Estudo brasileiro mostra que dormir tarde está relacionado a um maior índice de IMC
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Um estudo de amplitude nacional realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) revelou uma relação direta entre o horário de dormir e o peso das pessoas. O estudo, intitulado "SONAR-Brasil: investigações cronobiológicas do sono, alimentação e nutrição", analisou os dados de 2.050 brasileiros adultos, com idades entre 18 e 65 anos, de todas as regiões do país.
A pesquisa, que teve início em 2021 e está em andamento, constatou que aqueles que dormem mais tarde apresentam um Índice de Massa Corporal (IMC) mais elevado. O IMC é um valor calculado com base no peso e na altura, utilizado internacionalmente para definir níveis de sobrepeso e obesidade.
Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Sleep Medicine e foram divulgados no Congresso Mundial do Sono, realizado no Rio de Janeiro em outubro deste ano.
O questionário online respondido pelos participantes abordou diversos aspectos, como dados antropométricos (peso e altura), hábitos de sono, alimentação e prática de atividades físicas. Segundo os pesquisadores, quase metade dos entrevistados (45,1%) eram considerados "dormidores tardios", ou seja, dormiam após as 23h.
Além disso, mais da metade dos participantes (51,7%) apresentava uma curta duração do sono, dormindo menos de 7 horas por noite. A pesquisa também apontou que 30,1% da amostra estava com excesso de peso e 14,7% com obesidade.
Uma das conclusões do estudo foi que cada hora adicional de sono está relacionada a uma diminuição de 0,19 kg/m² no IMC. Por outro lado, cada hora adiada no horário de dormir está associada a um aumento de 0,19 kg/m² no IMC.
A pesquisa também avaliou o horário de despertar, porém, não foi encontrada uma correlação estatisticamente significativa entre esse aspecto e o índice de massa corporal.
A nutricionista Giovana Longo Silva, professora da UFAL e principal autora do estudo, ressalta que não foi possível comprovar uma associação entre o horário de despertar e o IMC. No entanto, a pesquisa evidenciou a influência direta do horário de dormir no índice.
Estudos anteriores já apontavam a relação entre a duração do sono e o IMC, mas essa pesquisa trouxe uma novidade ao revelar a associação entre o horário de dormir e o peso corporal.
A pesquisa também indicou possível explicação para essa relação, citando que um sono de má qualidade pode causar alterações fisiológicas, como aumento da produção do hormônio da fome (leptina) e redução da produção do hormônio da saciedade (grelina). Isso leva a um aumento da fome no dia seguinte, o que pode influenciar nos hábitos alimentares.
Outra explicação apontada pelos pesquisadores é que a falta de sono de qualidade pode aumentar a chamada "fome hedônica", caracterizada pelo desejo por alimentos ricos em açúcar e gorduras, em especial os ultraprocessados.
A neurologista Letícia Soster, do Grupo Médico Assistencial do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein, acrescenta que uma das funções do sono é recompor a energia gasta ao longo do dia. Quando não se dorme a quantidade adequada, a tendência é buscar energia extra na comida.
O estudo reforça a importância de cuidar da qualidade e duração do sono para a manutenção de um índice de massa corporal saudável. Estabelecer horários regulares para dormir e acordar, além de criar um ambiente propício para um sono reparador, são medidas que podem contribuir para a promoção da saúde e prevenção do sobrepeso e da obesidade.
O título do artigo seria: "Estudo brasileiro revela relação entre horário de dormir e índice de massa corporal"