Muito além de carrapatos e pulgas: como proteger seu cão do bicho-de-pé
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A chegada do verão e o período de férias escolares são sinônimos de viagens em família, e muitas vezes, com a presença indispensável dos cães. Seja no litoral ou no interior, o contato com a natureza é benéfico, mas exige cuidados redobrados. Além dos carrapatos e das pulgas mais comuns, a estação quente traz à tona um vilão que, muitas vezes, passa despercebido pelos tutores: a Tunga penetrans, a menor das pulgas conhecidas, popularmente chamada de bicho-de-pé, que pode penetrar as patas do cão. Veja os detalhes:
Em quais lugares devo ter mais atenção?
Comum em solos arenosos e secos, tais quais praias, quintais de terra batida e áreas rurais, esse parasita pode causar sérios incômodos aos animais. Diferente das pulgas comuns, a fêmea do bicho-de-pé após fecundada penetra na pele. Lá, desenvolve os seus ovos, e assim, causa inflamação intensa, coceira, dor e, em casos mais graves, infecções secundárias, que podem acarretar inclusive em dificuldade de locomoção.
No Brasil, estudos já documentaram taxas de prevalência entre 16% e 55% em algumas comunidades. A doença ocorre em todo o país, desde a região amazônica até o Sul, sendo mais frequente em assentamentos urbanos precários, áreas rurais e comunidades de pescadores. Apesar disso, a tungíase não é considerada um problema de saúde pública, o que reforça seu caráter negligenciado e pouco conhecido, inclusive entre tutores.
“Muitos tutores só percebem o problema quando o cão começa a mancar ou lamber as patas excessivamente. A lesão geralmente se apresenta como um pequeno nódulo com um ponto escuro central, mas, se não tratada, pode evoluir para quadros inflamatórios severos, perda de unhas e até necrose”, explica a médica-veterinária da MSD Saúde Animal, Kathia Soares.
Como proteger seu cão do bicho-de-pé?
A melhor forma de garantir férias tranquilas é a prevenção. Por esse motivo, manter o controle antiparasitário em dia, especialmente antes de deslocamentos para áreas endêmicas, é fundamental. Além da proteção medicamentosa, a atenção dos tutores no dia a dia é essencial para evitar surpresas desagradáveis. Para ajudar nessa tarefa e garantir que a única preocupação da família seja relaxar, a especialista destacou quatro medidas fundamentais:
- Check-up: Antes de pegar a estrada, a visita ao médico-veterinário é indispensável. Aproveite a consulta para informar o destino da viagem (praia ou campo), pois cada região oferece riscos diferentes. Esse é o momento ideal para atualizar as vacinas e garantir que a proteção pulgas, carrapatos, bicho-de-pé e o mosquito-palha esteja ativa e cubra todo o período das férias.
- Inspeção diária: Outra dica é verificar as patas do peludinho diariamente após os passeios. Ao voltar da praia ou da trilha, limpe e as examine minuciosamente. Abra bem os dedos e verifique as almofadinhas, procurando por pequenos pontos escuros ou inchaços. O bicho-de-pé é minúsculo e identificá-lo no início evita muita dor de cabeça.
- Cuidado com o ambiente: O bicho-de-pé adora solos de areia seca, terra batida e locais com sombra, onde há circulação de outros animais. Se notar que o local tem condições precárias de higiene, evite que seu pet se deite, cave ou brinque ali. A prevenção também passa por escolher lugares seguros para a diversão.
- Não tente remover o bicho-de-pé: Caso encontre, resista à tentação de retirá-lo em casa com agulhas, espinhos ou pinças. Além de ser extremamente doloroso para o cão, esse procedimento pode causar infecções graves e ser até mesmo uma porta de entrada para a bactéria que causa o tétano. Então, em vez disso, procure um médico-veterinário e siga corretamente suas orientações.
Cuidar do animal é proteger a família
Por fim, vale lembrar que o problema vai além da saúde veterinária, pois o bicho-de-pé também afeta os humanos. Trata-se de uma zoonose, o que significa que o mesmo ambiente de areia ou terra que coloca o cão em risco também representa perigo para a família, especialmente crianças e adultos que andam descalços nesses locais. Ou seja, proteger o animal e evitar ambientes infestados é uma medida de Saúde Única, e assim, é possível cuidar do pet e da família simultaneamente.
*Matéria feita em parceria com Gabriela Mercês, da FSB Comunicação
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