Fã é barrada em show de Leonardo e alega preconceito em 'noite de terror': 'Desprezo'
Contigo!
Durante um dos grandes shows promovidos pelo cantor Leonardo, os bastidores de um evento realizado no dia 19 de outubro estava cercado de lágrimas. Leticia Alves se preparou durante meses para ir ao espetáculo Cabaré, mas foi surpreendida com a agressividade de um dos diretores após entrar com seu cão de assistência emocional. Além de não conseguir permissão para conhecer o artista, ela ainda sofreu com a quebra de expectativa: "É algo que eu dividia com a minha irmã que faleceu de câncer há 13 anos". À coluna, a médica veterinária contou mais detalhes da situação constrangedora.
A médica veterinária é Diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TDA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno de stress pós-traumático (TEPT), não conseguiu realizar o sonho de conhecer o artista e ainda levou uma série de questionamentos para casa.
"Eu sou fã do Leonardo desde criancinha. Tipo 3 anos de idade. Lembro quando foi lançado o primeiro CD. Ouvia sem parar. Ouvir Leonardo não é somente sobre ser fã. É sobre memórias afetivas da minha vida. É algo que eu dividia com a minha irmã que faleceu de câncer há 13 anos. Momento qual eu desenvolvi síndrome do pânico e consequentemente parei de conseguir frequentar diversos lugares. Eu nunca consegui ir a um show dele, esse seria o primeiro e eu me preparei mais de um mês para isso. Já estava chorando ouvindo as músicas, pensando na emoção que seria ao vivo, realizando meu sonho de menina", explicou.
Leticia Alves já havia enviado todas as informações de Jackson, seu cão de assistência emocional, para a produção do evento. Um dia antes do show, ela recebeu um documento informando que ele deveria ir de focinheira, o que não consta em nenhuma lei federal: "Ele não é um cão de guarda nem de grande porte. Além de ser um cão de assistência treinado". Ciente de seus direitos, a fã foi ao local e apresentou todas as informações para o diretor, mas foi tratada com indiferença.
"Quando chegamos lá ele veio atender já bastante alterado e grosseiro. Gritando e utilizando palavras de baixo calão. Mal me deixou falar duas palavras, não quis saber e disse que ali eu não entraria. Virou as costas e saiu andando. Disse que se eu quisesse podia chamar a polícia e fazer o que fosse (...) Sem focinheira ele não ia entrar. Minha amiga tentou filmar e ele empurrou o celular dela contra ela com a mão. Xingou dizendo que não seria filmado (...) Foi horrível. Uma pessoa assustadora de tão grosseira. Inclusive os policiais já o conheciam e disseram que ele trata todas as pessoas com esse desprezo", relembrou.
"Não poder entrar por uma situação como essa me fez sentir extremamente frustrada, triste, injustiçada, rejeitada por ser diferente das pessoas 'normais'. O fato de ter TEA, TDAH e TEPT simplesmente me impede de ter uma vida normal por falta de conhecimento das pessoas. Era para eu estar lá me divertindo, realizando meu sonho de menina e tudo virou lágrimas, uma volta para casa com crises de ansiedade. Para um autista, as coisas não acontecerem como ele planeja, imagina e se organiza, provoca um profundo desconforto e uma desregulação que demora dias para passar. Ontem eu estava me sentindo esgotada. Hoje sigo triste. Pensando que eu só queria ter assistido a um show como qualquer pessoa pode fazer. É que eu tinha a ferramenta [cão] para conseguir fazer isso", acrescentou.
A fã do cantor fez questão de explicar que o Leonardo sequer tomou conhecimento sobre a situação e que a responsabilidade é apenas da casa de shows. Com isso, Leticia Alves reforçou que ainda tem o sonho de ir ao show do cantor: "Acredito que o Leonardo nem esteja sabendo do que aconteceu. Além de que ele não tem culpa alguma do que aconteceu. Não se tratou da produção dele e sim da direção da casa de shows (...) Não tinha como esperar atitude de uma equipe que nem sequer estava sabendo o que aconteceu. Se o fato não chegou ao conhecimento da equipe do Leonardo, não tinha como eles tomarem qualquer atitude para me ajudar naquele momento. O que espero é somente conseguir ir a um show dele e ter a oportunidade de conhecê-lo".
"E com certeza eu pretendo ir a um show dele em um lugar que seja possível eu estar confortavelmente. Continua sendo meu sonho ir a um show dele e conhecê-lo. E não deixará de ser. Tanto meu, quanto da minha irmã. E farei por nós duas e nossas memórias afetivas. Sempre que ouço ele, lembro dela. Esse é o tipo de coisa que não se apaga. Luto muito pra realizar sonhos que ela não teve tempo. Não será esse que deixarei para trás", apontou.
Entramos em contato com a equipe do cantor Leonardo, mas até a conclusão do texto não recebemos um retorno.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e apaixonada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko