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Delegado “segue dinheiro” de empresa registrada em nome de laranja e vê Corinthians como potencial vítima
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Delegado “segue dinheiro” de empresa registrada em nome de laranja e vê Corinthians como potencial vítima

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Gazeta Esportiva
10/06/2024 02h12
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Tiago Fernando Correia, da Delegacia de Crimes Financeiros do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), concedeu entrevista ao programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, para atualizar o estágio da investigação que envolve Corinthians, VaideBet e a empresa intermediária do acordo do patrocínio máster. O delegado deixou claro que neste momento o foco da Polícia Civil é descobrir quem está movimentando dinheiro para a Neoway Soluções Integradas, empresa considerada de fachada, e quem está se beneficiando com a movimentação financeira suspeita. O Timão, por enquanto, é visto como “potencial vítima”.

“Nesse momento da nossa investigação, em estágio inicial, ao que tudo indica o Corinthians é uma potencial vítima. É importante frisar, até de uma forma de mostrar transparência, que a investigação está direcionada a apurar a eventual constituição ilícita da empresa Neoway. Neste momento, não temos nenhum dirigente do Corinthians, presidente, formalmente investigado. Tentamos identificar de maneira cabal quem está por trás da empresa Neoway. E nós, que combatemos a lavagem de dinheiro, costumamos nessas investigações rastrear o dinheiro. O dinheiro deixa rastros. Todas notícias divulgadas, que o Corinthians teria enviado duas parcelas de R$ 700 mil para a empresa Rede Social Media Design Ltda e essa empresa teria enviado R$ 900 mil em duas parcelas à empresa Neoway, tudo isso será investigado e principalmente rastreado. Nossa intenção agora é seguir o dinheiro. Seguindo o dinheiro, vamos descobrir fatalmente quem está por trás da empresa Neoway”, comentou Tiago.

O delegado afirmou que chegou-se a conclusão que, de fato, a Neoway Soluções Integradas é uma empresa de fachada e que Edna Oliveria dos Santos, mulher residente de Peruíbe, foi utilizada como “laranja” no negócio. Tiago detalhou como a Polícia trabalhou previamente para ter acesso a essas informações.

“Desde que as notícias foram veiculadas na mídia acerca da suposta irregularidade na negociação do contrato do Corinthians com a VaideBet, a Polícia Civil imediatamente, através do DPPC e por meio da minha delegacia de combate à lavagem de dinheiro e corrupção, estudaram uma investigação preliminar. Justamente porque havia notícias de que a empresa Neoway seria de fachada, fictícia, em nome de uma laranja. Nossa apuração inicial mostrou que de fato a Neoway é fictícia, de fachada. Entrei em contato com a senhora Edna, a suposta proprietária dessa empresa, e ela confirmou que nunca autorizou, nunca assinou ou constituiu nenhuma empresa. A senhora Edna é humilde, de poucos recursos, ela está muito abalada com o que vem acontecendo. A partir daí, determinamos que nosso setor de inteligência nos direcionasse aos locais apontados, aos cadastros da junta comercial relacionados à empresa Neoway. Semana passada, os policiais estiveram na Avenida Paulista, suposta sede da Neoway, e na suposta residência da Edina, na Vila Olímpia. Não detectamos qualquer presença da empresa ou da senhora Edna. Isso só confirmou nossas suspeitas oficiais de que a Neoway é uma empresa fictícia, que utiliza uma laranja. Ao que tudo indica, é uma empresa utilizada para lavagem de dinheiro e capitais. Dentro da nossa investigação preliminar, descobrimos através de um BO que a senhora Edna registrou que há uma segunda empresa registrada no nome dela. São duas empresas registradas de forma irregular, ilícita. E suspeitamos que há através disso essa lavagem de dinheiro. A investigação avança para detectar outros pontos importantes para o desfecho dos fatos de forma coerente”, complementou o delegado.

Mesmo tratando o Corinthians inicialmente como uma “potencial vítima”, a Polícia entrou em contato com o clube para ter alguns esclarecimentos a respeito da intermediação feita pela empresa Rede Social Media Design Ltd. Tiago contou o que foi pedido para a agremiação, para ela auxiliar nesse período de apuração dos fatos.

