Alergias respiratórias: conheça o perigo dos travesseiros
Anamaria
Coceira, coriza, tosse e congestão nasal: esses são alguns dos sintomas mais comuns das já conhecidas alergias respiratórias. O problema é mais comum do que parece e afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 25% da população mundial sofre com o problema.No entanto, um agente causador muito comum é frequentemente ignorado. Trata-se do travesseiro, que pode se tornar um grande vilão para quem já convive com problemas respiratórios.
O item é um ambiente propício para a proliferação de microrganismos e alérgenos, incluindo ácaros e fungos. A médica otorrinolaringologista Cristiane Passos Dias Levy, do Hospital Paulista de Otorrinolaringologia, especialista em alergias respiratórias, detalhou o impacto.
Como o travesseiro impacta as alergias respiratórias?
Segundo a médica, o acúmulo desses organismos causadores ocorre por causa das secreções liberadas pelo corpo durante o sono: "Com o passar do tempo, os travesseiros acumulam uma enorme quantidade de microrganismos, que se alimentam de secreções eliminadas durante o sono, seja pela boca (saliva), ouvidos (cerume), olhos (lágrimas), nariz (coriza), cabelos (seborreia) e até mesmo pela pele (suor e pele morta)".
"Isso tudo se dispersa em uma poeira fina que pode ser facilmente inalada e causar alergias", acrescenta a especialista, que continua: "É um acessório diariamente submetido a uma contaminação maciça".
Esse processo é intensificado em ambientes com pouca ventilação, onde esses agentes alérgenos se proliferam com mais facilidade. Estudos indicam que, após dois anos de uso, entre 10% e 25% do peso de um travesseiro pode consistir de ácaros e células mortas da pele.
Além disso, há as secreções artificiais como cosméticos, perfumes, tinturas e maquiagem, que também costumam estar presentes."Por isso, há um cuidado especial em termos de higienização, além da troca a cada dois anos, que é o prazo recomendado por especialistas”, destaca Cristiane.
Alergias respiratórias: o controle de alérgenos
A médica sugere que a lavagem seja feita em lavanderias especializadas que garantam a secagem completa do item, uma vez que as máquinas domésticas podem não oferecer a secagem necessária para evitar a proliferação de fungos e ácaros. Esse tipo de higienização pode ser realizado a cada seis meses, dependendo das condições do ambiente.
Para os alérgicos a ácaros, o uso de capas de proteção antiácaro em travesseiros e colchões é uma medida eficiente para minimizar a exposição. Essas capas devem ser lavadas a cada três ou quatro semanas para manter sua eficácia.
Além dos cuidados com o travesseiro, outras medidas simples podem ajudar a reduzir a presença de alérgenos no ambiente. Entre as atitudes, algumas se destacam:
- Manter o ambiente bem ventilado e iluminado é essencial para evitar a umidade, que favorece a proliferação de ácaros e fungos;
- Utilizar panos úmidos ao limpar o quarto, evitando que poeira e ácaros fiquem em suspensão no ar e se depositem sobre as superfícies.
- Se atentar a possíveis infiltrações ou outras causas de umidade no quarto;
- Evitar varrer e espanar os móveis durante a limpeza, priorizando o uso de panos úmidos, evitando que ácaros subam e se depositem sobre lençóis e fronhas limpos;
Evitar o uso de produtos perfumados, como cosméticos e tinturas, que podem se acumular no travesseiro e contribuir para o aumento da irritação em pessoas com sensibilidade a produtos químicos.
Diagnóstico e tratamento das alergias respiratórias
Os sintomas das alergias respiratórias, que incluem espirros, coceira e congestão nasal, podem ser facilmente confundidos com outros problemas, como os de um resfriado comum. No entanto, existem algumas diferenças que ajudam a diferenciar as condições.
O diagnóstico correto é fundamental para que o tratamento seja adequado, envolvendo medidas para minimizar o contato com os agentes alérgenos. Em conjunto com cuidados de limpeza e higiene, o acompanhamento médico é essencial para controlar e prevenir crises.
Entre as alergias respiratórias mais comuns, estão a rinite, rinossinusite, asma brônquica, bronquite e alveolite alérgica extrínseca. Vale lembrar que poeira e mofo contida em travesseiros não são os únicos causadores. Conheça outros:
- Pólen de árvores, flores e plantas;
- Poluição ambiental ou fumaça de cigarro;
- Pelo, saliva ou urina de animais;
- Mudanças climáticas;
- Odores fortes, como perfumes ou produtos de limpeza.