Como saber que um adulto tem autismo?
Bons Fluidos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente, 70 milhões de pessoas no mundo ganharam o diagnóstico de autismo. Enquanto no Brasil, apesar de ainda não haver estatísticas próprias, se estima que 6 milhões de brasileiros possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) – nomenclatura atualmente utilizada pelos profissionais da saúde mental.
Diagnósticos aumentaram
Se você parar para pensar, deve conhecer, pelo menos, uma pessoa diagnosticada com TEA . A impressão que se dá – e o que se ouve por aí – é que cada vez mais crianças estão nascendo com a condição. Porém, de acordo com a neuropediatra Dra.Gladys Arnez, o cenário é bem diferente. Entenda:
Há três fatores responsáveis pela mudança. Primeiramente, são os manuais, que ajudam a guiar os psicoterapeutas (CID e DSM-5), e que ganharam uma atualização em 2013. Foi a partir desse momento que o nome correto passou a ser Transtorno do Espectro Autista , já que ocorreram um aprofundamento dos estudos e um aumento das descobertas sobre o Espectro, fazendo com que os critérios do diagnóstico se modificassem.
O segundo veio através do conhecimento dos pais, que, agora, notam o comportamento diferenciado de seus filhos e procuram por ajuda na psicoterapia. “Antigamente, crianças, que hoje seriam classificadas com o nível 1 do TEA, – o mais baixo de todos – passavam despercebidas. Eram vistas como exemplos que tinham problemas na escola, dificuldade de se socializar, que dificilmente se encaixavam e preferiam o isolamento “, exemplifica.
O terceiro vem interligado com este último, pois os adultos com sintomas mais brandos de TEA seguiram sua vida. “É aquele que fez sua graduação, formou sua família, mas teve muita dificuldade no processo. Atualmente, depois de mais velho, ele pode ter depressão e/ou ansiedade, por causa, principalmente, da dificuldade de socialização, interação social e reciprocidade social”, explica.
O adulto e o TEA
Para entender melhor, Arnez deu mais detalhes: “O comportamento de um adulto com TEA vai ser sempre composto por aquela falta de interação . Ele prefere ficar mais sozinho, tem certa dificuldade para participar de festas, faz pouco contato visual, demora para se socializar com as pessoas do trabalho e, muitas vezes, muda bastante de emprego. Então todas essas características pesam muito no adulto porque acaba sendo uma barreira na vida profissional e pessoal”.
Sintomas
A especialista aponta que o TEA nível 1 começa a se mostrar de forma mais rigorosa na adolescência . “Chega um momento que o adolescente começa a ter problema de ansiedade e depressão. Isso acaba sendo ainda mais marcante na idade adulta por causa dessas barreiras do adulto, como trabalho, família e faculdade”, conta.
E, nesses momentos, o melhor a fazer é terapia . “Vá em busca de um acompanhamento com um médico especialista. O adulto pode superar essas barreiras da socialização com a psicoterapia”, conclui.