Alimentação influencia no surgimento de cabelos brancos; entenda a relação
Bons Fluidos

Durante muito tempo, os cabelos brancos foram vistos apenas como um sinal inevitável da passagem do tempo. Mas, hoje, já se sabe que o surgimento precoce do grisalho vai muito além da estética: ele pode ser um recado importante do corpo sobre nutrição, estresse, inflamação e até sobrecarregamento celular.
Segundo a nutricionista Ana Melillo em entrevista à CNN, “a coloração dos cabelos depende da quantidade de melanina produzida nos folículos capilares. Quando essa produção diminui, os fios perdem o pigmento natural”. Isso acontece naturalmente com o envelhecimento, mas quando surge cedo demais, merece atenção.
A ciência por trás da cor dos fios
A cor do cabelo é determinada pela melanina, pigmento produzido pelos melanócitos, células localizadas nos folículos capilares. Com o tempo, esses melanócitos reduzem sua atividade e, quando desaparecem completamente, o fio nasce branco.
Mas a idade não é o único fator envolvido. A genética tem peso significativo – e um gene em especial, o IRF4, está diretamente ligado ao controle da produção de melanina. Alterações nele podem antecipar o grisalho mesmo em pessoas jovens e saudáveis.
Considera-se embranquecimento precoce quando o fenômeno acontece antes dos 20 anos em pessoas brancas, antes dos 25 anos em asiáticas e antes dos 30 anos em pessoas negras. Nessas situações, o cabelo pode estar sinalizando deficiências nutricionais, inflamação crônica, estresse oxidativo ou alterações sistêmicas que merecem investigação.
Influência da alimentação
Entre os fatores que mais interferem na pigmentação do cabelo, a nutrição ocupa um lugar central. Isso porque a formação de melanina depende de vitaminas, minerais e proteínas específicas. Dentre as vitaminas que sustentam a cor dos fios, estão:
- B12 e B9 (folato): essenciais para renovação celular e metilação, processos fundamentais para a saúde dos folículos;
- B7 (biotina): contribui para fios mais fortes, resistentes e menos sujeitos ao branqueamento precoce;
- Vitamina D: baixa ingestão se relaciona a queda, afinamento e envelhecimento do fio;
- Vitamina E: antioxidante, protege as células pigmentares de danos causados por radicais livres;
- Vitamina A: ajuda a manter o couro cabeludo hidratado e equilibrado.
Minerais que realmente fazem diferença
- Cobre: essencial na atividade da tirosinase, enzima-chave para produção de melanina;
- Ferro: melhora o aporte de oxigênio aos folículos;
- Zinco: participa de processos antioxidantes e regenerativos.
Aminoácidos que sustentam melanina e queratina
Metionina e cisteína são importantes porque auxiliam na produção de glutationa, um potente antioxidante celular. Dietas restritivas, pobres em proteínas ou carregadas de ultraprocessados aumentam inflamação e estresse oxidativo, acelerando o embranquecimento.
Estresse, inflamação, sono e ambiente
O corpo inteiro participa do processo de envelhecimento capilar. Estresse crônico, exposição à poluição, privação de sono e hábitos inflamatórios contribuem para danos acumulativos nos melanócitos. Melillo explica: “O estresse oxidativo é o desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do corpo de neutralizá-los com antioxidantes. Quando esse quadro se prolonga, ele danifica as células, inclusive os melanócitos.”
Genes como IL6, TNF e SOD2 também têm papel importante. Quando ativados por alimentação inflamatória, tabagismo ou noites ruins de sono, eles amplificam a morte celular e aceleram a perda de pigmento. Dormir bem, portanto, é uma das medidas mais simples para proteger os fios – o sono participa diretamente da regeneração celular e do equilíbrio hormonal.
É possível reverter cabelos brancos?
Quando os melanócitos morrem completamente, o branqueamento é irreversível. Mas, quando o problema é nutricional, inflamatório ou oxidativo, é possível desacelerar e até observar repigmentação leve em alguns casos. A base desse cuidado está em adotar uma alimentação anti-inflamatória, incluindo proteínas magras, frutas e vegetais variados, castanhas e sementes, gorduras boas, alimentos ricos em cobre, ferro e zinco, antioxidantes como vitamina C, resveratrol, cúrcuma e CoQ10.
Alimentos que ajudam a preservar a cor do cabelo
Entre os aliados do cardápio, destacam-se:
- Vegetais ricos em luteolina: brócolis, cenoura, cebola, pimentão – antioxidantes que protegem os melanócitos;
- Fontes de vitamina B12 e ferro: carnes magras, ovos, laticínios – melhoram circulação e oxigenação do couro cabeludo;
- Oleaginosas e frutos do mar: ricos em cobre, zinco e cálcio, fundamentais para a pigmentação e força dos fios;
- Proteínas de boa qualidade: leguminosas, peixes e carnes sustentam o crescimento saudável e a produção de melanina.
A regra é clara: sem nutrientes suficientes, o corpo prioriza funções vitais – e os cabelos ficam em segundo plano.
Aceitar os fios brancos também faz parte do cuidado
Embora existam estratégias para retardar o processo, o embranquecimento é inevitável em algum momento da vida. Ele faz parte da biologia humana – e também da história de cada pessoa. Felizmente, a percepção social está mudando, e cada vez mais pessoas encaram o grisalho como símbolo de autenticidade, maturidade e liberdade estética. Cuidar da alimentação, do estresse, do sono e da saúde mental ajuda a preservar os fios, mas a forma como escolhemos viver esse processo também é um componente importante de bem-estar.
