Sound of Freedom: conheça a história real por trás do polêmico filme
Tecmundo
O filme independente Sound of Freedom, dirigido pelo mexicano Alejandro Monteverde, tem feito muito sucesso desde seu lançamento, nos Estados Unidos. O longa-metragem está gerando muita repercussão pelo fato de que a história contada no drama se baseia em eventos que realmente aconteceram.
O longa tem angariado uma grande bilheteria, mas tem também provocado muita polêmica. Em parte, por causa do seu tom fortemente religioso, mas também porque há acusações de que o filme difundiria teorias conspiratórias (algumas delas ligadas à QAnon, teoria da conspiração de extrema-direita, criada e difundidasnos Estados Unidos), o que favorecia à propagação da desinformação.
Neste texto, você confere qual é a história real que inspirou a trama de Sound of Freedom, com base nas informações divulgadas pela produção.
(Fonte: Santa Fe Films)
O diretor Alejandro Monteverde declarou que a ideia do filme veio a ele como um "chamado". Ele disse ter escrito o roteiro em 2017, depois assistir a um noticiário noturno que falava sobre tráfico de crianças. “Eu assisti e não consegui dormir. Eu sabia sobre o tráfico humano. Eu só não sabia sobre o tráfico de crianças para exploração sexual", contou para a revista Vanity Fair.
No dia seguinte, Monteverde contatou o roteirista Rod Barr. Juntos, eles criaram um roteiro fictício baseado na história de um homem rico que descobre um comércio clandestino de crianças exploradas sexualmente, e que começa a comprar essas crianças de volta. Só que, no meio do caminho para um novo filme, um produtor perguntou se Monteverde já tinha ouvido falar de Tim Ballard, um ex-agente de segurança que fundou a Operation Underground Railroad (OUR), para resgatar crianças traficadas.
Pesquisando no Google, ele descobriu mais detalhes sobre a vida e a história da organização. Em parceria com o governo colombiano, a OUR teria resgatado 123 pessoas traficadas, entre elas 55 crianças.
(Fonte: GettyImages)
Nascido na California, Tim Ballard é autor de vários livros e pai de 9 filhos (2 deles adotados). Ele fundou em 2013 a organização sem fins lucrativos Operation Underground Railroad (OUR), à qual atribui o resgate de milhares de vítimas do tráfico.
Ao longo de sua vida, ele participou de várias missões em diferentes países enquanto trabalhava no Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos. Ballard chegou a se passar por um turista sexual para se infiltrar em uma quadrilha de tráfico sexual infantil em Cartagena, na Colômbia, o que levou à libertação de várias crianças.
Contudo, Ballard teria se frustrado com a forma ineficiente pela qual esse trabalho era concretizado, e resolveu agir de maneira independente. A OUR foi criada para poder realizar este objetivo.
Com o apoio de doações privadas, a OUR teria feito o resgate de muitas vidas, mas também enfrentado muitos obstáculos legais pelo caminho, uma vez que atua em países com funcionamentos e legislações específicas. Tim Ballard relatou ter passado várias vezes por obstáculos e encontrado muita resistência com as autoridades locais.
(Fonte: PBK News)
Entretanto, o trabalho de Jim Ballard na Operation Underground Railroad não ficou imune a críticas e polêmicas. Há uma acusação permanente sobre a falta de transparência na organização, não deixando claro como a OUR é sustentada e quais são os interesses por trás dela.
Em 2020, dois jornalistas da Vice começaram a investigar a OUR e Tim Ballard. Eles denunciaram que a organização faria uma exploração midiática dos sobreviventes. Em suas palavras, a OUR seguiria "um padrão de polimento de imagem e construção de uma mitologia baseada em exageros que, no fim das contas, são bem enganosos". Em seguida, os jornalistas alegaram que as missões seriam "desastradas - boa parte delas realizadas por agentes imobiliários e doadores ricos que estariam mais interessados em criar vídeos emocionantes com as vítimas".
Outra acusação sofrida por Sound of Freedom seria a de que o filme se une a teorias de conspiração da QAnon, que surgiram em 2017 e desde então só se popularizaram. Segundo explicou o The New York Times, o QAnon espalha a crença de que haveria um "grupo de elite de adoradores de Satanás que dirigem uma quadrilha de sexo infantil e que está tentando controlar nossa política e nossa mídia”.
Isso gerou uma onda de postagens de pessoas em suas redes sociais falando de tráfico de crianças e difundido teorias malucas. Dentre as pessoas que seriam pertencentes a este grupo nefasto, estariam celebridades como Tom Hanks, Oprah Winfrey e o Papa Francisco.
Para completar toda essa polêmica, o filme foi exibido para o ex-presidente Donald Trump em uma sessão especial no seu clube de golfe, com a presença de Tim Ballard e Jim Caviezel (que o interpreta no filme). Independente de toda essa repercussão negativa, Sound of Freedom já ultrapassou a casa dos US$ 130 milhões de bilheteria e deve crescer ainda muito mais.