Razão ou emoção? A nova busca pela espiritualidade das gerações mais jovens
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Anamaria
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O sociólogo francês Michel Maffesoli, em uma entrevista à BBC News Brasil, chamou a atenção para um fenômeno interessante: o pensamento racionalista, aquele que valoriza apenas a razão, está ficando para trás, especialmente entre as gerações mais jovens. Para eles, o conhecimento não vem só da lógica, mas também das emoções e dos sentidos. Isso não quer dizer que todo mundo está voltando para as religiões tradicionais, mas sim que formas diferentes de religiosidade e espiritualidade estão ganhando espaço.
Maffesoli, que ficou famoso ao falar sobre “tribos urbanas”, explica que estamos vivendo uma mudança de época. Depois de séculos em que o sagrado foi deixado de lado, as pessoas estão buscando se reconectar com algo maior. Essa busca aparece de várias maneiras: na prática de ioga, na meditação, no interesse por astrologia e até em religiões como o candomblé.
Por que os jovens estão buscando a espiritualidade?
O sociólogo conta que o racionalismo, que dominou a era moderna, acabou cansando as pessoas. A razão pura não consegue explicar tudo, e as gerações mais jovens estão sentindo falta de algo mais profundo. Para eles, a espiritualidade e o resgate do imaginário são caminhos para encontrar sentido na vida.
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Maffesoli lembra que, segundo o filósofo São Tomás de Aquino, corpo e mente estão ligados. “Nunca há nada no intelecto que não tenha passado primeiro pelos sentidos”, diz ele. Essa ideia de uma “razão sensível” ajuda a entender por que os jovens estão abraçando práticas que envolvem emoção, intuição e conexão com algo maior.
Religiosidade sem fronteiras e o papel da internet
O retorno do sagrado não está limitado às religiões tradicionais. Maffesoli observa uma religiosidade mais livre, que aparece em pequenos grupos, práticas individuais e até na arte. E a internet tem um papel importante nisso tudo. Nas redes sociais, os jovens se encontram, trocam ideias e criam comunidades em torno de temas como meditação, astrologia e filosofia.
Um exemplo curioso é o de grupos na França que estudam obras complexas, como a Summa Theologica de São Tomás de Aquino, ou que praticam candomblé em plena Paris. Essas iniciativas mostram como a busca pelo mistério e pelo desconhecido está ganhando força, especialmente no mundo digital.
E o Brasil nessa história?
Maffesoli também falou sobre o Brasil, um país que ele visita com frequência. Ele conta que, nas últimas décadas, os brasileiros mudaram a forma como encaram a espiritualidade. Se antes os intelectuais por aqui eram mais fechados, hoje há uma abertura maior para discutir temas como a religiosidade e o sagrado.
Nas suas últimas visitas, o sociólogo notou um “encantamento com a vida cotidiana” e uma vontade de explorar o imaginário. Para ele, o Brasil reflete uma tendência global, onde as gerações mais jovens estão ressignificando a conexão com o transcendente.
Equilíbrio entre razão e emoção
A análise de Maffesoli nos faz pensar sobre como a busca por sentido está mudando. Se a modernidade nos afastou do sagrado, hoje parece que estamos voltando a valorizar a emoção, os sentidos e o imaginário. Para as gerações mais jovens, a espiritualidade e a religiosidade não são inimigas da razão, mas parceiras.
E você, já parou para pensar como equilibrar razão e emoção na sua vida? Que tal experimentar novas formas de se conectar consigo mesmo e com o mundo ao seu redor?
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