Jamary estreia nos EUA com Begê Muniz e Eliza Telles à frente do projeto: 'Denunciar as queimadas'
Contigo!

O longa-metragem Jamary, dirigido por Begê Muniz e produzido por Eliza Telles, fará sua estreia mundial no Arlington International Film Festival, nos Estados Unidos, com a presença dos realizadores. Ambientado na floresta amazônica e ancorado nas tradições indígenas, o filme combina fantasia, aventura e consciência ambiental, oferecendo uma história voltada especialmente ao público jovem.
Uma história de reconexão com a natureza
Protagonizado por Ane (Maria Zen), uma influenciadora mirim de 12 anos, o filme acompanha sua jornada pela floresta após um acontecimento misterioso. Lá, ela conhece Anhangá (Eliza Telles), uma criatura mítica da cultura indígena que a alerta sobre as ameaças que rondam o território. A narrativa mistura ação, elementos mágicos e questões urgentes como a preservação ambiental e o respeito às culturas originárias.
Begê Muniz explica que o longa evoluiu bastante em relação ao curta original. No filme, Ane começa totalmente desconectada da natureza, e é Anhangá quem a atrai para a floresta, mostrando sua beleza e também seus problemas. Esse processo desperta na garota um instinto de proteção pelo lugar onde vive, envolvendo coragem e determinação. “Desde as gravações do curta, me caiu a ficha de que aquela história daria um bom longa-metragem; quatro anos depois estamos aqui prontos para a premiere do meu primeiro longa-metragem”, o diretor afirma.
Cultura indígena como fio condutor
A cultura indígena sempre foi central na vida de Begê, tanto como ator quanto como realizador. Ele já gravou em aldeias no Amazonas e no Xingu e, recentemente, se auto declarou indígena de etnia Mura, resgatando e valorizando suas raízes. Para ele, o filme também é uma forma de aproximar o público da cultura amazônica e chamar atenção para a preservação ambiental: “Meu maior interesse é essa aproximação de nossa cultura e a popularização de uma figura como Anhangá, ainda pouco conhecida no país, além de denunciar as derrubadas e queimadas de nossa floresta”.
Desafios e superações na produção
Para Eliza Telles, atuar e produzir um longa pela primeira vez representou um grande desafio, ainda mais considerando o baixo orçamento do filme. A equipe precisou de uma pré-produção organizada, lidar com próteses e maquiagem complexa de Anhangá e conciliar as dificuldades físicas e logísticas. Ela recorda que, apesar de tudo, a experiência trouxe aprendizado e boas risadas: “Mas quando você ama muito o que está fazendo, as dificuldades se tornam superação e boas risadas quando tudo passa”.
Emoção e conexão com o público jovem
Desde o início, a equipe sabia que Jamary precisava emocionar o público jovem sem subestimar sua sensibilidade. Ane começa desligada da floresta e do próprio legado ancestral, muito ligada ao mundo digital. É Anhangá quem transforma essa relação, fazendo com que a menina perceba a natureza como algo vivo, espiritual e essencial. Segundo Eliza, “esse processo de reconexão é o coração do filme, e acho que é o que mais toca quem assiste: lembrar que a tecnologia pode ser ferramenta, mas é na relação com o mundo natural que a gente encontra sentido”.
Trajetória e reconhecimento internacional
Jamary é fruto de uma trajetória consistente de Begê Muniz e Eliza Telles, que começaram com o curta de mesmo nome, selecionado em mais de 60 festivais no Brasil e no mundo, incluindo Festival do Rio, Cine Eco (Portugal) e Cine Vigo (Espanha). O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo da cidade de Manaus e pelo Governo do Estado do Amazonas.
Após marcar presença no Marché du Film 2025, em Cannes, o longa segue agora para sua estreia mundial nos Estados Unidos. Paralelamente, o curta-metragem Nhandê, da mesma dupla, também será exibido, ampliando a presença de seus realizadores no cenário global.
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