Polidas e reluzentes: A beleza perdida das pirâmides do Egito
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Aventuras Na História
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Quando pensamos nas pirâmides do Egito, imaginamos imponentes monumentos de pedra com uma tonalidade arenosa, mesclando-se ao deserto ao redor. No entanto, essas estruturas icônicas eram originalmente cobertas por uma camada de calcário branco polido, que refletia a luz do sol e as fazia brilhar no horizonte.
Há mais de 4.000 anos, quando as pirâmides foram erguidas para servirem de túmulos aos faraós egípcios, trabalhadores transportavam blocos de calcário em barcos pelo rio Nilo até o canteiro de obras em Gizé. Essas pedras polidas, pesavam toneladas cada. Esse revestimento não apenas aumentava o esplendor das pirâmides, mas também demonstrava a sofisticação da engenharia egípcia, criando um exterior branco quase sem emendas.
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O tempo, no entanto, foi implacável com esse revestimento. A maior parte do calcário foi desgastada, destruída ou reaproveitada em outras construções ao longo dos séculos. Ainda assim, vestígios desse brilho original podem ser vistos no topo da Pirâmide de Quéfren, a segunda maior de Gizé.
Segundo Mohamed Megahed, professor assistente do Instituto Tcheco de Egiptologia da Universidade Charles, em Praga, "todas as pirâmides eram revestidas com calcário branco fino". Essa cobertura conferia uma superfície lisa e reluzente às construções, tornando-as ainda mais impressionantes sob o sol do deserto.
A remoção das pedras de revestimento começou há milênios. Esse processo se intensificou durante o século 12 d.C., quando governantes egípcios utilizaram o calcário retirado das pirâmides em construções islâmicas no Cairo. Um terremoto em 1303 d.C. também pode ter contribuído para o desprendimento de algumas dessas pedras, segundo a BBC News.
Detalhes sofisticados
Além do calcário branco, algumas pirâmides possuíam detalhes ainda mais sofisticados. A Pirâmide de Quéfren, por exemplo, tinha granito vermelho revestindo suas camadas inferiores. Já a Pirâmide de Miquerinos, a menor das três principais de Gizé, também contava com granito vermelho em suas bases.
No topo dessas pirâmides, havia os chamados piramidions, pedras de ápice revestidas com electrum, uma liga de ouro e prata, que faziam com que os monumentos brilhassem ainda mais.
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Hoje, as pirâmides estão desgastadas pelo tempo, mas ainda revelam segredos sobre sua construção. A Pirâmide de Miquerinos, por exemplo, exibe um grande corte visível em sua face norte, um detalhe que intriga arqueólogos e visitantes.
Como observou Yukinori Kawae, arqueólogo do Instituto de Pesquisa Avançada da Universidade de Nagoya, no Japão, ao Live Science: "Quando você vê a Pirâmide de Miquerinos pelo lado norte, pode perceber um grande corte, como uma depressão enorme".
Esse dano, apesar de representar uma perda histórica, também se tornou uma oportunidade para pesquisadores. "Essa é uma área importante para os arqueólogos porque nos permite ver as estruturas internas das pirâmides", concluiu Kawae.
As pirâmides do Egito continuam a fascinar estudiosos e curiosos de todo o mundo, revelando novos detalhes sobre seu passado a cada descoberta. O que hoje parece um monumento gasto pelo tempo, um dia foi uma das estruturas mais brilhantes e impressionantes da antiguidade.
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