Dia das Bruxas: entenda a origem do Halloween e seu significado

Comemorado em 31 de outubro, o Halloween de 2025 acontece nesta sexta-feira – e promete movimentar festas, fantasias e decorações por todo o Brasil. Embora tenha origem estrangeira, o chamado Dia das Bruxas ganhou cada vez mais espaço no calendário brasileiro desde os anos 1990, impulsionado pelos filmes de terror e pela cultura pop. Mas por trás das abóboras e fantasias, há uma história milenar que mistura espiritualidade, tradição e simbolismo.

As origens do Halloween

Em entrevista ao Globo, a historiadora Tupá Guerra, da Universidade de Brasília (UnB), explica que o Halloween nasce da fusão de costumes celtas e cristãos. Entre os celtas, o festival Samhain marcava o fim do verão e o início do inverno. É uma espécie de “Ano Novo” que celebrava o fim das colheitas e o início da parte escura do ano. Para eles, esse período representava renascimento e transição, não medo. “Os celtas não viam a escuridão como algo maligno, mas como o início da vida. Assim como os bebês são formados no escuro da barriga das mães, a vida também começa no escuro”, explica Tupá.

Com o tempo, a tradição cristã incorporou o sentido espiritual da data. O 31 de outubro passou a ser a véspera do Dia de Todos os Santos (1º de novembro), seguido pelo Dia de Finados (2 de novembro) – ambos dedicados à lembrança dos que já partiram. O nome “Halloween” vem justamente de All Hallows’ Eve, que significa “véspera de todos os santos”.

Como o Halloween se espalhou pelo mundo

Durante a Idade Média, o Allhallowtide, período entre 31 de outubro e 2 de novembro, reunia rituais de oração e vigílias em memória dos mortos. Séculos antes, no entanto, os povos celtas já acreditavam que nesta data o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos se tornava mais tênue. Para afastar espíritos, acendiam fogueiras e usavam máscaras, prática que inspirou o hábito moderno de se fantasiar.

A celebração cruzou oceanos com os imigrantes irlandeses e escoceses, chegando aos Estados Unidos, onde ganhou o formato popular que conhecemos hoje: crianças batendo de porta em porta, festas temáticas, doces e travessuras.

No Brasil, o Halloween começou a aparecer timidamente na década de 1990, graças ao cinema e à influência cultural norte-americana. Aqui, a data ganhou um tom mais lúdico e colorido – com festas, fantasias e brincadeiras, mas sem o peso religioso que ainda existe em países de origem celta.

Personagens que se tornaram tradições

A tradição de esculpir abóboras iluminadas nasceu de uma antiga lenda irlandesa. Jack O’Lantern seria um homem que enganou o diabo. Por isso, o condenaram a vagar pela eternidade com apenas uma brasa dentro de uma abóbora para iluminar o caminho. Desde então, essas lanternas são vistas como amuletos contra espíritos e símbolos de proteção nas noites de Halloween.

As bruxas, figuras centrais do imaginário da data, representam antigas mulheres sábias, conhecedoras da natureza e das ervas, que foram injustamente associadas à magia durante a Idade Média. Já criaturas como lobisomens e fantasmas vêm das antigas crenças europeias sobre a influência da lua e a transformação das forças da noite. Essas histórias ajudaram a construir o universo do Halloween moderno, onde o medo se mistura à diversão e o mistério ganha um toque de encantamento.

O simbolismo por trás da noite mais misteriosa do ano

O 31 de outubro representa a transição entre o outono e o inverno no hemisfério norte. Este é o ponto em que as noites superam os dias, um símbolo da passagem da luz para a escuridão. Esse contraste inspirou rituais de reflexão, proteção e renovação, que ainda hoje se refletem na estética e no significado do Halloween. Para muitos, é uma época de reconexão espiritual. Ainda que hoje o foco esteja nas festas e fantasias, a data carrega uma energia simbólica. A ideia de que toda escuridão guarda potencial de transformação.