Sofre com herpes? 90% da população tem o vírus, mas apenas 10% manifestam os sintomas
Bons Fluidos
A quantidade de pessoas que têm me procurado porque estão sofrendo com o herpes está cada vez maior. E eu não estou falando isso me referindo à época dos dias mais quentes – já que o sol é gatilho para a disseminação e manifestação do vírus. A busca tem sido geral.
A herpes é causada por um vírus, o herpes simplex 1 (HSV), e causa uma infecção recorrente que começa com um formigamento nos lábios e segue com uma coceira até que, finalmente, eclodem as bolhas que se tornam feridas.
Estima-se que 90% da população mundial tenha o vírus do herpes alojado no organismo, mas apenas cerca de 10 a 15% dessas pessoas manifestam os sintomas.
Quando o herpes de manifesta?
Esse vírus danado invade nosso corpo, percorre a mucosa da boca e fica quietinho, geralmente escondido nas terminações nervosas, especialmente nos gânglios. Se manifesta principalmente quando nossas defesas estão enfraquecidas, seja por estresse – ainda mais nesse período tenso que estamos vivendo e que parece não ter fim – pelo excesso de exposição ao sol, já que os raios ultravioleta fragilizam nossas defesas e ressecam nossa pele, pelo consumo de alimentos ricos em aminoácido arginina, como as nozes, amêndoas, trigo e chocolates, e alterações hormonais, pelo período menstrual ou até mesmo devido a um resfriado.
Nessas condições, o vírus resolve dar o ar de sua graça – para o nosso desespero. O “bonito”sai do gânglio e refaz o percurso até alcançar a camada mais superficial da pele, a epiderme, onde se forma uma bela ferida.
A doença geralmente desaparece depois que nossa imunidade se reestabelece, mas o ciclo geralmente dura de cinco a 12 dias e nem sempre as feridinhas são na boca. Podem surgir lesões na região do pênis, vulva, virilha, nádegas e até mesmo no ânus, causados por uma variação do herpes simples 1 e 2.
Então, o bom e preservativo é mais que bem-vindo na hora das relações sexuais, até porque essas feridas sangram e podem ser a porta de entrada para outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como HIV, sífilis e até mesmo hepatites.
Esses dois tipos de variações, após invadir nosso organismo, infelizmente nunca são eliminados. Então, o melhor a se fazer é sempre controlar as defesas do nosso corpo, assim como os eventuais sinais e sintomas: dor, vermelhidão, coceira, formigamento na pele, bolhas e feridas.
Como evitar a contaminação?
Para evitar a contaminação pelo Herpes simples tipo 1, que causa essas lesões na boca e é altamente contagioso, primeiramente é importante manter distância do infectado. Fuja das gotículas de saliva contaminadas e nem pense em trocar beijinhos, assim como evitar compartilhar copos, talheres, maquiagens e pincéis.
Bom, após ler isso, você já imagina minha opinião sobre beijos trocados em bloquinhos de Carnaval, micaretas e por aí vai. Tudo isso pode ser uma roleta russa para sua contaminação! Quanto ao sexo oral, acho que você não deve ter dúvidas quanto a contaminação, não é mesmo? E neste caso pode ser ainda pior, porque o vírus do herpes simples será transmitido para a área genital, podendo causar, nesse caso, o herpes genital.
Pensando nos raios ultravioletas pela exposição solar, o protetor solar labial e corporal ajuda, porque evita o ressecamento da pele, mas não impede o ataque do vírus. Então, com seu protetor devidamente aplicado, o melhor é que você, que vive tendo recidiva da doença, fique sempre na sombra, ok?
Quanto ao estresse, que é um dos principais motivos de fortificação do vírus e que fica ali só aguardando seu choro e a sua crise de ansiedade, não preciso nem dizer que o controle emocional é fundamental. Sendo assim, as práticas meditativas, assim como atividade física e uso de florais, homeopatia e fitoterápicos caem muito bem, não só para o controle do herpes, mas para todos os problemas que esse problema nos causa.