“Na última semana, ainda no contexto da nossa investigação preliminar, da verificação da procedência de todas as informações, nós solicitamos informações ao clube. Consta aí o pedido para o Corinthians esclarecer se há algum acordo, contrato com a empresa Rede Social Media Design Ltda. Os veículos noticiaram que nessa intermediação do Corinthians com a VaideBet havia participado uma empresa com esse nome.. Essa empresa, pelo que consta, presta serviços de marketing. Queremos saber se há algum acordo do Corinthians com essa empresa para a prestação de serviço de marketing. Depois, pedimos informações acerca do próprio contrato de intermediação. Quando firmou-se contrato com a VaideBet, houve formalmente a participação da empresa Rede Social Media Design Ltda? Nós solicitamos ao Corinthians esses esclarecimentos para entender também se houve dentro do próprio clube as práticas de compliance em relação à assinatura de contrato com a VaideBet e com a Rede Social Media Design Ltda. Como já conseguimos constatar que a empresa Neoway é de fachada, precisamos entender qual a relação da Rede Social Media Design Ltda com a empresa Neoway. Uma transação de R$ 900 mil de uma empresa a outra, é óbvio que deve ter acontecido algum acordo, contrato. Precisamos entender o tipo de negociação entre as empresas. Só deixando claro, o Corinthians neste momento da investigação, embrionário, é considerado uma potencial vítima”, disse.

Por fim, o delegado confirmou que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) está auxiliando a Polícia Civil nas investigações.

“Nós da terceira delegacia temos uma proximidade, relação muito grande com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo. Nós já trabalhamos juntos em outros casos. Na sexta-feira, quando o inquérito foi instaurado, pessoal da Gaeco entrou em contato comigo e diante da sensibilidade que o caso envolve, os promotores da Gaeco vão atuar em conjunto com a Polícia Civil, para desvendar esse esquema criminoso que estamos apurando”, finalizou.

Relembre o caso

No dia 20 de maio, foi divulgada uma notícia pelo jornalista Juca Kfouri, vinculando um esquema de laranja ligado ao intermediário que firmou o contrato entre VaideBet e Corinthians.

No dia 18 de março de 2024, a empresa Rede Social Media Design Ltda teria recebido um pagamento de 700 mil reais do Corinthians, com o qual sua conta bancária passou a ter saldo positivo de R$ 697.270.73. Alguns dias depois a conta foi reabastecida com a mesma quantia.

Uma semana depois, a Rede Social Media Design Ltda fez um pagamento de 580 mil reais à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Um dia depois desta transação, a Rede Social teria feito mais uma transferência a Neoway, desta vez no valor de 462 mil reais.

A Rede Social foi a responsável pela intermediação do acordo entre VaideBet e Corinthians. A Neoway é uma empresa que teria como sócia uma mulher residente de Peruíbe, Edna Oliveria dos Santos. A sede da Neoway tem como endereço a Avenida Paulista, 171, 4º andar. Porém, segundo a recepcionista do local, ninguém vinculado a Neoway já frequentou o local.

A grande questão é que a Rede Social pertence a Alex Fernando André, o Alex Cassundé, que participou da campanha eleitoral de Augusto Melo para ser presidente do clube, em 2023. Cassundé é amigo do diretor de marketing do Timão, Sérgio Moura, afastado do cargo atualmente.

As transações de 700 mil reais foram feitas sem o conhecimento do diretor financeiro Rozallah Santoro, que naquele momento estava fora do Parque São Jorge, pois estava em viagem. Sem a presença de Santoro, o diretor administrativo Marcelo Mariano autorizou os pagamentos alegando que a Rede Social já havia emitido notas fiscais e teria pagado os impostos.

Edna Oliveira dos Santos, sócia-majoritária da Neoway, é moradora de uma casa simples em Peruíbe e desconhece a empresa, na qual seria dona. Além disso, Edna desconhece Cassundé.

Rescisão da VaideBet

A casa de aposta VaideBet informou na última sexta-feira que optou pela rescisão contratual com o Corinthians. O clube, neste momento, se movimenta para garimpar um novo patrocínio máster.

“A VaideBet informa que exerceu nesta sexta-feira (7) a rescisão do contrato de patrocínio com o Sport Club Corinthians Paulista. Desde o início de abril a marca acompanha e solicita esclarecimentos sobre as suspeitas levantadas, tendo já realizado reuniões, comunicações formais e notificação extrajudicial. Diante das explicações apresentadas sem nenhuma resolutividade, a VaideBet lamentavelmente se vê obrigada a tomar tal atitude.

A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão – que foi exercida pela VaideBet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão.

A VaideBet lamenta pelo fim de uma parceria que deveria ter durado no mínimo três anos e agradece, pelo carinho e pelo respeito, à imensa e apaixonada torcida do Corinthians, que diariamente sustenta a história e os valores da instituição”.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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