Máfia do Apito: o escândalo que abalou o futebol brasileiro
Aventuras Na História
Nos últimos dias, a Operação Penalidade Máxima vem agitando o mundo do futebol. Com o trabalho iniciado pelo Ministério Público de Goiás, descobriu-se um esquema de corrupção esportiva nos principais campeonatos de futebol do país.
A manipulação acontecia com o aliciamento de jogadores para realizarem ações específicas durante os jogos: como cometer uma falta proposital para receber um cartão amarelo. Em troca, os esportistas eram contemplados com grandes quantias de dinheiro.
Até o momento, a Operação Penalidade Máxima já tem 53 jogadores citados nominalmente em provas; alguns deles, aliás, de elencos de clubes da elite do futebol brasileiro, como o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos Futebol Clube.
Embora o esquema tenha caído como uma bomba fora das quatros linhas, esta não é o único escândalo de apostas esportivas envolvendo o futebol brasileiro. Em 2005, a Máfia do Apito virou caso de prisão e mudou o campeão do Campeonato Brasileiro daquele ano. Relembre!
Placar assertivo
Uma matéria publicada pela revista Veja, em 23 de setembro de 2005, ganhou repercussão nacional ao jogar uma bomba no cenário do futebol brasileiro: o árbitro Edílson Pereira de Carvalho, que fazia parte do quadro da FIFA, recebia 10 mil reais para manipular resultados de jogos; o que permitia apostadores a lucrarem com plataformas esportivas.
Na manhã seguinte da vinculação da reportagem, escrita pelo jornalista André Rizek, Edilson Pereira foi preso em sua casa, em Jacareí, no interior de São Paulo. Investigações posteriores também foram responsáveis pela prisão de outro árbitro, Paulo José Danelon, e do empresário Nagib Fayad, o "Gibão", que seria o mentor da Máfia do Apito.
Como consequência, recorda matéria do Globo Esporte, as 11 partidas apitadas por Edilson foram anuladas e os jogos tiveram de ser refeitos — o que favoreceu o Corinthians, que acabou sendo campeão daquela edição.
O alvinegro paulista, então, pôde enfrentar novamente dois de seus rivais: o Santos e o São Paulo. Na partida anulada contra a equipe da Vila Belmiro, o Timão havia sido derrotado por 4x2, mas venceu o jogo remarcado por 3x2. Contra o tricolor paulista, a derrota por 3x2 virou um empate por 1x1.
Com os quatro pontos a mais, o Corinthians ultrapassou o Internacional, de Porto Alegre, em três pontos. Caso os placares tivessem sido mantidos, o colorado seria campeão com um ponto a mais.
Um fato curioso é que os gaúchos tiveram a chance de serem campeões mesmo com o rival conquistando os pontos a mais. Em 20 de novembro daquele ano, os alvinegros e colorados empataram por 1x1 em jogo disputado no Pacaembu. A partida ficou marcada por erro grotesco de arbitragem, que não assinalou um pênalti claro para os gaúchos.
As consequências
Conforme recorda matéria do portal Ludopédia, Edílson Pereira de Carvalho e José Danelon foram afastados e banidos do quadro pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Além disso, ambos foram denunciados pelo Ministério Público por formação de quadrilha, estelionato e falsidade ideológica — assim como Fayad.
Dois anos após o escândalo, o Desembargador Fernando Miranda, do Tribunal de Justiça de São Paulo, suspendeu a ação penal. Em 20 de agosto de 2009, o TJ-SP julgou improcedente a ação penal, entendendo que os atos não tinham quaisquer tipificações na esfera criminal.
A Máfia do Apito serviu para que, em 2010, fraudes esportivas fossem tipificadas como crimes com a inclusão de um artigo no Estatuto do Torcedor. O artigo 41-C aponta que "solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado" é passível de reclusão entre dois a seis anos e multa.