Luka Modric: o refugiado de guerra que conquistou o topo do mundo
Sportbuzz
Eleito o melhor jogador do mundo em 2018, Luka Modric não teve uma infância fácil para chegar ao topo do futebol. O jovem croata, que viveu refugiado durante uma guerra em seu país, conquistou seu caminho para cravar o nome na história do esporte.
Como parte da preparação para a Copa do Mundo 2022, no Catar, o SportBuzz conta a história do croata Luka Modric, o meio-campista que superou barreiras para chegar ao lugar mais alto do futebol mundial.
Modric nasceu e viveu sua infância na vila de Modrici, na aldeia de Zaton Obrovacki, localizada ao norte da cidade de Zadar, na Croácia. Quando ainda era muito pequeno, mais precisamente quando tinha apenas seis anos de idade, sua família viveu o choque do brutal assassinato de seu avô nas mãos dos rebeldes sérvios.
Em dezembro de 1991, durante a guerra de independência da Croácia, a milícia sérvia invadiu o vilarejo de Modrici e uma das vítimas do fogo cruzado foi do civil Luka Modric Sênior, que andava por uma rua abandonada quando foi apanhado pelo grupo, junto com outros cinco locais. Diante da execução, a família de Modric fugiu do país e precisou viver como refugiada.
O pequeno Luka também estava sob a criação do avô, enquanto seus pais trabalhavam em uma fábrica. Após a brutal perda do patriarca, a família foi forçada a deixar o vilarejo e buscou refúgio em um hotel na cidade de Zadar. Cerca de 140 mil pessoas foram mortas durante a guerra.
“Quando a guerra começou, nos tornamos refugiados e foi uma época muito difícil. Eu tinha seis anos de idade. Estes foram tempos realmente difíceis. Eu me lembro deles vividamente, mas não é algo que você queira lembrar ou pensar”, disse Modric em uma entrevista antiga.
Modric em ação pelo Real Madrid (Crédito: GettyImages)
“Moramos em um hotel por muitos anos com dificuldades financeiras, mas sempre adorei futebol. Lembro-me que as minhas primeiras caneleiras tinham o Ronaldo Fenômeno e adorei. A guerra me fortaleceu, foi um momento muito difícil para mim e minha família. Não quero arrastar isso comigo para sempre, mas também não quero esquecer”, acrescentou.
O pequeno Modric, aos 10 anos, viu algumas portas se fecharem para o futebol à época, mas o treinador Tomislav Basic, de um time de Zadar, conseguiu colocar Luka para fazer um teste no Dínamo de Zagreb.
Depois de uma passagem pela base e profissional do time croata, entre 2002 e 2008, Luka não saiu do destaque do futebol mundial. Em 2008 sua ascensão começou depois de assinar com o Tottenham, da Inglaterra, clube em que vestiu a camisa até 2012.
O bom desempenho no clube inglês o levou até o Real Madrid, em uma transferência de 35 milhões de euros na época. Seu notável crescimento para o topo do futebol mundial foi confirmado quando venceu o prêmio de melhor jogador do mundo em 2018.
Pelo clube espanhol, Modric conquistou tudo. Ao todo, são cinco títulos de Champions League e quatro do Mundial de Clubes, ele ainda foi três vezes campeão da La Liga, e quatro da Supertaça Europeia. Em 454 partidas, marcou 36 gols e deu 74 assistências.
Modric em ação pela Croácia (Crédito: GettyImages)
Na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, a seleção croata chegou à final, mas ficou com o vice após ser derrotada pela França, por 4 a 2. O ano foi glorioso individualmente para Modric, que foi eleito o melhor jogador do mundo nos prêmios da Bola de Ouro e Fifa The Best.
A Copa do Mundo de 2022 será a quarta da carreira de Modric. O capitão e maior jogador croata também disputou as edições de 2006 e 2014, mas sua seleção caiu ainda na primeira fase. Com a camisa da Croácia, são 154 jogos e 23 gols marcados.
A última dança
Luka Modric disputará no Catar sua última Copa do Mundo pela Croácia. O meia do Real Madrid destacou que o Mundial de 2022, que começa no próximo dia 20 de novembro, será o último de sua carreira. O capitão croata fez a declaração no documentário “Capitães”, da Fifa+.
Em participação na produção, o jogador de 37 anos destacou que não deve mais atuar pela seleção croata após o mundial deste ano. A Croácia disputará a Copa do Catar pelo Grupo F, mesma chave de Marrocos, Bélgica e Canadá.
Sei que já tenho uma certa idade, e que esta é a minha última competição pela seleção croata”, disse Modric, eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de 2018, na Rússia.
Modric ainda comentou sobre a final do Mundial de 2018, perdida para os franceses, que poderia significar o inédito título de Copa do Mundo para a Croácia. “Ainda hoje penso naquela final. Ainda me afeta”, disse o meia ao documentário.
