comecei a observar pessoas que eu conheço há anos e tentei analisar essas mudanças sutis, observar o ser humano é uma grande
escola para atores.
Quais são os principais desafios de interpretar uma vilã?
- Para mim, o grande desafio é encontrar e crer nas justificativas que a Helena cria para si. Acredito que ela traz diversos debates muito importantes, já conheci pessoas com discursos e preconceitos muito parecidos aos da Helena e vejo ela como um reflexo de parte da nossa sociedade. Eu busquei referências de vilãs parecidas, geralmente, mulheres muito ricas e que se sentem superiores aos outros,
e foi difícil abrir mão do meu julgamento para me colocar nesse lugar, mas acredito que são essas dificuldades que tornam o trabalho tão interessante.
Existe uma dinâmica única entre os membros do elenco mais jovem?
- O elenco de flashback é outro presente que a novela me deu, com eles eu me sinto à vontade e para muitos ali estamos compartilhando a experiência da primeira novela. Cada um tem uma personalidade única que combina demais com as respectivas personagens, eu fiquei muito feliz com a escolha do elenco jovem. Vejo nesse elenco muita vontade de trabalhar e muita energia também, sempre que
sai uma cena nova nós comemoramos e ficamos muito empolgados. Me senti superacolhida por todos e gostei muito das nossas trocas em cena, eu não conhecia a maioria dos atores e fiquei impressionada com o talento e a dedicação de cada um.
Qual o maior aprendizado deste projeto?
- Aprendi a trabalhar. Muitas pessoas fora desse mercado não têm noção do quão desafiador pode ser fazer uma novela e eu dei sorte de começar com uma personagem que ainda não tem uma carga tão pesada de cenas por semana, assim consigo observar bastante e me preparar para pegar personagens cada vez maiores. Mas, de fato, nenhuma faculdade ou curso me ensinou a trabalhar como essa experiência, é preciso muita disciplina e maturidade para lidar tanto com o trabalho como com as críticas. Vilãs muitas vezes recebem uma resposta intensa do público.
Como você lida com a reação dos telespectadores em relação à sua personagem?
- Eu adoro procurar saber o que o público acha em relação à novela e acredito que a novela é feita para o público. Fico muito feliz quando uma cena minha vai ao ar e as pessoas comentam o que acharam, foi em Elas por Elas que percebi a dimensão do alcance da TV Globo no Brasil e no mundo, essa troca direta com os telespectadores a gente não consegue ter em obras fechadas como filmes e séries. A troca com o público por meio da internet também é algo novo para mim, sei que nem sempre vamos agradar a todos e procuro separar bem o meu trabalho da minha vida pessoal e entender que uma crítica à personagem não necessariamente é uma crítica a mim.
Existe alguma atriz ou obra que tenha influenciado sua abordagem para a Helena?
- Conversando com a Isabel trocamos algumas referências e ela me apresentou novelas antigas com personagens muito parecidas com a Helena como a Bia Falcão em Belíssima, interpretada pela Fernanda Montenegro, Odete Roitman em Vale Tudo, interpretada pela Beatriz Segall e, claro, a
própria Helena na versão de 1982 de Elas por Elas, interpretada por Aracy Balabanian.
Além da novela, há outros projetos futuros nos quais você está envolvida? Se sim, pode nos contar?
- No final do ano passado, eu participei de um longa chamado Subúrbio O, dirigido pela Carolina Paiva. Vivi minha primeira protagonista, uma experiência completamente nova, na qual pude experimentar um ritmo maior e mais acelerado de gravação e tive que confiar muito no meu
trabalho. Ainda não posso dar muitas informações, mas a previsão é chegar aos cinemas ainda neste ano. Além do trabalho como atriz, eu também escrevi e dirigi o curtametragem Teste de Elenco, que está em fase de distribuição e mistura um pouco da minha experiência como atriz com relatos de amigos sobre abusos já sofridos em produções audiovisuais. Até então eu não tinha pretensão de ser diretora, mas a faculdade de cinema a qual estou finalizando acabou me estimulando a experimentar esse universo