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Pegada suicida: entenda os riscos do treino de supino inadequado
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Pegada suicida: entenda os riscos do treino de supino inadequado

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Portal Edicase
09/12/2025 19h00
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©A "pegada suicida" é uma técnica extremamente arriscada, que deve ser evitada (Imagem: Dikushin Dmitry | Shutterstock)
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A morte de Ronald José Salvador, de 55 anos, após um acidente durante o supino em uma academia de Olinda (PE), reacendeu o debate sobre segurança no treinamento de força e os riscos associados tanto à técnica inadequada quanto aos traumas torácicos graves provocados pela queda de equipamentos pesados. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu depois que a barra caiu diretamente sobre o seu peito.

Perigos da “pegada suicida”

Segundo o especialista, a “pegada suicida” pode ter sido determinante para a tragédia. “Quando o praticante não envolve o polegar, a barra fica totalmente instável. Qualquer pequeno deslize, suor ou falha de controle pode fazer o equipamento escorregar direto sobre o tórax ou pescoço. É uma técnica extremamente arriscada e nunca deveria ser usada sem supervisão”, explica.

Para ajudar a evitar acidentes, o especialista defende que academias adotem protocolos mais rígidos. “É preciso educar o aluno sobre técnica correta, sobre exercícios adequados ao nível de cada praticante e sobre riscos de variações avançadas. Segurança não pode ser negociada”, diz.

Riscos de traumas torácicos graves e complicações fatais

Além dos riscos mecânicos do exercício, o acidente acendeu o alerta para os impactos cardiovasculares que podem ocorrer quando há trauma direto no tórax. O cardiologista Dr. Raphael Boesche Guimarães explica que batidas fortes ou compressões bruscas podem desencadear complicações graves de evolução rápida — entre elas, o commotio cordis.

“O commotio cordis ocorre quando um impacto atinge o tórax justamente durante a fase mais vulnerável da atividade elétrica do coração. Isso pode levar à fibrilação ventricular em segundos. Sem tratamento imediato, o desfecho é quase sempre fatal”, afirma o médico.

Embora a condição seja mais comum em esportes de impacto, como beisebol e futebol, o cardiologista reforça que a queda de barras pesadas pode gerar consequências semelhantes. Entre as complicações possíveis, ele cita:

  • Ruptura de coronárias ou grandes vasos, como a aorta;
  • Contusão cardíaca, com dano direto ao músculo;
  • Pneumotórax hipertensivo, que impede o funcionamento adequado do coração;
  • Arritmias traumáticas;
  • Descompensação de cardiopatias pré-existentes, como miocardiopatia hipertrófica;
  • Eventos trombóticos, como trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar, desencadeados pelo trauma.

“Mesmo pessoas jovens e aparentemente saudáveis podem sofrer complicações fatais após impactos dessa natureza. Trauma torácico nunca é simples”, reforça.

Avaliação médica e acompanhamento profissional são fundamentais

O Dr. Raphael Boesche Guimarães destaca que, antes de iniciar treinos intensos com pesos, é importante passar por avaliação médica, principalmente para detectar condições que podem aumentar o risco de eventos graves durante o esforço.

Além disso, Alexandre Rocha reforça o papel da supervisão profissional:

  • Treinar com cargas adequadas ao nível individual;
  • Progredir gradualmente;
  • Utilizar travas e apoios de segurança no supino;
  • Ter um spotter, pessoa responsável por auxiliar, especialmente em cargas altas;
  • Revisar a técnica periodicamente com instrutores capacitados.

“Treinar não é só levantar peso; é dominar a técnica. E, sempre que possível, com alguém acompanhando”, ressalta Alexandre Rocha.

Desfibrilador pode salvar vidas

Outro ponto essencial é a presença de DEA (Desfibrilador Externo Automático) nas academias, além de profissionais treinados para utilizá-lo. “A única forma eficaz de tratar uma fibrilação ventricular é a desfibrilação precoce. Se a academia tem o equipamento e alguém preparado, as chances de sobrevivência aumentam drasticamente”, explica o cardiologista.

Principais causas de acidentes em academias

Os especialistas reforçam que acidentes semelhantes ao que aconteceu em Pernambuco geralmente envolvem:

  • Técnica inadequada, como a “pegada suicida”;
  • Ausência de spotter;
  • Fadiga extrema no final da série;
  • Barras sem ranhuras adequadas (knurling);
  • Equipamentos mal ajustados.

Prevenir é salvar vidas

Para os especialistas, a tragédia serve como um alerta urgente. “Traumas no tórax podem causar desde arritmias fatais até rupturas internas graves. Academias equipadas, com protocolos rígidos e supervisão qualificada, literalmente salvam vidas”, conclui o Dr. Raphael Boesche Guimarães.

Priorizar a segurança é essencial durante a prática de qualquer exercício. “Não dá para normalizar práticas arriscadas. Técnica correta e segurança são tão importantes quanto a carga usada”, finaliza Alexandre Rocha.

Por Daiane Bombarda

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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