Michelangelo pode ter retratado mulher com câncer de mama em afresco da Capela Sistina
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Michelangelo pode ter retratado uma mulher sofrendo de câncer de mama em seu famoso afresco da Capela Sistina, segundo pesquisadores. Especialistas em história da arte e medicina descobriram que os detalhes do seio de uma das mulheres retratadas em O Dilúvio Universal coincide com características da doença.
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O afresco, parte de uma série do Livro do Gênesis, cobre a abóboda da Capela Sistina, que é um marco da cidade do Vaticano. A pintura retrata muitas pessoas condenadas fugindo de uma enchente que chega, enquanto outras buscam refúgio na Arca de Noé ao fundo.
Em artigo publicado no periódico The Breast, pesquisadores alemães e franceses apontam que a sugestão do artista sobre a doença estava alinhada à inevitabilidade da morte na cena.
A representação de um provável câncer de mama está ligada ao conceito de impermanência da vida e tem o significado de punição", disseram os autores, repercute o The Independent.
O afresco
A análise foi feita em uma mulher que está no canto inferior esquerdo da cena, que usa um lenço azul na cabeça — uma indicação de que ela era casada. Os estudiosos apontam que enquanto seu seio esquerdo mostra sinais de amamentação, o direito possui um "mamilo significativamente retraído e deformado" e uma "leve protuberância consistente com um caroço".
Da mesma forma, em direção à axila esquerda, outra pequena protuberância é vista, o que pode representar nódulos aumentados", apontam.
Além das artes, Michelangelo também é reconhecido por seu interesse pela anatomia humana, o que pode explicar a representação. "Michelangelo, que começou a auxiliar em autópsias quando tinha 17 anos, teria observado diversas patologias, potencialmente incluindo [câncer de mama]", disseram os autores da pesquisa.
A conclusão foi tomada após os estudiosos analisarem outros seios de outras pinturas e esculturas feitas pelo artista. "O resultado da nossa observação indica que Michelangelo tinha conhecimento de seios saudáveis de diferentes tamanhos e morfologias e os adaptou às personagens femininas bíblicas".
"Já sabemos muito sobre o câncer no início da Europa moderna", aponta a historiadora médica da Universidade de Edimburgo, Dra. Agnes Arnold-Forster, acrescentando que muitas pessoas acreditavam erroneamente que era uma doença do século 20, quando, na verdade, era descrita em textos de médicos da época e contida nos primeiros obituários de jornais — mas sua representação não era comum na arte da época.
De modo geral, pinturas renascentistas de corpos representam uma forma idealizada. Mesmo que você veja uma aberração no corpo, você não necessariamente vai pintá-lo", finalizou.