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Como os pets ajudam no desenvolvimento emocional e social das crianças?
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Como os pets ajudam no desenvolvimento emocional e social das crianças?

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Bons Fluidos
30/07/2025 15h53
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Ter um animal de estimação durante a infância pode ser muito mais do que uma experiência divertida ou afetiva. Pesquisas recentes mostram que a convivência com pets tem impactos significativos no desenvolvimento emocional das crianças, contribuindo para o fortalecimento da empatia, da autoestima, do senso de responsabilidade e até do desenvolvimento de uma postura mais inclusiva e aberta às diferenças, tanto na relação com animais quanto com colegas e familiares.

Convivência com os animais

De acordo com pesquisa realizada na Austrália com mais de 1.600 pessoas, 95% consideram os pets parte da família. Esse fator gera grande impacto na criação dos filhos, mostrando que crianças que crescem com animais tendem a apresentar níveis mais altos de empatia e habilidades sociais mais desenvolvidas do que aquelas que não têm contato com pets.

Portanto, entender como garantir que essa convivência seja benéfica é fundamental, ao mesmo tempo é importante aprender o que evitar para não torná-la problemática para nenhum dos envolvidos. Mais do que companhia, os animais funcionam como suporte emocional silencioso e ajudam na construção de vínculos afetivos seguros.

“Crianças que crescem com pets tendem a desenvolver uma visão mais inclusiva do mundo. Elas aprendem, desde cedo, que seres diferentes têm o mesmo valor e merecem cuidado, atenção e respeito, e isso pode resultar em posturas mais empáticas nas relações com colegas e familiares”, explica a psicoterapeuta Renata Roma, doutora pela Brock University e pós-doutora pela University of Saskatchewan, no Canadá.

Vínculo positivo

A psicoterapeuta vem estudando o impacto dos pets na saúde emocional das crianças por mais de 10 anos. Ela explica que essa relação também exige atenção. Para que o vínculo entre criança e pet seja realmente positivo, é essencial que haja orientação, supervisão e respeito aos limites – tanto da criança quanto do animal.

A seguir, Renata Roma apresenta algumas formas pelas quais os pets contribuem para o desenvolvimento emocional infantil e orienta pais, mães e educadores sobre como incentivar uma convivência mais consciente, respeitosa e transformadora.

1. Empatia na prática

Conviver com um pet exige perceber, interpretar e respeitar os sinais do outro – mesmo que ele não fale. “A criança aprende a entender quando o animal está feliz, assustado, cansado ou com dor. Esse exercício constante de se colocar no lugar do outro é o que chamamos de empatia. E, quanto antes ela for desenvolvida, mais naturalmente será aplicada nas relações humanas também”, explica a psicóloga.

2. Autorregulação emocional

Os pets oferecem conforto emocional mesmo sem palavras. Segundo Renata, muitos estudos indicam que crianças que vivem com animais conseguem se acalmar mais facilmente em momentos de estresse. “Abraçar, acariciar ou apenas estar perto do pet reduz a ansiedade, diminui a produção de cortisol e aumenta a liberação de ocitocina, o hormônio associado à formação de vínculos sociais, comportamentos de cuidado e empatia”, aponta.

3. Responsabilidade e rotina

A convivência com animais também ensina noções importantes de cuidado e rotina. “Com o apoio dos adultos, a criança pode se envolver em tarefas como trocar a água, escovar o pelo ou alimentar o pet. Essas ações fortalecem a noção de responsabilidade e o senso de utilidade, o que tem impacto direto na autoestima. No entanto, é fundamental deixar claro que, em nenhum contexto ou idade, a criança deve ser colocada como a principal responsável pelo pet – o acompanhamento e a supervisão dos adultos são indispensáveis”, afirma Renata.

