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Vínculo fantasma: saiba o que é o novo comportamento dentro de relacionamentos
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Vínculo fantasma: saiba o que é o novo comportamento dentro de relacionamentos

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Bons Fluidos
26/09/2024 22h15
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© Canva Equipes/Kaspars Grinvalds
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Cada vez mais, ouvimos as pessoas falarem que ninguém quer compromisso e relacionamento sério, e, segundo a psicóloga clínica, Tatiana Paranaguá, a falta de maturidade emocional está virando uma epidemia de imaturidade. Com isso, ela criou o termo ‘vínculo fantasma’. Nesta matéria, te explicamos o que é, quais cuidados tomar e como saber se você está com um fantasma. Confira a entrevista dada ao ‘O Globo’:

O que é o vínculo fantasma?

O termo pode te fazer lembrar do ghosting, mas ele é muito diferente. No caso do vínculo fantasma, aquela convivência a dois leva a crer que tudo está encaminhando para algo sério, como um relacionamento duradouro. Muitas vezes, ambos já conhecem as respectivas famílias e amigos, se encontram com bastante frequência e já até conversam sobre planos futuros. Porém, do nada, uma das partes some .

“Em um vínculo fantasma, uma das partes, que chamamos de fantasma, está ali, como se estivesse “brincando”, tendo uma experiência em um parque temático, sem, de fato, vislumbrar uma profundidade. A partir do momento em que aquilo chega perto de um compromisso, ela some”, detalhou.

Reflexo da sociedade

A especialista afirmou que antes os relacionamentos não era necessariamente profundos, mas rígidos, sendo assim, com o tempo, eles ficaram superficiais. “Há um estímulo muito grande a um individualismo, que deveria ser algo voltado ao autoconhecimento, mas, na realidade, tranca a pessoa nela mesma. Não é um fenômeno novo. Todo mundo tem direito à imaturidade em si em algum momento da vida, mas tem fases em que acaba se negando ao crescimento. Esse é o problema. Elas veem o crescer como uma coisa ruim, enquanto já deveriam ter estabelecido padrões mais maduros de relacionamentos,”, especificou.

Este não é um fenômeno novo, mas Paranaguá reparou que em seu consultório e no de colegas, ele passou a surgir de forma mais intensa. “Uma coisa é ter um episódio aqui, outro ali. O que vi é que, de repente, virou uma espécie de padrão que invade a maneira de se relacionar afetivamente, é uma epidemia de imaturidade. E quando isso acontece, precisamos parar e analisá-lo. Porque de tanto uma coisa se repetir começa a parecer que ela é normal, saudável, mas não é”, explicou.

Influência do consumo

Outro ponto importante que reflete na atitude é o consumo e a necessidade de ter. “Acaba levando à uma visão de consumir o ser humano como um todo, um olhar muito materialista da vida. Em que só o que faz sentido é o prazer imediato. Buscam o afeto humano para suprir essa necessidade de um vínculo. E os aplicativos também influenciam, porque deveriam servir para expandir uma relação de contato humano real, só que fizeram o contrário. Lidam com os outros como se fossem dígitos, telas. Se eu posso apertar um botão e deixar de falar com alguém no aplicativo, eu também posso na vida real”, analisou.

Os impactos

A outra parte, que é afetada por este comportamento, fica perdida, como aponta a psicóloga. “Ela fica desnorteada quando alguma coisa simplesmente fica sem resposta. Ela não tem paz. Era algo que vinha numa crescente tão nítida e que, de repente, virou um nada. Essa necessidade muito grande de compreender o que aconteceu faz ela tentar interpretar os códigos dela mesma, e vem a tendência à culpa”, elucidou.

É então que a parte, que ficou sem saber o que fazer, começa a se culpar. “Ela pensa que ‘se isso aconteceu, é porque eu fiz alguma coisa que não estou entendendo’, porque a única coisa que vai ter para analisar é ela e os sentimentos dela. E porque imagina que o outro funciona do mesmo jeito. Isso gera baixa autoestima, insegurança e até mesmo depressão”, ressaltou.

E continuou: “A pessoa pensa ‘se eu não fiz nada de errado, é porque não sou suficiente’. Isso vai roendo as bases nas quais pisa para viver, como se tirasse o chão dela, porque nós caminhamos em cima desses códigos, nessa crença de que o outro vai nos enxergar como ser humano. Por isso, é importante nomearmos como vínculo fantasma. Assim, pode entender o fenômeno, respirar e compreender o que está acontecendo”.

Efeito reverso

Muitas vezes, a atitude pode funcionar como um espelho. “A outra também começa a agir como um fantasma, pois fica tão machucada que começa a fazer o mesmo com os outros. Aí gera-se uma epidemia de falta de crença nos vínculos verdadeiros na humanidade. A ilusão de que não precisamos de ninguém, que conseguimos ser muito felizes só. Mas isso não é verdade”, completou.

Quais os sinais?

Para quem está em um relacionamento e quer se precaver, o fantasma deixa alguns indícios antes de desaparecer de vez. “Para quem passa pela primeira vez, é complicado perceber, porque uma das questões é que o “vínculo fantasma” parece um verdadeiro até a hora que ele desaparece. Mas escutar com bons ouvidos o que aquela pessoa tem a dizer sobre os relacionamentos anteriores, a maneira como ela fala do outro, como ela conta o motivo do término. E ainda que a visão do outro seja a do outro, procurar saber se alguém a conhece, se tem algum padrão que é percebido pelos demais. Mas o principal sinal é que, quando a relação começa a aprofundar, a pessoa passa a se retrair cada vez mais”, finalizou.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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