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Brasil bate recorde no número de idosos trabalhando, diz relatório
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Brasil bate recorde no número de idosos trabalhando, diz relatório

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Bons Fluidos
04/12/2025 18h25
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O Brasil atravessa uma transformação histórica na forma como envelhece. Pela primeira vez desde o início das medições, em 2012, um em cada quatro brasileiros idosos (com 60 anos ou mais), estava trabalhando em 2024. O dado, divulgado pelo IBGE, mostra que a taxa de ocupação dessa faixa etária chegou a 24,4%, ultrapassando os 23% registrados no ano anterior e alcançando o maior nível da série.

O movimento não é isolado: ele acompanha o aumento da expectativa de vida, mudanças nas estruturas familiares, altos índices de informalidade e, principalmente, os impactos da Reforma da Previdência de 2019, que elevou o tempo necessário de contribuição. Como resume o próprio IBGE, esses fatores tendem a levar à permanência das pessoas no mercado de trabalho por mais tempo.

Um país que envelhece e continua produzindo

Em 2024, o Brasil chegou a 34,1 milhões de idosos, o equivalente a quase 20% da população em idade de trabalhar. Entre eles, 55,9% são mulheres, mas os homens ainda têm maior presença no mercado: 34,2% deles continuam ativos, contra 16,7% das mulheres. 

A diferença de gênero é explicada por fatores históricos. Regras distintas de aposentadoria, menor participação feminina ao longo da vida laboral e a carga desproporcional de tarefas domésticas e de cuidado – o chamado “trabalho reprodutivo”. Ainda assim, o avanço entre as mulheres foi expressivo. Em 2019, apenas 14,6% delas estavam ocupadas; em 2024, o índice chegou a 16,7%.

Desemprego em queda e trabalho mais longo

A taxa de desemprego entre idosos caiu de 3,5% para 2,9%, a menor da série histórica. No grupo de 60 a 69 anos, quase metade dos homens (48%) continua trabalhando, enquanto entre as mulheres essa proporção é de 26,2%. Acima dos 70 anos, como esperado, a presença no mercado diminui, mas ainda assim 15,7% dos homens seguem ativos e 5,8% das mulheres permanecem trabalhando. Esses números refletem tanto a capacidade produtiva ampliada pela longevidade quanto a necessidade econômica de estender a vida laboral.

Trabalho por conta própria domina entre os idosos

O retrato da ocupação revela uma característica marcante: a informalidade é alta. 43,3% trabalham por conta própria, 7,8% são empregadores e apenas 17% têm carteira assinada. Ao todo, 55,7% dos idosos trabalham de forma informal, índice muito superior ao observado na população geral (40,6%). Entre pessoas pretas e pardas, a situação é ainda mais desigual: apenas 38,8% têm vínculos formais. Essa realidade evidencia que parte significativa dos idosos trabalha não só por escolha, mas por necessidade – e muitas vezes sem proteção trabalhista ou previdenciária.

Renda maior, mas desigual

Apesar da informalidade, os idosos ativos recebem, em média, R$ 3.561 – cerca de 14,6% mais que a média geral da população ocupada (R$ 3.108). Isso reflete experiência, especialização e maior tempo de atividade. Mas também há desigualdades importantes: homens idosos ganham 33,2% mais do que mulheres idosas. Além disso, idosos brancos recebem 48,7% mais que idosos pretos ou pardos.

E o que esses dados revelam sobre o Brasil de hoje? A ocupação recorde de idosos no mercado de trabalho aponta para um fenômeno global: a chamada longevidade ativa. Pessoas vivem mais, mas também desejam (ou precisam) continuar produzindo e gerando renda.

Ao mesmo tempo, o cenário expõe desafios profundos: desigualdades de gênero e raça; forte dependência da informalidade; necessidade de ampliar políticas públicas para inclusão, segurança financeira e proteção trabalhista; revisão contínua do sistema previdenciário e das condições de permanência no trabalho.

A tendência é que esse movimento se intensifique nos próximos anos, reforçando a necessidade de olhar para o envelhecimento não apenas como etapa final da vida, mas como um período produtivo, diverso e cheio de possibilidades – desde que acompanhado de políticas que garantam dignidade e bem-estar.

Leia também: Qual o segredo do cérebro dos ‘superidosos’? Veja o que diz a ciência”

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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