Pílula do dia seguinte: como funciona e como tomar?
Anamaria
Você já ouviu falar em anticoncepção de Emergência (AE)? Este é o nome da medicação conhecida como pílula do dia seguinte, utilizada nos dias seguintes à relação sexual desprotegida para evitar a gravidez por meio de compostos hormonais concentrados e por um curto período de tempo.
O método emergencial é comum e popular no Brasil e no mundo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto IPEC, a pedido da Bayer, 43% das brasileiras utilizam o produto para evitar a gestação indesejada. Embora popular, ainda há muitas dúvidas sobre o tema.
Para entender mais sobre a pílula do dia seguinte, AnaMaria conversou com Liliane de Melo Guimarães, médica ginecologista e consultora da DKT South America. A especialista esclareceu os principais pontos sobre o uso, sua recomendação, cuidados necessários e mais.
“Uma das principais vantagens da pílula do dia seguinte é que ela funciona mesmo no período fértil, já que ela tem um mecanismo para impedir a gravidez. Entretanto, é importante lembrar que é um método de emergência e é fundamental que a mulher adote outras formas de evitar a gravidez”, inicia.
Como funciona a pílula do dia seguinte?
O princípio ativo do método é o levonorgestrel, hormônio que compõe 1,5 mg do comprimido. A concentração é relativamente alta, já que essa dose única equivale a meia cartela da pílula anticoncepcional padrão. A medicação também pode conter progesterona e etinilestradiol (EE).
Essas substâncias agem diretamente na ovulação e fertilização. A pílula do dia seguinte atrasa a ovulação ou, caso a ovulação já tiver ocorrido, impede o encontro do espermatozoide com o óvulo. Desta forma, a fertilização não é concluída.
“O principal objetivo da pílula do dia seguinte é inibir a ovulação e, assim, dificultar a incidência de gravidez. Caso a mulher não tenha ovulado, o anticoncepcional de emergência deverá impedir ou retardar a liberação do óvulo, evitando a fertilização”, complementa a médica.
Como tomar pílula do dia seguinte?
A pílula do dia seguinte pode ser tomada de duas formas: dose única e de duas doses. Ambas são administradas por via oral, mas há algumas diferenças entre elas. Liliane de Melo Guimarães explica as particularidades de cada uma:
A primeira deve ser tomada o mais breve possível após a relação sexual desprotegida, não ultrapassando 72 horas. Já a pílula do dia seguinte de duas doses deve dividia em duas formas: uma logo após o ato sexual, e a segunda 12 horas após a primeira.
"Assim, elas diminuem drasticamente a chance de fecundação do óvulo, atingindo eficácia de 95% quando tomada nas primeiras 24 horas após o ato sexual", explica a médica. Ela acrescenta que, se administrada entre 24 e 48 horas depois do sexo desprotegido, a eficácia é de cerca de 85%. Entre 49 e 72 horas após o ato sexual, cai para 58%.
As altas doses hormonais do medicamento podem desregular o ciclo menstrual e causar efeitos colaterais como cólicas, dor de cabeça, vômitos ou náuseas. Por isso, a recomendação é que a pílula do dia seguinte seja usada no máximo de três a quatro vezes por ano.
Pílula do dia seguinte: cuidados necessários
Apesar de sua popularidade e eficácia comprovada, a pílula do dia seguinte não deve ser usada como método contraceptivo regular. Para evitar a gravidez indesejada, existem outros métodos seguros, como anticoncepcionais orais, injetáveis e DIU (Dispositivo intrauterino).
De maneira geral, o uso do método é recomendado em situações específicas, como:
- Quando não foi utilizado nenhum método contraceptivo, como anticoncepcional;
- Por esquecimento da pílula anticoncepcional por ao menos dois dias;
- Quando há falha do método contraceptivo, como o rompimento do preservativo;
- Em caso de estupro ou sexo forçado.
Além disso, a pílula do dia seguinte não é abortiva. Isso significa que o medicamento não interrompe uma gravidez que já tenha sido iniciada. Ainda assim, gestantes não podem fazer o uso, sob risco de prejudicar a formação do bebê.
Também é necessário ressaltar que a pílula do dia seguinte não garante nenhuma não oferece nenhum tipo de proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como o vírus HIV, causador da aids, herpes genital e outras.