A ansiedade vai às compras
Anamaria

Comprar uma roupa nova, pedir delivery sem necessidade ou parcelar um eletrônico que não estava nos planos. Quase metade dos brasileiros já usou as compras como um jeito de aliviar a ansiedade ou buscar um alívio momentâneo, segundo pesquisa da Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box. O problema é que, junto da sensação de bem-estar, chegam as dívidas, os atrasos de pagamento e a dependência do crédito.
Compras como anestesia emocional
O levantamento mostra que 46% dos entrevistados já realizaram compras por impulso para se sentirem melhor emocionalmente. Para 54%, esse comportamento já resultou em dívidas acumuladas, enquanto 41% chegaram a gastar todas as economias por dificuldades ligadas à saúde mental. A dependência do crédito para despesas básicas é realidade para 27%.
“As compras por impulso ou o endividamento por questões emocionais mostram que saúde mental e saúde financeira estão diretamente ligadas. Essas compras estão relacionadas à busca pelo alívio momentâneo da dor, mas nunca resolvem a longo prazo”, explica Rodrigo Costa, especialista da Serasa em educação financeira.
Entre dívidas e emoções abaladas
A pesquisa aponta ainda que os brasileiros já convivem com obstáculos financeiros que alimentam esse ciclo. Entre os principais estão o nome negativado (43%), o atraso no pagamento de contas (37%), a dificuldade em conseguir crédito aprovado (34%) e a renda insuficiente (29%). Todos esses fatores aumentam a pressão emocional e reforçam a sensação de descontrole.
“O Brasil enfrenta uma nova fase de inadimplência: a emocional. Silenciosa e crescente, a incerteza fala muito alto, refletindo na falta de equilíbrio mental e impactando diretamente a vida financeira de todas as classes sociais”, afirma Rodrigo.
Caminhos para quebrar o ciclo
Apesar do cenário preocupante, os dados revelam que muitos enxergam alternativas para virar o jogo. Para 60% dos entrevistados, cuidar da saúde mental e reduzir o estresse pode favorecer decisões financeiras mais conscientes. Já 30% acreditam que investir no bem-estar emocional ajudaria até a diminuir gastos relacionados à própria saúde.
Para os especialistas, a saída passa pelo planejamento e pela educação financeira:
- Faça uma lista antes de sair: anote o que realmente precisa comprar e siga o combinado.
- Espere 24 horas: se bateu a vontade de comprar, dê um tempo. Muitas vezes, a ansiedade passa e você percebe que não precisava do item.
- Evite comprar em momentos de estresse: quando a cabeça não está bem, as chances de gastar sem pensar aumentam.
- Defina um orçamento para extras: reserve um valor mensal só para pequenos prazeres, sem comprometer o essencial.
- Use menos o cartão de crédito: dê preferência ao débito ou ao pagamento à vista para sentir o peso real do gasto.
- Busque outras formas de aliviar a ansiedade: exercícios físicos, conversas com amigos ou práticas de relaxamento ajudam a reduzir o estresse sem mexer no bolso.
