Depois de Branca de Neve: Por que a Disney demorou tanto tempo para lançar outro filme de princesa?
Recreio
Sendo o primeiro filme animado no formato longa-metragem lançado na história do cinema, “Branca de Neve e os Sete Anões” chegou às telonas no ano de 1937, arrancando uma chuva de elogios vindos do público e da crítica especializada.
O sucesso da produção foi tanto que, 85 anos depois, a animação acumula mais de 418 milhões de dólares em bilheteria internacional — sendo que, na época em que foi desenvolvido, o longa custou aos estúdios Disney uma verba de 1,5 milhão de dólares.
A estreia do filme sobre a primeira princesa criada por Walt Disney marcou o início da chamada “Era de Ouro”, período que marca grandes conquistas inovações realizadas pela Casa do Mickey em suas produções, como o aperfeiçoamento de técnicas de animação, a criação do Fantasound System, os primeiros prêmios do Oscar, e muito mais.
Durante a Era de Ouro, também foram lançados filmes como “Pinóquio”, “Bambi”, “Dumbo” e “Fantasia”, longas que se tornaram clássicos da Disney. No entanto, durante todo esse período, nenhum filme de princesa foi divulgado além de Branca de Neve.
Até que um novo conto de fadas ganhasse sua estreia, o público precisou esperar exatos 13 anos, até a chegada de “Cinderela” em 1950. Mas, por que isso aconteceu?
Período de guerra
A Segunda Guerra Mundial é a grande responsável por essa grande demora na estreia de um novo filme de princesas na Disney. No ano de 1941, os Estados Unidos entraram oficialmente no conflito, e a nação não estava demonstrando interesse em filmes sobre contos de fadas — afinal, o seu país estava em guerra.
Além disso, conforme dito no livro “Disney Princess: Beyond the Tiara: The Stories. The Influence. The Legacy.”, dos autores Emily Zemler e Jodi Benson, as tropas americanas requisitaram parte dos estúdios da Disney em Burbank durante o confronto, onde todos que trabalhavam ali acabaram ajudando nos esforços do confronto.
Foi nessa época em que a Disney lançou propagandas militares para incentivar a população a defender sua nação com participações de personagens como o Pato Donald, além de desenvolver filmes para treinamento militar, insígnias e até mesmo curtas educativos.
Com o país em guerra, seus funcionários servindo ao exército, e a falta de interesse do público em suas produções devido à situação do país, o estúdio chegou ao final do confronto com uma dívida acumulada de 4 milhões de dólares, e estava à beira da falência.
Dessa forma, Walt Disney decidiu que estava na hora de se arriscar novamente, e repetir a fórmula de sucesso lançada em 1937: um novo filme de princesa.
“Todas as coisas que Walt tentou por sete anos não tinham realmente acontecido por um motivo ou outro, ele teve que voltar para algo que era o mais infalível que ele poderia fazer: algo como Branca de Neve — uma linda jovem em apuros, um conto de fadas — e popular.", relembra o animador Frank Thomas no livro ‘Disney Princess: Beyond the Tiara’.
Uma luz no fim do túnel
“Cinderela”, a próxima aposta da Disney, começou a ser produzida no ano de 1948, adaptando um conto francês escrito por Charles Perrault, e que levava o mesmo nome. Devido aos problemas financeiros enfrentados pelo estúdio, era necessário que a animação permanecesse com os custos baixos, e o longa da Gata Borralheira foi finalizado com um orçamento de 2,9 milhões de dólares.
Mas os planos de Walt Disney não poderiam ter dado mais certo. A estreia de “Cinderela” em 1950 foi um enorme sucesso, conseguindo salvar o estúdio da falência. Hoje, a animação acumula mais de 263,6 milhões de dólares, e já contou com relançamentos nos anos de 1957, 1965, 1973, 1981 e 1987, além de receber duas sequências, “Cinderella II: Dreams Come True”, em 2002, e “Cinderella III: A Twist in Time”, em 2007.