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M3GAN é terror e galhofa na medida certa (Crítica)
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M3GAN é terror e galhofa na medida certa (Crítica)

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Tecmundo
25/01/2023 19h30
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Fazer filmes com bonecos assassinos não é uma temática nova em Hollywood. Na verdade, desde o primeiro filme da franquia Anabelle, o cinema de terror não se empolgava tanto com uma produção desse naipe como no recente M3GAN, mesmo que nos últimos dois anos a série de Chucky tenha sido muito elogiada - e com razão.

Mas vale a pena investir seu tempo e dinheiro para assistir o filme da nova boneca do terror no cinema? Confira nossa crítica do longa-metragem, que está em cartaz atualmente no Brasil.

Uma trama comum

Ao passo que abraça o horror galhofa, M3GAN ainda consegue se manter um pouco mais "pé no chão", se é que isso é possível. Afinal de contas, a temática principal desses filmes são bonecos assassinos repletos de sarcasmo.

No filme, a pequena Cady (Violet McGraw) se torna órfã após sofrer um acidente de carro com seus pais. Após o incidente, sua tia Gemma (Allison Williams), assume a guarda da criança e tenta trazer normalidade para a menina enquanto precisa focar em seu trabalho. A personagem de Williams atua como uma roboticista, desenvolvendo brinquedos de ponta para uma grande empresa.

Nesse meio tempo, ao tentar conciliar sua vida como responsável pela menina, Gemma vê a oportunidade de colocar um projeto ambicioso em prática: dar um androide super avançado, equipado com uma poderosa Inteligência Artificial, chamando o produto de M3GAN (utilizando movimentos da atriz Amie Donald) para cuidar e proteger Cady. Nem é preciso dizer que as coisas fogem do controle: o robô se torna uma máquina de matar impiedosa.

Nada é tão adorável quanto uma criança inocente e um robô psicopata.Nada é tão adorável quanto uma criança inocente e um robô psicopata.Fonte:  Universal/reprodução 

Olhando por essa perspectiva, M3GAN não parece ser nada demais — e de fato, não é. O roteiro se debruça por arquétipos clássicos do terror, trazendo os conceitos tecnológicos mais recentes para se apoiar. A grande sacada do longa é que a escrita e a direção funcionam tão bem, que dão o ritmo certo para o filme funcionar. M3GAN não tenta inovar como uma produção nunca antes vista sobre bonecos assassinos, pelo contrário, repete fórmulas que deram certo e abraça a tosqueira por completo.

A galhofa recente de James Wan e Akela Cooper

Todo esse funcionamento tem uma explicação muito simples: James Wan e Akela Cooper. Wan já é amplamente conhecido por ter criado as franquias Jogos Mortais, Invocação do Mal e Supernatural, ou seja, não é difícil de dizer que o diretor é "a cara" do terror da última década. Por outro lado, Cooper só ganhou mais notoriedade nos últimos anos ao escrever, ao lado de Wan, o roteiro de Maligno - um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.

Com uma dupla de roteiristas já em sintonia para criar um enrendo totalmente galhofa, M3GAN não tem medo ser irreverente, contar piadas idiotas, e agir com a falta de senso de vergonha alheia na maior parte do tempo. O filme certamente ainda tenta atingir um tom mais sério nos primeiro ato, quando a relação entre Gemma e Cady está sendo construída. Porém, assim que a androide é apresentada ao público, o filme vira a chave.

Com 1h42 de duração, a história consegue ser contada sem muitas pontas desnecessárias, embora toda a apresentação da robô seja um tanto quanto longa. Com todo esse tempo de filme, a "ação" só começa lá para os 50 minutos, mas não pense que toda essa minutagem é sem graça.

M3GAN se equilibra com um humor sarcástico

Desde os trailers, um dos principais, senão o principal ponto de M3GAN, é o senso de humor que a androide tem, desde as dancinhas até as respostas ácidas. Quando o filme não está mostrando mortes, o longa acompanha a parte caricata da vilã e isso, mais do que os assassinatos, dá graça para a experiência do expectador, da mesma maneira que os diálogos bestas do Chucky servem como um combustível para o filme ser tão divertido.

No entanto, é bom alertar. M3GAN não é e nem finge ser um terror como Anabelle ou até Chucky, embora as comparações sejam inevitáveis. Jumpscares, mortes horrendas, violência mais explicita, sangue jorrando e tripas não aparecem no filme. Esses componentes não aparecem justamente por essa não ser a proposta do título dirigido por Gerard Johnstone. Para gostar de M3GAN é preciso, primeiro, comprar a proposta de um filme de terror que não pretende se levar a sério.

Gerard Johnstone deve ganhar mais notoriedade com M3GAN, enquanto a roteirista Akela Cooper já parece pensar em uma sequência.Gerard Johnstone deve ganhar mais notoriedade com M3GAN, enquanto a roteirista Akela Cooper já parece pensar em uma sequência.Fonte:  IMDb/reprodução 

Johnstone não faz um trabalho incrível, é preciso enfatizar. Mas o cineasta ainda consegue fazer o necessário para que a filmagem e as atuações sejam bem feitas ao ponto do filme não parecer ridículo demais, nem realista demais. A boneca M3GAN até chega a trazer uma discussão sobre como a tecnologia pode substituir o papel dos pais nos cuidados das crianças, com a direção e o roteiro apontando para esse debate em alguns momentos, mas a tônica do filme não se prende a isso e rapidamente a pauta é esquecida.

Cena da dancinha não empolga tanto, mas ainda é uma sequência bem divertida.Cena da dancinha não empolga tanto, mas ainda é uma sequência bem divertida.Fonte:  Universal/reprodução 

Mesmo que seja repleto de acertos, M3GAN deixa a desejar nas mortes, e é possível sentir que cortes foram feitos para suavizar o longa. Inclusive, a página do IMBd aponta que a contagem de corpos final seria maior, mas o estúdio precisou tirar cenas por conta da classificação indicativa. M3GAN não tem nenhum grande assassinato memorável, mas diverte com o que tem. A escrita caricata e sarcástica da androide é o ponto de equilíbrio para essa falta de sangue.

Infelizmente, o marketing do filme acabou entregando as principais cenas do título, como a dancinha, que é uma cena bem mais curta do que eu esperava. É entendível o motivo pela qual Universal Pictures e a Blumhouse tomaram essa decisão, já que vender um filme de terror sobre uma boneca assassina em 2023 não deve ser tão simples. Porém, aparentemente a tática deu certo, já que o longa soma mais de US$ 100 milhões de bilheteria mundial, com um custo de apenas US$ 12 milhões.

Vale a pena assistir?

Com boas atuações, uma direção concisa, terror e galhofa equilibrados e um roteiro que sabe bem até onde ir, M3GAN é uma grata surpresa para começar 2023. O filme é um prato cheio para quem ama um bom terror besta, e é uma excelente opção para ir ao cinema pela primeira vez neste ano.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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