Tifanny Abreu fala de relação com ‘haters’ ao Bel e as Feras
Sportbuzz
No mês do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em junho, a convidada do podcast ‘Bel e as Feras’ é Tifanny Abreu, oposta do Osasco Voleibol Clube. Em conversa com a jornalista Bel Mota, a atleta de 37 anos comentou sobre sua paixão por sapatos, como lida com ‘haters’ e ainda contou um pouco sobre o preconceito dentro do esporte.
Tifanny entra em quadra em busca de vitória, mas seu triunfo vai além de uma vantagem no placar. Mulher trans, a oposta mostra diariamente que luta pelo seu lugar dentro do esporte. Questionada sobre como lida com mensagens preconceituosas nas redes sociais, Abreu destacou que sabe escolher suas batalhas.
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“No início era muito pior (o ódio nas redes) e hoje em dia é um pouco menos, mas a melhor forma (de lidar com isso) é não ver os comentários e não entrar na discussão, porque quando é direcionado a você isso vai machucar. São comentários horríveis que machucam, que podem tirar uma vida, são comentários de cunho muito baixo de pessoas que mal sabem que estão cometendo um crime”, disse Tifanny.
“Transfobia é crime no Brasil e é equiparado a crime de racismo. A pessoa pode ser contra eu jogar, mas ela não tem o direito de me difamar, de me chamar de ‘homem’ e não tem o direito de me rebaixar como pessoa. E o que eu faço? Eu evito ver (os comentários). Não vai adiantar bater boca com uma máquina, porque quem está por trás dessa máquina é uma pessoa sem coração e sem visibilidade, que em muitas vezes estão querendo atenção”, completou.
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Tifanny ainda destacou que está dentro de qualquer exigência das federações nacional e internacional de vôlei, podendo ser convocada até para a Seleção Brasileira feminina e completou dizendo que “tudo o que vem em forma de ‘achismo’ é preconceito e transfobia” e destacou que não é mais forte que as outras atletas, algo já foi comprovado.
Durante a conversa com Bel Mota, a jogadora também revelou sobre a escolha de seu nome durante o período de transição de gênero e que contou com um grande amigo no processo: “Sofri muito preconceito quando cheguei em São Paulo por ser muito feminina e acabei passando na cidade de Americana, que foi o meu primeiro clube e onde eu realmente aprendi um pouco melhor do voleibol. É uma cidade maravilhosa. Lá tinha uma pessoa que gostava muito de mim, que era o Carlos, que foi muito importante na minha evolução como mulher trans”, disse.
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“Com ele eu comecei a entender de fato o que era ser uma mulher trans. Quando eu cheguei lá eu não tinha um nome e os meus amigos inventavam vários, e um dia estávamos assistindo patinação e passou na televisão uma atleta chamada Tiffany Scott e então ele falou: “pronto, seu nome será Tifanny”. E desde 2003 que todo mundo me chama de Tifanny”, concluiu.
Transição
Tifanny também comentou um pouco sobre a relação com a família antes da transição, quando ainda não tinha acesso à informação, mas já sabia que era uma mulher trans. “Eu não eu não conversava com a minha mãe sobre (a transgeneridade). Eu não conversava com ninguém sobre isso, porque eu sou de uma época que o preconceito era muito grande até para gays, imagina para uma pessoa trans - que não se reconhecia naquele corpo. Era um preconceito imenso. E, não pela minha mãe ou família, mas por medo da sociedade que a gente via no dia a dia: às vezes passava um LGBT ou uma menina trans, era apedrejada e xingada”, disse.
“O medo era tão grande que a gente não tinha coragem de se assumir. Eu, sabendo que eu era uma mulher trans, não tinha coragem de fazer transição porque eu tinha medo do que eu podia virar, (medo do que) as pessoas iam falar com a minha mãe. Não sabia se algum tio poderia ser transfóbico dentro de casa. Eu não tinha acesso à televisão ou internet para saber o que era ser uma mulher trans. Nem eu entendia o que eu era. Eu sabia que estava em um corpo errado e sabia que eu era menina... É difícil, é complicado, mas não há grande vitória sem grande batalha. E eu posso falar que eu venci essa batalha como todas as outras meninas trans que hoje estão resistindo”, completou.
Paixão por sapatos
“Eu já tive muitos (saltos), mas hoje eu tenho muitos tênis e sapatilhinhas. Salto eu só uso para algum evento que necessita. Eu tive que aprender que cada ocasião precisa de um tipo de roupa. Antes eu só queria andar de salto, não me importava se eu ficasse com mais de dois metros tanto. Mas agora eu evito salto, porque acho que quanto menos usar, mais tempo meu joelho vai aguentar dentro de quadra”, disse a oposta.
Para saber mais sobre as curiosidades contadas por Babi Beluco, a forma como lidou com o acidente e mais curiosidades da vida, acesse o episódio completo do podcast Bel e as Feras nas plataformas de áudio (clique aqui) e também fique ligados nas redes sociais, já que por lá você também tem acesso aos demais conteúdos da entrevista e publicação dos novos episódios.