Por que o português do Brasil e de Portugal são diferentes?
Recreio
Quem já ouviu alguém falar em português de Portugal deve ter percebido que o idioma usado pelos colonizadores é bem diferente do nosso. O ritmo da fala e a pronúncia das palavras são diferentes, além de existirem termos e expressões em uma variação que não existe na outra.
Quando o Brasil foi colonizado pelos portugueses, a partir do século 16, o idioma trazido por eles recebeu influências dos idiomas falados pelos povos indígenas que já habitavam o território. A língua portuguesa se misturou com as diversas línguas indígenas, principalmente o tupi, chamado de língua geral, que era usado na comunicação entre portugueses e indígenas.
Assim, muitas palavras de origem indígena fazem parte do nosso vocabulário cotidiano. Várias delas são ligadas a alimentos, plantas e animais, como abacaxi, mandioca, tatu, gambá, pipoca, cupuaçu, cacau, tamanduá, sabiá e samambaia.
Mais tarde, o português falado no Brasil recebeu a influência dos idiomas africanos, por meio dos povos trazidos ao nosso país como escravos. Palavras como farofa, acarajé, fubá, moqueca, axé, cafuné, moleque, muvuca e cachimbo são de origem africana.
Os imigrantes que se instalaram no Brasil, vindos de diversas partes do mundo, também contribuíram para as mudanças do idioma. A partir dessa grande mistura, surgiu o português que utilizamos hoje. Além disso, no século 18, aconteceram muitas mudanças fonéticas no português de Portugal, que não ocorreram aqui no Brasil. Isso gerou ainda mais diferenças entre as duas línguas.
No português brasileiro, pronunciamos as vogais de forma mais aberta, e falamos com um ritmo cantado. Nós costumamos substituir o som de "l" pelo "u" em palavras como papel — pronunciamos "papeu". Já no português de Portugal, a palavra teria destaque na pronúncia do "l". Da mesma forma, os brasileiros costumam substituir o "o" pelo "u", como em martelo — falamos "martelu".
As formas como algumas palavras são empregadas nas frases também são diferentes. Em Portugal, o mais comum é a pessoas dizerem "dá-me aquele caderno", enquanto por aqui dizemos "me dá aquele caderno". O gerúndio, muito usado no Brasil, como em "estou esperando você", em Portugal seria "estou a esperar por você".
O português de Portugal também apresenta diversas palavras que não temos no Brasil. Guarda-redes, por exemplo, quer dizer goleiro. Alcunha é o mesmo que apelido e fazer o pino significa plantar bananeira.