Danilo vê Seleção Brasileira “um passo atrás” de potências e pede desculpas a torcedor após confusão
Gazeta Esportiva
A Seleção Brasileira fará seu último compromisso nesta data Fifa na noite desta terça-feira. O Brasil enfrenta o Paraguai às 21h30 (de Brasília), no Defensores del Chaco, pela oitava rodada das Eliminatórias Sul-Americanas. Antes do confronto, o lateral direito e capitão Danilo concedeu entrevista coletiva.
O capitão da equipe brasileira, porém, não focou tanto na partida em si, mas sim no momento que a Canarinho tem vivido dentro e fora dos gramados. A Seleção tem sido alvo de críticas por muitos motivos, desde a constante troca de técnicos recente até o desempenho e os resultados, que tem deixado a desejar.
Danilo deixou claro que entende a postura de parte da torcida e deu seu panorama sobre o que vem acontecendo com a Seleção. O jogador destacou que, hoje, vê o Brasil “um passo atrás” das potências do futebol mundial muito em função da organização da CBF – que, inclusive, foi alvo de críticas do defensor nesta segunda-feira.
“Eu separo por duas colunas: a primeira diz respeito à qualidade dos jogadores, o material humano. Nisso, a Seleção continua sendo das melhores do mundo. Eu levo duas temporadas no futebol europeu, acho que tenho alguma propriedade para falar em relação a isso. E estou seguro daquilo que estou falando, de que quanto à matéria prima, continua sendo das melhores do mundo. Só que existe uma coisa que existe em outros países né, no mundo inteiro, que é organização, planejamento. Enxergar sempre mais adiante daquilo que se está vivendo no momento. E eu estou seguro de que nisso nós deixamos a desejar a algum tempo. Nos outros dois ciclos, mesmo tendo isso muito bem feito, não conseguimos vencer. Então você pensa, se não conseguimos tendo aquilo e não conseguimos vencer com tudo minuciosamente bem, estamos um passo atrás”, disse em coletiva.
O jogador complementou: “A Seleção Brasileira num geral teve muita instabilidade, nomes, treinadores, estratégias, planos. Demorou a pensar no caminho. Perdeu-se tempo em relação a isso e faz com que a gente esteja um passo atrás das principais potências no campo. Tudo isso porque o nosso conjunto de matéria prima e organização ainda não está bem feito. Agora, com o Dorival, pode-se dizer que as coisas tomaram um caminho de planejamento. Depois da Copa do Mundo, perdemos tempo, e deixei isso bem claro para o presidente. Isso faz com que a gente esteja um passo atrás”.
Danilo também aproveitou uma das perguntas da coletiva de imprensa para pedir desculpas publicamente a todos os torcedores que se sentiram ofendidos pelo episódio em que ele discutiu com um fã na arquibancada. A confusão aconteceu quando o torcedor criticou a Seleção após o empate sem gols contra a Costa Rica, na primeira rodada da Copa América.
“Primeiramente, em relação a essa comparação de palavras ao vento e atitudes, eu gostaria de voltar um pouco no jogo de estreia da Copa América. Gostaria de pedir desculpas a todo torcedor que se sentiu ofendido com aquele meu encontro com aquele torcedor ao fim da partida. Acho que o futebol é totalmente passional, é um esporte onde as emoções estão sempre à flor da pele. O torcedor tem todo o direito de cobrar, de criticar, de expor seus pensamentos. Sou humano e reconheço que naquele momento tive uma atitude que, como atleta, como pai, como capitão da Seleção Brasileira, eu não deveria ter tido. Então eu queria falar sobre isso, pedir desculpas em frente às câmeras, porque acho que é muito importante reconhecer através de atitudes e me colocar à disposição. Refleti muito em relação a isso, e sem dúvida nenhuma não foi a melhor atitude que tomei. Torcedor está ali para cobrar, paga ingresso, também está com os nervos à flor da pele assim como nós”, comentou o atleta.
O lateral direito afirmou, então, que para aproximar o torcedor novamente da Seleção Brasileira, é preciso encontrar um padrão de demonstração de raça dentro de campo. Ele falou que tal postura já foi mostrada na vitória de 1 a 0 sobre o Equador na última sexta-feira.
“Com relação ao que esperar de nós, acho que temos que encontrar um um equilíbrio, um padrão de luta dentro de campo, de raça mesmo, que é muitas vezes aquilo que o torcedor pede. Acho que demonstramos muito bem nesse último jogo, muitas vezes em um contra-ataque, o retorno dos nossos atacantes e dos meias, voltavam sempre muito rápido atrás da linha da bola, algo muito bonito de se ver. Isso também é um dos motivos pelos quais não sofremos muitos gols. E temos que manter um nível, não podemos ficar oscilando. Temos que manter um nível mínimo de disposição, de entrega, de luta. Acho que isso faz com que as pessoas olhem e digam: ‘Estão vestindo a camisa da Seleção Brasileira com determinação’. Temos que manter uma linha”, concluiu.