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Disruptores endócrinos: o que são e como afetam inevitavelmente o corpo humano?
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Disruptores endócrinos: o que são e como afetam inevitavelmente o corpo humano?

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Bons Fluidos
29/03/2023 22h31
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Talvez você nunca tenha ouvido esse termo e não tenha a mínima noção do que se trata, mesmo estando exposto a eles no seu dia a dia. O próprio nome já dá uma pista: são compostos químicos que desregulam nosso sistema endócrino, nosso sistema hormonal e por isso é importante demais termos pelo menos uma ideia do que são e como minimizar os efeitos dos mesmos sobre nosso organismo, já que o impacto que causam em nossa saúde é enorme – e ainda não é plenamente conhecido.

Durante milênios, os organismos humanos e animais adaptaram-se aos disruptores endócrinos dos vegetais, cereais e frutas (maçã, cereja, ameixa, batata, cenoura, ervilha, feijão, soja, trigo, aveia, cevada, centeio, salsa, alho), sendo naturalmente excretados acumulo no organismo. Mas, quando se trata de produtos químicos, eles se acumulam principalmente no tecido adiposo, mimetizando os hormônios glandulares.

Os disruptores endócrinos (DE) não são ainda tão comentados, porque a grande maioria não produz um efeito tão evidente a curto prazo. O grande problema é que os danos ao organismo têm caráter acumulativo e vão se somando dia após dia, sendo agravados com o passar do tempo.

Algumas dessas substâncias são transplacentárias, isso é, na gestação podem afetar o feto e se fixar ao leite materno. Além disso, todo o acúmulo desses agentes tóxicos ao longo dos anos no organismo da mãe também pode ser ingerido pelo recém-nascido.

Muitas vezes, inclusive, esses danos só ficam evidentes após anos ou décadas de exposição. O problema é que a conta chega e quanto mais idosos, menores são as defesas do organismo e maior a resposta desses inimigos “invisíveis” que nos afetam pelo contato direto com a pele, através da dieta ou pela respiração.

As células do nosso corpo sinalizam e se comunicam por moléculas – os hormônios – essenciais para o bom funcionamento de inúmeras funções corporais. Os DEs agem como vilões porque conseguem imitar nossos hormônios, portanto, alteraram o bom funcionamento do organismo e afetam diretamente nossa saúde.

Existe uma lista enorme de mais de mil produtos químicos entre pesticidas, ftalatos, parabenos, bisfenóis, triclosan, benzofenonas, retardadores de chama, entre outros com essa capacidade disruptiva, mas devido à sua grande presença no nosso dia a dia, a exposição aos DEs é generalizada e contínua.

Alguns estudos em grandes populações já demonstraram que alguns desses produtos químicos encontram-se em amostras biológicas de mais de 95% dos participantes. Ou seja, não temos como fugir! Confira lista:

Lista de disruptores endócrinos
Lista de disruptores endócrinos – Active Caldic

Quanto a exposição

Embora em doses baixas, estamos continuamente expostos, como disse acima. Eles podem entrar em nosso corpo através do contato direto com a pele, através da dieta ou pela respiração, assim como também possuem a capacidade de atravessar a placenta e, consequentemente, atingir o feto e o leite materno.

Alguns DEs chamados de persistentes, como os encontrados em certos pesticidas, podem permanecer em nosso corpo por até dez anos, já outros não persistentes, como parabenos ou bisfenóis, permanecem no nosso organismo de algumas horas a dias. Tudo isso vai depender do quão saudável estamos, já que, quanto melhor estiver a nossa saúde, menos tempo eles permanecem no nosso corpo. Enquanto mais saudáveis estamos, mais rapidamente os eliminamos.

Se não bastasse o sistema endócrino, outros sistemas e funções essenciais do corpo são afetados pelos DEs, que, dependendo de sua estrutura, podem ter efeitos adversos, como, por exemplo, na saúde respiratória, cardiovascular, metabólica, cognitiva, reprodutiva ou mesmo no desenvolvimento que vai desde o pré-natal até a idade adulta.

