Sportswashing: qual é a relação com CR7, Benzema e a Copa de 2022?
Sportbuzz
Após as contratações de CR7 e Benzema por clubes da Arábia Saudita, o “sportswashing”, fenômeno abordado durante a Copa do Mundo de 2022 no Catar, voltou a ser debatido. A prática, que pode ser feita por indivíduos, grupos, corporações e até governos, consiste no uso do esporte para fazer uma “limpeza” de imagem (como o próprio termo em inglês sugere).
Assim, países do Oriente Médio têm a chance de serem reapresentados ao mundo (especialmente no que é designado como parte do Ocidente) como receptivos, progressistas e capazes de serem integrados a uma posição de destaque no cenário do futebol e de demais modalidades esportivas. No entanto, a maioria dos países envolvidos no fenômeno deixam a desejar em questões socioculturais que envolvem, principalmente, os Direitos Humanos.
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Embora haja um preconceito intrínseco com o Oriente Médio, alguns lugares recebem a fama de “opressores” merecidamente. No Irã, mulheres puderam voltar a frequentar estádios somente em 2022, depois de 40 anos, com a ajuda da pressão exercida pela Fifa. Pessoas da comunidade LGBTQIA+, por sua vez, podem ser punidas com pena de morte a depender da nação.
Dessa maneira, o desenvolvimento de ligas em nações como Arábia Saudita, Catar, Bahrein, Emirados Árabes, entre outras, é marcado pela tentativa de reverter os conceitos pejorativos atribuídos a esses locais. O grande poder aquisitivo dos países mencionados é o principal fator que leva ao “sportswashing”, assim como foi na escolha da sede da Copa do Mundo 2022, a mais cara da história.
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No século passado
Não é somente na contemporaneidade que o “sportswashing” se faz presente. O Mundial da FIFA realizado na Argentina, em 1978, quando a ditadura militar operava no país, e as Olimpíadas de 1936, ocorridas na Alemanha durante o nazismo, também serviram a esse mesmo propósito de tentar limpar a imagem de governos autoritários e opressores.
Clubes europeus
O Poder Público também se faz presente fora de suas delimitações físicas. Outros exemplos conhecidos no Oriente Médio são os investimentos árabes no Manchester City-ING, a compra do Newcastle-ING por um fundo de investimento pertencente à família real da Arábia Saudita e o envolvimento dos cataris no PSG-FRA; o presidente do clube francês, Nasser Al-Khelaifi, aliás, é o homem de confiança do ‘emir’ do país.
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Apesar das dificuldades socioculturais enfrentadas nesses locais, é possível esperar que a maior exposição no cenário esportivo internacional “obrigue” os seus governos a se flexibilizarem gradativamente nas pautas relacionadas aos Direitos Humanos. Além disso, a evolução no debate permitiria diminuir o preconceito e a xenofobia direcionada a essas mesmas nações e colocaria em evidência o que elas teriam a oferecer de melhor ao resto do globo.
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*Sob supervisão de Gabriela Santos