Mãe de um menino, Aline Campos relembra julgamentos e olhares desconfiados: Sempre me senti na posição de ter que provar ser uma boa mãe
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Bailarina, atriz, comediante e mãe do Nathan, essa é a Aline Campos, que como toda mãe já enfrentou algum tipo de julgamento e olhar desconfiado na maternidade. Em pleno século XXII ainda vemos muitas mães sendo julgadas por ter que trabalhar e deixar o filho na escola ou, em outros casos, julgadas por ter uma babá que auxilia nos cuidados com o pequeno. Não satisfeitos, também julgam as mães que ficam em casa cuidando dos filhos. Será que um dia isso terá fim?
Neste Dia das Mães, o ESTRELANDObateu um papo sobre a maternidade com a artista, garota-propaganda do Cartão de TODOS, e abordou pontos importantes, como o julgamento e a quebra da romantização da maternidade. Mãe jovem, Aline recordou os olhares que recebia ao deixar o filho na creche para trabalhar:
Fui mãe relativamente jovem. Aos 22 anos estava levando meu filho para creche pra que eu pudesse trabalhar e por muitos anos recebi olhares desconfiados e julgadores. Infelizmente esses olhares, a maioria das vezes, vinham de outras mulheres que, normalmente analisando suas características friamente, viviam em função exclusiva aos seus filhos e presas a um padrão retrógrado e machista da sociedade. Como desde sempre trabalhei com tv, isso também era levado em consideração nesses olhares, acho que muitas desconfiavam que eu poderia ser uma boa mãe mesmo sendo mais jovem que a maioria delas e trabalhando com o que eu amava.
Ela contou que essa atitude gerou uma necessidade em mostrar que era uma boa mãe:
Eu sempre me senti na posição de ter que provar com o máximo de sabedoria possível ser uma boa mãe, e isso resultou em dois pontos, um positivo e outro negativo. O positivo foi que eu amadureci muito em todos os aspectos, pois não queria que meu filho sofresse preconceito por causa da mãe pré-julgada que ele tinha na época. O negativo foi a sobrecarga e o peso de não simplesmente poder ser e aprender naturalmente, mas de ter que estar sempre cuidando para que os pensamentos distorcidos fossem revertidos ao que eu realmente merecia como mãe. Não adianta, principalmente quem nunca teve a oportunidade de ser mãe nunca vai entender o que é assumir essa posição e responsabilidade! Antes de ser mãe eu pensava que seria de um jeito, mas quando isso vira realidade a gente desmistifica tudo! E falando assim parece ruim ser mãe, mas pelo contrário! É uma benção que quando enviada como missão divina, pode nos potencializar muito como mulher e ser humano, além de nos conectar com um amor avassalador, refletindo no olhar com relação ao outro. Nasce uma mãe e com ela amor incondicional, compaixão, generosidade e muitos outros aprendizados.
Se os pré-julgamentos ainda não foram quebrados, a romantização da maternidade sim e, na visão de Aline, isso está sendo de extrema importância:
É fundamental para uma troca sincera, gerando aprendizados e livramentos de culpas. Para mim é de extrema importância encontrar as mães dos amigos do meu filho e trocar experiências sobre eles! Isso sem dúvidas me coloca a par do momento e características comuns de cada fase, me trazendo mais paz interior e direcionamento para os próximos passos. Claro que existem casos e casos, mas sempre será desafiador gerar e amparar uma nova vida de sua responsabilidade, disse.
Além de lidar com as dificuldades da maternidade, Aline, como toda mãe, também tem que lidar com a questão da educação e dialogo com o filho, que está na adolescência:
Converso sobre tudo com meu filho e passo meus princípios e meu olhar sobre a vida. Não o privo de enxergar a realidade do mundo, deixar claro que ele é privilegiado em vários aspectos e que o respeito a qualquer ser vivo é a base para que ele se torne um cara que fará a diferença de forma positiva no mundo. Converso sobre menstruação, sexo ( com muita cautela em cada fase da vida dele), e tudo o que envolve olhar ao próximo com respeito. Incentivo ele a brincar com o que e com quem ele quiser, sem se limitar a padrões: menino e menina. Mas o mais importante disso tudo é o exemplo que damos na prática. Não adianta falar, dar sermão, se na prática, no dia dia ele não enxerga o que é ensinado.
Como toda relação entre mãe e filho, a artista também encontra conflitos no meio do caminho, mas isso não é um problema, já que ela enxerga com uma maneira de aprendizado:
Toda relação verdadeira tem seus conflitos. Ainda mais de uma mãe com um filho adolescente. Somos seres individuais, por mais que eu o crie, com o apoio do pai que também sempre esteve presente, nosso filho tem as características e personalidades dele! E isso não podemos e nem devemos querer modificar. Portanto sim, muitos conflitos e divergências de pensamentos acontecem e sempre acontecerão! Se não fosse assim eu acharia estranho rs. Acho importante também esses momentos de discórdias, pois podemos ouvir e entender outro ponto de vista que muitas vezes faz mais sentido do que o nosso! Essa é a magia em ser mãe e pai, se permitir também aprender com nossos filhos, pois com toda sua jovialidade e frescor eles tem sempre muito a nos ensinar, falou.
Realizada como mãe, Aline contou que o filho já pediu um irmãozinho, mas agora não pede mais:
Nathan quando era pequenininho pediu. Agora ele nem toca no assunto. Na verdade ele tem um irmãozinho amado por parte do pai, o João. Aqui em casa ele tem 16 gatos e dois cachorros. Não penso em ter mais filhos, não tenho nem pai pra fabricar. Mas não me fecho pra nada na vida, pois com toda minha experiência e por me conhecer, sei que a vida muda a cada folha que cai das árvores. Já me realizei como mãe. O futuro é de Deus, afirmou.
No final da entrevista, Aline refletiu sobre a mudança das mulheres na sociedade:
Acho que cada vez mais o movimento das mulheres que descobriram que podem ser melhores mães sem deixar de ser quem querem ser e de fazer o que amam, vem ganhando espaço e inspirando outras mulheres a ampliar o olhar também. Sem dúvidas o debate sobre esse assunto vai trazendo mais clareza e novas perspectivas para o posicionamento das mulheres na sociedade em todos os aspectos, fazendo com que os homens com pensamentos retrógrados machistas comecem a acordar também.
E, encerrou, afirmando que acredita no poder de todas as mulheres:
Eu acredito muito no poder da mulher de que quando quer fazer e se transformar em qualquer coisa, ela consegue! Que possamos nos unir para aprendermos umas com as outras, nos fortalecermos e quebrarmos os muitos padrões que ainda estão enraizados para que então isso naturalmente acorde os homens adormecidos numa zona de conforto.
O Portal ESTRELANDO deseja um feliz e especial Dia das Mães para todas!