A vez que Stuart Little ajudou a resolver um enigma policial de mais de 80 anos
Recreio
Lançado em 1999, “O Pequeno Stuart Little” acompanha as aventuras do simpático ratinho branco que dá título ao filme após ser adotado por uma família de humanos. Isso porque, além do amor que recebe dos Little, o roedor precisa lidar com os planos do gato da família, Snowbell, que pretende se livrar dele de qualquer forma.
A trama, comandada por Rob Minkoff (O Rei Leão), ganha forma através das atuações de Michael J. Fox (Stuart Little), Geena Davis (Eleanor Little), Jonathan Lipnicki (Geroge Little), Nathan Lane (Snowbell) e muitos outros.
Vale destacar que a história divertida, que permeia os gêneros de comédia e aventura para apresentar uma metáfora sobre a aceitação da diversidade, se tornou um clássico infantil, fazendo parte do primeiro contato com o cinema de diversas crianças até hoje, quase 25 anos depois de sua estreia, ou ainda, da programação dos mais nostálgicos, que não abrem mão de um filme conforto.
Mas além da mensagem do enredo, que é capaz de ensinar lições valiosas, e da trama, que arranca gargalhadas, o que alguns podem não imaginar, é que o longa-metragem se tornou peça fundamental para solucionar um enigma policial que perdurou por mais de 80 anos: o desaparecimento de um quadro raro de um pintor húngaro.
O QUADRO DESAPARECIDO
Intitulado “Woman With a Black Vase” (‘Mulher com um Vaso Preto’, em tradução livre), o quadro do artista Róbert Berény (1888-1953), um dos mestres da vanguarda húngara do entre-guerras, foi dado como perdido durante os anos 1920, como explica o portal G1.
O caso ficou sem solução até 2009, quando, por acaso, o historiador de arte Gergely Barki, pesquisador da galeria nacional da Hungria, percebeu que a obra de arte fazia parte do cenário de uma das cenas do filme.
Isso porque, no momento em que a família Little se reúne para tirar uma fotografia usando vestes formais, existe um quadro pregado na parede atrás deles, o qual Barki reconheceu, já que havia visto uma foto antiga em preto e branco datada de 1928 antes.
Não pude acreditar no que vi quando vi a obra-prima há muito perdida de Bereny na parede atrás de Hugh Laurie. Quase derrubei Lola [filha de Barki, com quem ele assistia ao filme] do meu colo”, relatou o historiador em entrevista ao jornal britânico The Guardian em 2014 (via Aventuras na História).
“Um pesquisador nunca tira os olhos do trabalho, mesmo quando assiste a filmes de Natal em casa”, acrescentou Barki.
Logo após, Barki tentou contato com a equipe dos produtores do filme, que incluíam a Sony Pictures e Columbia Pictures, enviando diversos e-mails, que só foram respondidos dois anos depois de sua primeira mensagem.
A resposta veio por meio de uma ex-cenógrafa do longa-metragem, conforme explicado por Barki, que contou a ele que a tela havia sido comprada por um valor irrisório, já que a compra foi feita em uma loja de antiguidades por US$ 500, cerca de RS 2.460,55, na cotação atual.
Ela [ex-cenógrafa] disse que a pintura estava pendurada em sua parede", explicou. "Ela o comprou por quase nada em uma loja de antiguidades em Pasadena, Califórnia, pensando que sua elegância de vanguarda era perfeita para a sala de estar de ‘Stuart Little’."
Segundo o G1, Barki contou que há a possibilidade do quadro ter sido adquirido no pré-guerra por um colecionador judeu que teria fugido para os Estados Unidos.
Alguns anos depois, em 2014, o quadro foi colocado para venda em um leilão em Budapeste, onde foi arrematado por 229.500 euros (cerca de R$ 1.226.485,97, na cotação atual).