Memphis Depay: o atacante que superou o pai para carregar o sobrenome
Sportbuzz
“Me chame apenas de Memphis”. Foi assim que Memphis Depay, uma das principais apostas no ataque da Holanda viveu durante boa parte da carreira: desejando ser chamado apenas pelo primeiro nome. Sua história de vida não foi fácil, mas ele deu a volta por cima para hoje defender o Barcelona, um dos maiores clubes do mundo.
Como parte da preparação para a Copa do Mundo de 2022, no Catar, o SportBuzz conta a história do holandês Memphis Depay, o jogador que superou a relação com o pai para carregar o sobrenome da família. Neste ano, o atacante deve estar presente no Mundial que começa em novembro.
Nascido em Moordrecht, em fevereiro de 1994, filho de pai ganense e mãe holandesa, Depay cresceu em um bairro ruim nos arredores de Roterdã e viu seu pai abandonar a família quando tinha apenas quatro anos. Sua mãe, mais tarde, chegou a morar com outro homem que já tinha 15 filhos.
“Naquele tempo, eu só tinha que sobreviver, eu só tinha que lutar contra isso”, disse ele em uma antiga entrevista na TV. “Eu poderia falar de coisas como abuso físico, mas não tenho vontade”, completou. Memphis e sua mãe viram a vida mudar novamente quando este namorado ganhou um prêmio milionário e terminou com Cora Schensema.
Conhecido no futebol com nome e sobrenome, o atacante passou muitos anos da carreira pedindo para ser chamado apenas por Memphis por conta da relação com o pai, Dennis Depay. Sem crescer com uma figura paterna, o holandês afirmava que o seu progenitor não merecia que ele carregasse o sobrenome Depay nas costas.
Em 2020, Memphis anunciou a reconciliação com o pai ganense, que o deixou quando era jovem. “Eu e meu pai nos reconciliamos para resolver coisas do passado. Agora mais do que nunca a gente precisa encontrar força e amor um no outro”, escreveu o jogador na oportunidade.
A única figura paterna que Memphis teve na infância foi o avô materno, que morreu quando ele tinha 15 anos. Foi naquele ano que ele ingressou de vez no futebol ao sair do time local Sparta para o PSV. O menino talentoso em campo, mas um tanto quanto indisciplinado, quase foi expulso da academia do clube holandês em diversas oportunidades. E ele atribui ao futebol a reponsabilidade de mantê-lo fora das ruas.
Apesar dos episódios de indisciplina nas categorias de base, Memphis chegou ao time profissional do PSV e tinha como referência craques como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Ele conquistou a titularidade na terceira temporada pelo clube e se destacou. O desempenho em 2013/14 lhe rendeu a convocação para a Copa do Mundo do Brasil. A seleção holandesa era então comandada por Louis van Gaal.
A partir dali a carreira cresceu. Em 2015, foi contratado pelo Manchester United ao anotar 50 gols em 124 partidas pelo PSV. Depois de uma passagem de duas temporadas no futebol inglês, com 53 aparições e sete tentos, chegou à França para defender o Lyon. Entre 2017 e 2021, disputou 178 partidas, marcou 76 vezes e deu outras 56 assistências.
A boa passagem pelo futebol francês chamou atenção do Barcelona, que o contratou para a temporada de 2021/22; de lá para cá são 41 jogos e 14 gols marcados. Pela seleção holandesa, que defende desde as categorias de base, fez sua estreia no time principal em 2013 e já soma 41 bolas na rede em 79 aparições.
Recusa por vestir a camisa de Gana
Filho de pai ganense e mãe holandesa, Memphis foi sondado pela Associação de Futebol de Gana para defender a seleção africana por conta de sua dupla cidadania, mas optou por jogar pela potência europeia – seu país de nascimento. Em entrevista antiga à BBC, o atacante justificou sua escolha e colocou o pai como barreira.
Mas o desentendimento com meu pai é irreparável. Não falo com ele. Não tenho contato com a família paterna. E nunca mais terei”, disse em entrevista ao jornal holandês “De Volkskrant” em 2013.