Senna: Veja os bastidores da rivalidade de Ayrton com Alain Prost
Aventuras Na História
'Senna' estreou na última sexta-feira, 29, e já é a produção mais assistida dentro da Netflix por brasileiros. A trama, dividida em seis episódios, relembra a trajetória do ídolo da Fórmula Um, Ayrton Senna.
Misturando realidade e ficção, a minissérie nos leva desde a infância de Ayrton até o trágico acidente que tirou sua vida no GP de San Marino, em 1º de maio de 1994. 'Senna' também passa pela vida pessoal do piloto e ainda mostra os bastidores da F1.
Um dos temas tratados na série é a lendária rivalidade entre Ayrton e o francês Alain Prost — na ficção, Gabriel Leone dá vida ao brasileiro enquanto Prost é vivido pelo francês Matt Mella.
A 'Guerra Fria' entre os dois começou quando eles ainda eram companheiros de equipe na McLaren, entre 1988 e 1989 (quando cada um ganhou um campeonato mundial; Senna no primeiro ano e Alain no segundo). Mas o que motivou a rivalidade entre os pilotos? Entenda!
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Senna x Prost
Tetracampeão mundial de Fórmula Um, o francês Alain Prost se tornou parceiro de Ayrton Senna na McLaren em 1988. Aquela altura, ele já havia conquistado dois títulos pela categoria (em 1985 e 1986, sendo os outros dois no já citado ano de 1989 e também em 1993). Vale ressaltar, ainda, que foi o francês quem indicou Senna para a escuderia.
Mas, então, como a rivalidade entre os dois começou? Conforme mostra a Netflix, a relação entre os pilotos foi rompida totalmente no Grande Prêmio de San Marino, em 1989, a segunda provada daquela temporada. A corrida foi vencida por Ayrton.
Conforme mostra a trama, a ruptura entre eles ocorreu após uma quebra de acordo. Ayrton e Prost haviam combinado que quem terminasse a primeira curva na liderança da corrida, não poderia ser ultrapassado até o fim da primeira volta.
Na ocasião, porém, Alain entende que Ayrton não cumpriu o combinado após ultrapassá-lo durante uma relargada; o que gerou uma discussão entre os companheiros de equipe. O brasileiro, por sua vez, rebateu o rival e apontou que o tal acordo não valeria naquela situação.
Caso isso continue, vou cair fora desta merda de equipe", Prost (Mella) desabafa.
A situação ficou ainda pior após a publicação de uma entrevista dada por Prost a uma revista. Na publicação, o francês chama o brasileiro de "traidor", conforme mostrado na série. "Tenho certeza de que não posso confiar em você", disse à Senna logo na sequência.
O início da rivalidade
Mas ao contrário da ficção, a rivalidade entre os pilotos não começou após a quebra do acordo. Na temporada, passada, a qual Senna conquistou o primeiro dos seus três títulos mundiais, os bastidores da McLaren já sofriam um clima animosidade.
Conforme descreve Ernesto Rodrigues em 'Ayrton: O Herói Revelado', na temporada de 1988, Alain Prost passou a desconfiar que a McLaren cedia os melhores motores para o carro do brasileiro.
Já no GP de Suzuka, disputado em 22 de outubro de 1989, outro episódio entre os dois ajuda a entender a 'Guerra Fria' que viviam nos bastidores da McLaren: naquela ocasião, Prost conseguiu seu terceiro título mundial após uma corrida polêmica.
Conforme recorda o Globo Esporte, embora Prost fosse líder do campeonato, Senna precisava vencer no Japão e ser o primeiro na próxima corrida, em Adelaide (Austrália), para ser campeão.
Para evitar ser ultrapassado, Prost bateu em Senna e os dois saíram da pista — visto que o duplo abandono daria o título ao francês. Ayrton, porém, conseguiu retomar a prova e após uma série de imprevistos, ainda foi o vencedor da corrida. A direção de prova, no entanto, considerou que ele fez uma manobra perigosa e o desclassificou.
No ano seguinte, em cenário semelhante, só que em vantagem para Senna, o brasileiro acabou batendo em Prost ainda na primeira volta. Os dois deixaram a corrida e Ayrton se tornou bicampeão mundial de Fórmula Um.
Amigos e rivais
Prost se aposentou em 1993 e passou a ficar muito mais próximo de Ayrton. No fatídico final de semana de seu falecimento, o documentário 'Últimos Dias de um Ícone - Ayrton Senna' recorda um momento de afeto entre ele.
Com uma câmera on board, Ayrton deu uma volta pelo circuito e deixou um recado para o francês: "Para começar, gostaria de mandar um bom dia em particular para meu amigo Alain [Prost]. Sentimos sua falta, Alain".
Após a morte de Ayrton, a família de Senna o convidou para carregar o caixão do ídolo brasileiro em seu velório. "Ayrton e eu temos um vínculo. Sua morte foi o final da minha história com a Fórmula 1. Ninguém pode falar de Ayrton sem mencionar meu nome, e ninguém pode falar de mim sem mencionar o dele", disse Prost, anos depois, ao El País.