Klara Castanho faz primeira aparição após ser vítima de abuso; psicólogo analisa traumas vividos por ela
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No último sábado, 4, Klara Castanho fez a primeira aparição pública após o vazamento de história pessoal no ano passado, no programa Altas Horas. “Fui forçada a trazer a público a coisa mais difícil da minha vida”, desabafou no programa da TV Globo.
A atriz revelou que foi estuprada, engravidou e decidiu entregar o bebê para adoção. “As pessoas foram muito gentis comigo. Por mais que as pessoas não entendam, as pessoas escolheram respeitar a minha decisão. Depois que vim a público, mais uma, de forma forçada, denunciei todos os crimes. O que me resta é confiar na Justiça, e eu confio muito”, disse.
O psicólogo Alexander Bez comentou sobre as marcas que vítimas como Klara carregam após serem vítimas de abuso.
“Um trauma psicoterápico que demanda aplicação, foco, determinação e resistência interna por parte da vítima. Lógico que qualquer mulher estuprada quer se recuperar, a vontade é completamente inerente ao seu aparelho psíquico. O estupro acarreta consequências negativas inimagináveis, os resultados são imprevisíveis para cada mulher. O processo de recuperação é essencialmente psicoterápico, e em milhares de casos interação medicamentosa, com ansiolíticos e antidepressivos. Estipular tempo é impossível, mas muitas levam de uma a duas décadas de recuperação.", disse.
O especialista continuou: "Os traumas irão repercutir individualmente em cada vítima, precisando respeitar seu tempo mental e psicológico. A cicatriz vai ficar, mas um tratamento bem realizando, sem pressa e sem atenção cronológica, é fundamental.".
"Há casos em que o acompanhamento é para a vida toda, há outros em que precisará de uma manutenção e acompanhamentos mais moderados. Mas usualmente o tempo médio de recuperação e processamento do trauma é de ao menos uma década. No caso dela é um pico pior, porque há julgamentos externos. Agrava o caso”, disse.
O psicólogo disse que esse tipo de situação pode acarretar em uma dificuldade em se relacionar com outra pessoa após o trauma.
“Potencializa e muito a rejeição emocional, sentimental e, fundamentalmente, a interação íntima-sexual. Genitalmente falando, a mulher se sente machucada, ferida. É uma dor vivenciada e 'revivenciada' todos os dias. A paciência de um futuro companheiro terá que ser determinante. E nos casos de estupro, só a vítima saberá dizer quando estiver pronta para engatar em uma nova relação a dois”, comentou.
Alexander Bez (psicólogo) - Especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM); Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA); Especialista em Saúde Mental. Atua na profissão há mais de 27 anos.