Herpes e a gravidez
Infelizmente, a chamada transmissão vertical pode acontecer durante a gestação. Neste caso, a mãe contaminada pode transmitir o vírus do herpes simples para o bebê. Segundo estudos, a transmissão pode ocorrer tanto intra-útero, quanto próximo ao parto ou no pós-parto. Também pode haver transmissão no momento do nascimento, caso a mãe esteja com o vírus do herpes ativo, sendo mais comum em mães muito jovens, que possuem uma menor quantidade de anticorpos capazes de combater o vírus do herpes.
Como saber se é herpes?
O diagnóstico do herpes simples pode ser feito através da observação clínica. Os médicos, muitas vezes, conseguem detectar uma infecção ao dar atenção especial às feridas. Inclusive, como o vírus pode causar episódios recorrentes de recidiva, o paciente pode reconhecer facilmente os gatilhos para a ativação das lesões, assim fica mais fácil de identificar o problema.
Alguns exames para confirmar a presença do vírus do herpes simples são mais utilizados:
- Exame de cultura, com raspagem de uma amostra do material da lesão;
- Exames de sangue para anticorpos de HSV (sorologia);
- Teste de anticorpo fluorescente direto das células extraídas de uma lesão;
- PCR (reação em cadeia da polimerase), que identifica o DNA do herpes simples no material da ferida.
Os tratamentos
Quando falamos em herpes, precisamos considerar dois aminoácidos importantes: a arginina – que citei lá no início do texto – que o vírus “ama”, e a lisina, que ele “odeia”. A lisina é um dos oito aminoácidos essenciais não fabricados no nosso organismo, que devem ser adquiridos por meio da alimentação, pois através deles fazemos a síntese de proteínas importantes para nosso desenvolvimento.
O papel fundamental da lisina é inibir a arginina, aminoácido que ajuda na reprodução do vírus. Como elas competem dentro da célula, o aumento da lisina no organismo significa uma queda da arginina. Por isso, manter esse equilíbrio é muito importante como medida profilática para prevenir o herpes labial e sua reincidência, além de acelerar o processo de cicatrização. Aqueles que costumam ter crises frequentes de herpes devem ingerir mais lisina na sua alimentação, principalmente o leite, a soja e a carne.
Uma alimentação bem balanceada, com consumo adequado de proteína, contém de 5 a 8 gramas de lisina, mas devemos considerar que há uma redução de até 42% dessa proteína durante o processo digestivo e até no processo de preparo dos alimentos. Ou seja, ainda que se consuma a quantidade correta de lisina, há sempre uma perda natural desse aminoácido.
Mesmo tendo uma alimentação rica em alimentos que contenham lisina, quem sofre muito com as crises pode se beneficiar da suplementação. A suplementação é segura, desde que se respeite as doses que são bem toleradas, ou seja, até 3 g ao dia. Doses altas, em geral acima de 10 g por dia, podem causar enjoo, cólica e diarreia. A dose escolhida vai ser ajustada conforme o número de crises e intensidade delas. Podemos começar com doses mais altas durante o surto e depois reduzir na manutenção. Busque ajuda de um médico, farmacêutico ou nutricionista para correta orientação e ajustes de doses.
Como prevenir crises?
Para prevenir crises de herpes recorrentes, o tempo de tratamento geralmente é de 6 meses. Mas isso não é uma regra. É possível manter por mais tempo com doses menores. Existem também estudos que demonstram resultados bons na suplementação de manutenção por 30 dias ao ano. Pelo fato de que o sol é um forte fator de risco para surgirem as lesões de herpes, recorrer à lisina no período do verão pode ser uma boa escolha, por exemplo.
E os medicamentos?
O tratamento convencional consiste em antivirais orais (o famoso aciclovir) e algumas pomadas específicas. O medicamento ajuda a inibir a replicação do vírus e a diminuir com o tempo a intensidade dos sintomas, mas é necessário iniciar o tratamento assim que os sintomas da manifestação da doença surgirem, para que o vírus não se replique.
Entretanto, fica aqui o meu alerta: apesar de quem sofrer com a doença já correr para a farmácia para comprar o medicamento, não se automedique durante as crises, pois é fundamental procurar ajuda médica.