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Como as religiões compreendem a noção de divindade?
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Como as religiões compreendem a noção de divindade?

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Aventuras Na História
03/03/2025 14h30
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A humanidade busca compreender o que há além da existência material. Essa busca se reflete nas religiões, que oferecem diferentes perspectivas sobre a divindade. Seja no monoteísmo, politeísmo ou visões filosóficas, cada tradição propõe um caminho para entender Deus e a relação do ser humano com ele.

Na maioria das religiões, mormente nas monoteístas, trazem Deus como uma figura antropomórfica, em que podemos ter um relacionamento direto, que nos guia, nos fiscaliza e em algum momento final nos julgará, nos levando a uma vida eterna de felicidade, geralmente em uma existência de contemplação.

Em outras, especialmente politeístas, trazem Deus como um absoluto, do qual podemos acessá-lo através de Divindades que lhes servem, enquanto outras resumem Deus ao absoluto incognoscível que nos emana de forma perene e eterna seu absoluto amor.

Monoteísmo: Deus Único e Onipotente

As religiões monoteístas — judaísmo, cristianismo e islamismo — compartilham a crença em um único Deus, transcendente. No judaísmo, Deus é soberano, mas acessível por meio da aliança com seu povo.

O cristianismo vê Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mantendo a unidade divina. No islamismo, Allah e os mais de 90 nomes que lhe são atribuídos no Alcorão, é um ser supremo e misericordioso, revelado como criador de toda a criação. Embora apresentem variações, todas essas religiões partem da premissa de um Deus que rege o universo e define o destino humano.

No espiritismo, um desdobramento da tradição cristã, Deus é visto como a inteligência suprema do universo, incognoscível diretamente, mas perceptível por meio de suas leis e das energias que guiam a evolução espiritual. A busca pela elevação espiritual, segundo essa perspectiva, aproxima o ser humano da compreensão do divino.

Politeísmo e as Múltiplas Faces do Divino

Diferente do monoteísmo, as religiões politeístas veem o divino manifestado em múltiplas entidades. O hinduísmo reconhece Brahman como a realidade suprema, mas manifesta-se em deuses como Vishnu, Shiva e Devi.

No taoísmo, a noção do "Tao" transcende a concepção tradicional de divindade, sendo a força que harmoniza o cosmos. No xintoísmo, os kami são reverenciados como expressões da natureza e do divino presente em todas as coisas. A multiplicidade de deuses não implica contradição, mas reflete diferentes aspectos da mesma essência universal.

Espiritualidade e o Conceito de Energia Universal

Para algumas tradições, a divindade não é uma entidade específica, mas uma energia ou princípio cósmico. No espiritismo, Deus é a causa primária de todas as coisas, acessível pela evolução moral e espiritual. No budismo (que é uma filosofia e não uma religião), há a ideia de iluminação que transcende a necessidade de um criador pessoal.

Algumas correntes espiritualistas enfatizam que o conhecimento absoluto de Deus pode ser inalcançável, mas sua presença pode ser sentida através das vibrações que emanam de sua essência, quando nosso ser eterno efetivamente consegue encontrar efetiva sintonia com o cosmo onde frui o absoluto amor de Deus.

Em muitas tradições místicas, a comunhão com essa energia cósmica ocorre por meio de práticas meditativas e rituais que buscam alinhar o indivíduo com a harmonia do universo. Essa visão ressoa com a ideia de um cosmo infinito, onde a divindade se manifesta de forma sutil e progressiva conforme a evolução espiritual do ser humano.

A Convergência das Crenças e o Mistério do Absoluto

Apesar das diferenças doutrinárias, muitas tradições espirituais apontam para um conceito comum: a existência de algo superior, seja ele um Deus pessoal, uma energia universal ou um princípio cósmico. A busca pela sintonia com essa realidade transcendente se dá por meio da fé, da meditação, da caridade e do conhecimento.

Algumas filosofias espiritualistas defendem que essa conexão se dá por meio de planos energéticos distintos, pelos quais o espírito evolui até atingir um estado de purificação, que seria o mais próximo de Deus, que lhe permite fruir diretamente as energias de seu absoluto amor.

As diversas formas de interpretar o divino mostram que a experiência espiritual é algo profundamente humano e, ao mesmo tempo, misterioso. Algumas religiões convidam à aceitação de um Deus transcendente, enquanto outras incentivam a percepção do sagrado refletido na própria existência e na natureza ao redor; outras ainda se apegam muito ao que as religiões trouxeram da mitologia Grega, de um Deus que interfere diretamente na vida de suas criaturas, mesmo traçando seus destinos.

A diversidade de concepções sobre divindade revela a riqueza do pensamento humano e a tentativa incessante de compreender o que está além da percepção sensorial. Independentemente do caminho escolhido, a espiritualidade continua sendo um elemento central na construção do sentido da existência.

Esta evolução espiritual, todavia, precisa estar livre, na medida da concepção ampliada que devemos ter de nosso livre arbítrio, onde religiões que sejam excessivamente dogmáticas, possam desestimular esta busca de nosso ser eterno.


*Luiz Fernando Maia é advogado, sócio-fundador da LFMAIA Sociedade de Advogados, foi professor universitário por mais de 15 anos, lecionando Direito Tributário, Financeiro e Administrativo, e também é corretor credenciado nas provas da OAB Federal.

Ele é autor de dois livros sobre Direito Tributário e diversos artigos em revistas especializadas. Agora se aventura na literatura com a obra Jamais conheceremos Deus, com temas relacionados a filosofia e espiritualidade, para compartilhar sua visão sobre a busca por Deus e a conexão com o divino, motivado após a perda de um filho.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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