4. Inclusão e senso de pertencimento

Segundo a especialista, crianças que convivem com pets desenvolvem um olhar mais acolhedor para as diferenças. “O animal tem necessidades próprias, utiliza prioritariamente a linguagem não verbal e tem um jeito único de interagir. Isso ajuda a criança a perceber que, para se relacionar, muitas vezes é necessário ajustar-se ao outro. Mesmo que o pet não tenha limitações físicas ou não seja adotado, estimula-se uma visão mais inclusiva. Por serem de outra espécie, com necessidades e formas de comunicação distintas das humanas, os animais ajudam a criança a enxergar o mundo de maneira menos hierarquizada – aprendendo a valorizar diferentes formas de existir, de se expressar e de se comunicar”, diz.

5. Laços afetivos seguros

A relação com o pet oferece uma oportunidade única de estabelecer vínculos seguros. “O animal não julga, não cobra e está sempre presente. Esse tipo de relação cria uma base emocional positiva, que pode inclusive ajudar a reparar ou compensar outras relações afetivas frágeis na infância. Além disso, também podem ajudar as crianças a lidarem com separações familiares ou desafios escolares, incluindo o bullying. A presença do pet pode trazer uma base segura em tempos de mudança, inseguranças e perdas”, destaca Renata Roma.

Preparando o coração para o adeus: como lidar com o luto infantil

Renata Roma também é certificada pela American Institute of Health Care Professionals (AIHCP) para oferecer suporte para crianças e adolescentes no momento de lidar com a perda de um pet. Ela destaca que o luto por um animal de estimação costuma ser o primeiro contato da criança com a morte – e, por isso, é uma experiência que pode marcar profundamente. “Muitos adultos evitam falar sobre a morte com clareza, usando frases como ‘ele foi embora’ ou ‘está dormindo’. Isso confunde a criança e pode gerar medos desnecessários”, alerta a psicoterapeuta.

Segundo ela, o melhor caminho é dizer a verdade com sensibilidade e clareza, permitindo que a criança expresse sua dor. Criar pequenos rituais, desenhar, escrever cartas ou montar um cantinho de lembrança são formas saudáveis de atravessar o luto. “É essencial que o ambiente permita nomear os sentimentos, sem pressa para superar. O luto não é algo que se apaga – é algo que se elabora. E ensinar isso para uma criança é um grande ato de amor”, finaliza.

Atenção aos limites

Apesar de todos os benefícios, reforça-se a necessidade de orientação de adultos na convivência entre pets e crianças. “Essa é uma relação complexa que não está imune a conflitos, especialmente quando o animal não corresponde às expectativas da família ou da criança”. Renata acrescenta que “é importante ensinar que o animal tem sentimentos, limites e precisa ser respeitado. Além disso, os adultos devem supervisionar o contato, especialmente com crianças pequenas, para garantir a segurança de ambos”, analisa.

Ela também alerta para a importância de observar como a criança se comporta diante do pet: “Se houver agressividade ou descuido, isso pode ser sinal de que ela está expressando algo que não consegue verbalizar. O comportamento com o animal pode revelar aspectos emocionais que precisam de atenção”, completa a psicoterapeuta.

A convivência com um pet, quando bem conduzida, pode ser uma grande aliada no processo de crescimento emocional e social das crianças. Mais do que um “melhor amigo”, o animal pode ser um espelho de cuidado, afeto e construção de vínculos saudáveis – para toda a vida. Esses benefícios tendem a ser ainda mais evidentes em famílias que tratam os animais como membros de fato, integrando-os ao cotidiano e às dinâmicas familiares.

“Mais do que simplesmente ter um pet, o fundamental é refletir sobre o papel que ele ocupa e como é percebido pelos adultos ao redor. O conceito de famílias multiespécies – no qual os animais participam de momentos como lazer, férias e celebrações – tem ganhado espaço em pesquisas recentes e reforça como essa integração contribui para que as crianças desenvolvam relações mais horizontais, empáticas e menos hierarquizadas com o mundo à sua volta”, conclui Renata Roma.

*Texto escrito em parceria com Renata Roma e Comunica PR

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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