Lutador brasileiro fala dos efeitos do isolamento social antes de voltar a competir
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Nos anos de 2020 e 2021, a pandemia do Covid-19 afetou os treinos de atletas pelo mundo todo, gerando quadros de depressão e ansiedade em muitos deles, como atestou estudo realizado pela Universidade Stanford, dos Estados Unidos, e pela plataforma esportiva Strava. Foi difícil para todo o planeta. Mas, atletas como Jorge Rodrigo Azevedo, ouro no Campeonato Mundial Master IBJJF (sigla, em inglês, para Federação Internacional de Jiu Jitsu Brasileiro), sofreram por conta da falta de local para treinar e também para manter a cabeça "em ordem".
"No início, assim que começaram a acontecer os lockdowns e o fechamento por conta da pandemia, eu foquei em me manter ativo. Corria na praia, fazia atividades ao ar livre e conseguia manter uma rotina de treinos de musculação em casa, com os aparelhos que eu tinha. Mas, com o passar dos dias, das semanas e dos meses, percebi que o principal, teria de ser cuidar da parte mental. Ela pode te derrubar. E, naquele momento, no auge dos fechamentos, sem ter com quem treinar, precisei me fortalecer emocionalmente para não perder o foco", admitiu o carioca de 41 anos.
Quando a quarentena começou a fechar as cidades no início de 2020, Jorge Azevedo, 1,61m, 60 quilos, vinha da conquista inédita do Campeonato Mundial NOGI (sem kimono) Master na cidade californiana de Anaheim e lembra bem como foram os dias difíceis quando tudo parou. Mas, acredita que todo esse período de incertezas serviu para fortalecer a disciplina e o emocional, dois aspectos fundamentais para todo atleta de luta.
"Foi um momento difícil, cansativo. Manter o foco no treinamento dependia muito de disciplina e de determinação para seguir um ritmo forte de treino. No meu caso, me preocupei principalmente com a alimentação. Mas também malhava todo dia, de alguma forma. Tentei manter a cabeça focada, mesmo sem saber quando e se as competições iriam voltar. E, se voltassem, havia o receio de que as regras mudassem, ou seja, eram muitas incertezas. Em 2021, alguns torneios voltaram, mas decidi ficar parado, me preparando melhor para o Mundial deste ano", disse Jorge.
Em setembro, ele voltou aos tatames e ficou com o vice-campeonato no Mundial Master, em Las Vegas:
"Fiz lutas duras e na final lutei contra um adversário que eu já conhecia e já sabia mais ou menos o que esperar. Tentei imprimir o meu jogo primeiro, a luta foi dura, a gente empatou nos pontos, mas uma vantagem contra me fez ficar em segundo lugar. Foi muito bom para mim, depois de dois anos sem lutar, ficar no meio a galera que faz os pódios, os cabeças. Minha próxima meta é o Campeonato Mundial agora, em dezembro, para buscar o meu segundo ouro. Estou bem ansioso", disse Jorge Azevedo.
Ele subiu ao lugar mais alto do pódio no Campeonato Mundial NOGI Master IBJJF em 2018, em Anaheim e, coincidentemente, vai buscar o bicampeonato em dezembro - entre os dias 7 e 11 -, no mesmo local.
Além do ouro no Campeonato Mundial de 2018, e o vice em setembro deste ano, Jorge contabiliza ainda dois terceiros lugares nos Mundiais Master de 2017 e 2018; um segundo lugar no San Jose Open IBJJF de 2018 e um terceiro lugar no Pan de 2019.