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Por que a Geração Z é tão ansiosa? Estudos explicam
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Por que a Geração Z é tão ansiosa? Estudos explicam

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Bons Fluidos
03/12/2025 14h22
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A geração Z, formada por adolescentes e jovens adultos nascidos entre 1997 2012, tem enfrentado índices inéditos de ansiedade, estresse e insegurança emocional. Pesquisas recentes e especialistas em comportamento apontam que esses jovens não são apenas “sensíveis demais”, como sugerem algumas críticas, mas sim fruto de um contexto social, econômico e tecnológico profundamente diferente do vivido por gerações anteriores.

A combinação de hiperconexão digital, mudanças rápidas no mundo do trabalho e um ambiente social instável contribuíram para um cenário que exige atenção urgente de pais, educadores e profissionais de saúde.

O que torna a geração Z mais vulnerável à ansiedade

Durante a adolescência, o cérebro passa por transformações intensas. E é justamente nesse período que 75% das condições de saúde mental se manifestam. No caso da geração Z, esse processo acontece ao mesmo tempo em que eles enfrentam fatores estressores inéditos:

  • Exposição precoce às redes sociais e ao comparativo constante;
  • Crises políticas, econômicas e sociais desde a infância;
  • Medo da violência, como tiroteios em massa e insegurança urbana;
  • Pressão acadêmica e profissional em um mercado mais competitivo.

A sobrecarga emocional surge cedo e permanece. O psicólogo social Jonathan Haidt, autor de “A Geração Ansiosa”, alerta que a soma de hiperconexão, superproteção parental e intolerância ao desconforto criou um ambiente que favorece quadros de ansiedade e baixa resiliência emocional.

Como a ansiedade se manifesta nos jovens

A ansiedade aparece de maneiras diversas. Entre as queixas mais comuns estão: preocupação constante e medo de errar; dores de cabeça, tensão muscular e problemas gastrointestinais; alterações de sono; dificuldade de tomar decisões simples; e medo de situações sociais novas.

Em consultórios, é frequente ouvir relatos sobre jovens que evitam experiências básicas, como participar de uma entrevista de emprego ou entrar em um restaurante desconhecido sem antes checar o cardápio online. A falta de previsibilidade tem gerado verdadeiras “fobias do cotidiano”.

Comportamentos que chamam atenção: dependência, medo e insegurança

A nova geração aprendeu quase tudo por meio de tutoriais – o que trouxe autonomia em alguns aspectos, mas também dependência excessiva em outros. Um dado recente divulgado pela revista Intelligent ilustra isso: quase 20% dos empregadores afirmaram que recém-formados levaram um dos pais para a entrevista de emprego. Para quem é de outra geração, esse comportamento parece impensável. Para muitos jovens, é um pedido de segurança emocional.

O mesmo tem ocorrido em universidades, onde algumas instituições passaram a convocar pais porque alunos não conseguem lidar com demandas básicas da vida acadêmica. Essa dependência também aparece em situações simples, como escolher uma refeição. Alguns jovens evitam restaurantes novos por medo de não saber o que pedir ou quanto vão pagar. Esses comportamentos não são fragilidades individuais. São reflexos de um ambiente que reduz o contato com experiências reais e amplia a exigência por resultados perfeitos.

O peso das telas e da comparação social

Um fato é que a geração Z foi exposta cedo demais a dilemas adultos – e sem preparo emocional. As redes sociais, por exemplo, amplificam a comparação constante, o medo da rejeição, a necessidade de validação imediata e a sensação de inadequação.

Além disso, no Brasil, os jovens cresceram em meio a recessões, inflação, polarização política, pandemia e aumento do custo de vida. Hoje, segundo estudo feito pela AtlasIntel e Bloomberg: 34% se preocupam principalmente com o custo de vida; 25% temem o desemprego; e 24% se preocupam com mudanças climáticas.

Apesar de avanços importantes – como mais acesso à universidade e maior inclusão – o senso de competição também aumentou. Jovens precisam ter habilidades socioemocionais, mas ainda não tiveram tempo para desenvolvê-las.

Saúde mental: o retrato atual

Os mesmos estudos mostram uma piora em alguns hábitos da geração Z no Brasil. Atualmente, 84% dos jovens são sedentários e o consumo de ultraprocessados aumentou entre eles. Além disso, 66% dos brasileiros têm dificuldades para dormir e até 21% dos jovens relatam solidão frequente.

A falta de convivência presencial e o enfraquecimento das redes de apoio, como vizinhanças e comunidades locais, agravam o impacto psicológico desse cenário. No levantamento da OCDE, 40% das mulheres e 29% dos homens da geração Z no Brasil relataram depressão em 2024, proporções maiores que as de gerações anteriores.

Mas nem tudo é negativo. A busca pelo bem-estar é maior do que nunca, e o crescimento do mercado de wellness vem mostrando isso ao redor do mundo. Segundo o g1, mesmo diante das pressões, 41,6% dos jovens brasileiros priorizam a saúde mental atualmente. Também, cerca de 13% fazem terapia e 15% utilizam medicamentos psiquiátricos quando necessários. Muitos adotam limites no trabalho, como rejeitar ambientes tóxicos ou exigir flexibilidade.

A importância da fluidez e da autenticidade

A geração Z leva valores como autenticidade, diversidade e liberdade de expressão para todas as áreas da vida – inclusive consumo, carreira e relacionamentos. Compra tem sentido emocional, não apenas utilitário. Identidade é flexível, não fixa. Por isso, muitos jovens adiam projetos como casa própria ou casamento. Não porque não valorizem esses marcos, mas porque priorizam experiências e autonomia.

E afinal: a geração Z é frágil?

O consenso entre especialistas é claro: não, ela não é mais frágil. Ela é mais pressionada. Os desafios são inéditos: excesso de estímulos digitais, instabilidade econômica, competição profissional precoce, isolamento social e falta de preparo emocional nas escolas.

Por isso, apoiar jovens ansiosos exige equilíbrio entre acolhimento e incentivo à autonomia. É importante que pais e educadores se atentem ao estado de saúde dos filhos, além de sempre manterem conversas abertas sobre saúde mental e incentivar a autonomia.

Leia também: As redes sociais estão impactando as nossas emoções; entenda”

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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