Ainda não conhecemos os efeitos completos para a saúde da maioria desses compostos. Vários estudos em animais e humanos os associaram ao aumento de certos tipos de câncer, obesidade, infertilidade, diabetes, asma e problemas de desenvolvimento neurológico.

Talvez o mais conhecido disruptor endócrino seja o bisfenol A, um composto muito utilizado para fazer plásticos de policarbonato e resinas epóxi, comumente presente em recipientes para armazenar comida, como potes, garrafas plásticas ou latas de conserva. Em estudos com animais, a exposição ao bisfenol A teve associação a um risco aumentado de obesidade, diabetes, distúrbios de hiperatividade e câncer de mama e próstata.

Notavelmente, alguns desses estudos detectaram esses efeitos em doses baixas, abaixo do limite atualmente estabelecido como seguro.

Disruptores endógenos e seus efeitos

Atualmente, existem estudos suficientes que comprovam o potencial obesogênico dos DE, em especial no que se refere à exposição durante o período intrauterino. Obesogênicos são produtos químicos, ou xenobióticos naturais, que promovem a obesidade, aumentando o número de células adiposas, alterando o armazenamento de lipídios em células adiposas preexistentes, interferindo nos mecanismos através do qual o corpo regula o apetite e a saciedade. Ou seja, quanto mais intoxicados estamos, maiores são as possibilidades de ficarmos obesos.

Além da obesidade, pesquisas realizadas com testes in vitro ou com animais de laboratório e estudos epidemiológicos vinculam a exposição humana aos DE à síndrome metabólica e ao diabetes tipo 2. A maioria dessas pesquisas incluem os DE: DES, bisfenol A (BPA), Diclorodifeniltricloroetano (DDT) e seus metabolitos, Tributil-estanho (TBT) e ftalatos, todos relacionados à atividade obesogênica.

Ainda precisamos estudar mais o mecanismo de ação dos DEs relacionados à obesidade, mas pesquisas já apontam que essas substâncias podem se ligar diretamente aos receptores hormonais nucleares que agem na regulação da diferenciação e proliferação de adipócitos ou impactar o metabolismo e transporte de hormônios endógenos.

Alterações epigenéticas – que diz respeito a alterações do DNA que não modificam sua sequência – afetam a atividade de um ou mais genes que são sensíveis a modificações ambientais e podem causar mudanças transmitidas aos descendentes, como a obesidade.

É possível nos blindarmos dos disruptores endócrinos?

Nem se vivêssemos em uma bolha no meio da Antártida conseguiríamos viver longe dos compostos químicos. Essa é uma missão talvez impossível, lembrando que essa bolha não poderia ser feita de plástico e ainda assim, através da alimentação, do ar, da água que bebemos ou a que nos banhamos, estaríamos expostos.

Mesmo em regiões onde a atividade humana é escassa, como as regiões polares, existem concentrações detectáveis de alguns desses desreguladores na água e no organismo dos animais residentes. Isso acontece porque tais substâncias se espalham através da chuva e do ar e acabam afetando as etapas da cadeia alimentar, onde quanto maior o predador, como o próprio ser humano, maior esse acúmulo.

Mas, podemos reduzir essa exposição com algumas atitudes simples, como, por exemplo: armazenar alimentos em recipientes livres de bisfenol A (BPA) e ftalatos, evitar aquecer alimentos em recipientes plásticos, além de não armazenar alimentos enlatados ou embalados em plástico em áreas quentes por muito tempo, já que o calor potencializa a liberação destes.

Além disso, regras básicas de saúde, como evitar o consumo de alimentos processados, suplementar com compostos antioxidantes, dar preferência ao consumo de água filtrada e lavar bem as frutas e verduras antes do consumo ajuda a eliminar compostos que podem estar depositado nas cascas, folhas e raízes. Além de, obviamente, reduzir a exposição aos mesmos, que agora, depois desse texto, já não assim são tão desconhecidos.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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