A história do Converse Chuck Taylor All Star, o mais clássico dos tênis

 

Qual o tênis mais clássico da história? O mais reconhecível, popular e icônico de todos os tempos? Se você pensou no Air Jordan 1, errou. Mais popular do que ele – justamente por ser muito mais acessível -, outro tênis tem feito sucesso há décadas e exercido um grande impacto na cultura popular: o Converse All Star.

 

Oficialmente chamado Chuck Taylor All Star, o tênis mais famoso da Converse pode ser encontrado no mundo todo atualmente. Mas o modelo que já dominou das quadras de basquete aos palcos de rock tem uma história longa – e que vale a pena ser conhecida. 

 

 

 

 

De um escorregão às quadras de basquete

 

 

 

 

Tudo começa há mais de 100 anos com um cara chamado Marquis Mills Converse. Gerente de uma fábrica de sapatos, conta-se que ele foi andar um dia pela linha de produção quando escorregou e caiu de uma escada. O acidente rendeu a ele a ideia que mudaria para sempre o mundo dos calçados.

 

 

Marquis fundou a empresa Converse Rubber Shoe Company em 1908, com a intenção de fazer sapatos com solas de borracha. Alguns anos depois, o solado de borracha vulcanizada já havia se mostrado útil não só para funcionários de fábricas, mas também para evitar escorregões dentro das quadras de basquete.

 

 

O esporte estava ganhando muita popularidade nos Estados Unidos na década de 1910 por um motivo simples: ele podia ser praticado em um lugar fechado até mesmo nos dias mais frios do inverno, algo que não acontecia com o beisebol, o futebol americano ou outros esportes ao ar livre.

 

 

 

 

O tal Chuck Taylor entra em jogo

 

 

 

 

Logo, a história da Converse começou a se fundir com a do esporte. Em 1917, foi lançado o Converse All Star Basketball, mas ele era marrom com solado preto e muito diferente do design com que estamos acostumados hoje. A principal mudança no calçado veio em 1923, quando um jogador de basquete chamado Chuck Taylor abordou a Converse reclamando de dores nos pés.

 

 

Taylor deu algumas ideias para melhorar o tênis, como a proteção de borracha branca para manter os dedos a salvo de pisões, o padrão da sola para maior aderência ao chão e o símbolo com a estrela no cano. As sugestões foram tão boas que o jogador acabou ganhando um emprego na Converse se tornou embaixador da marca.

 

 

Como ia pessoalmente aos mais diversos ginásios de basquete universitário ou escolas dos Estados Unidos dar oficinas de basquete, Taylor aproveitava para fazer propaganda do Converse. Tanto o esporte quanto o tênis foram caindo no gosto dos americanos, e, em pouco tempo, o modelo ganhou a assinatura de Chuck Taylor em seu nome oficial: Converse Chuck Taylor All Star – nos EUA, aliás, os tênis são chamados de “Chuck’s”.

 

 

O sucesso dentro e fora da NBA

 

 

 

 

A partir dos anos 30, o tênis começou a virar um fenômeno e a ganhar novas versões. A clássica silhueta branca do All Star, por exemplo, foi apresentada e 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim (as listras vermelha e azul na lateral são referência às cores dos EUA). Todo jogador de basquete usava o tênis.

 

 

Com a criação da NBA, em 1946, a Converse se consolidou como a maior marca de calçados para basquete dos EUA. Craques dos anos 50 e 60, como Bill Russel e Wilt Chamberlain, jogavam usando seus Chuck Taylor All Star. A popularidade da liga só cresceu nas décadas de 70 e 80, e a Converse continuava nos pés de estrelas como Magic Johnson e Larry Bird.

 

 

Fora das quadras, o sucesso também era enorme. O tênis era tão popular que era vendidos em bancas de jornal e farmácias. Durante quase 50 anos, a Converse foi dona de algo entre 70% e 80% das vendas de calçados esportivos no mundo inteiro. O modelo se consolidou no imaginário popular e seu “criador” Chuck Taylor foi nomeado para o Hall da Fama do Basquete pouco tempo antes de morrer, em 1969.

 

 

All Star, o tênis do punk rock

 

 

 

 

Acontece que, mesmo com pequenas inovações, o Chuck Taylor All Star continuou basicamente o mesmo tênis com o passar dos anos. E, com os medalhões da NBA perdendo espaço para jovens como Michael Jordan e seus Nike Air Jordan 1 (embora ele originalmente preferisse a Adidas), a concorrência conseguiu tirar o All Star de seu trono.

 

 

Modelos como o Royal Master da Pro-Keds, o Topstar da Pony, o Clyde da Puma e o Blazer da própria Nike começaram a dominar as quadras. Pouco depois, a Adidas apresentaria o Superstar para acabar de vez com o reinado da Converse no basquete. Por sorte, um novo mercado havia começado a se abrir para a Converse: os palcos dos shows de rock.

 

 

Nos anos 60, usar tênis fora dos ginásios esportivos era algo considerado ofensivo. Lugar de tênis era na quadra e, para sair na rua, era necessário usar sapatos. A atitude antissistema do punk rock fez com que seus adeptos começassem a usar o calçado junto com suas calças jeans rasgadas e jaquetas de couro.

 

 

Além disso, o Converse Chuck Taylor All Star era muito barato. Como garotos pobres podiam comprar um tênis da marca, o movimento punk se apropriou do modelo para criar sua identidade. Em bares famosos da cena, como o CBGB, em Nova York, era raro ver alguém sem ele nos pés.

 

 

Os Ramones usavam All Star?

 

 

 

 

Na verdade, não. Apesar de tradicionalmente associados ao All Star, a banda usava modelos parecidos da concorrente Pro-Keds. A “confusão” se deu graças à revista “Punk”, famosa publicação da época sobre a cena de música. Ao retratar Joey Ramone em uma ilustração, o desenhista da capa acabou se confundindo e colocando um All Star nos pés do cantor.

 

 

Isso fez com que os fãs rapidamente ligassem os Ramones ao Chuck Taylor. Como, pouco tempo depois, a Keds descontinuou o modelo que os integrantes da banda gostavam, eles acabaram se rendendo ao tênis da Converse. Com isso, o calçado foi se tornando um uniforme do rock ao redor do mundo.

 

 

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A reinvenção do All Star na cultura popular

 

 

 

 

Apesar de estar eternizado entre os músicos e fãs de rock, contudo, a Converse nunca investiu em propagandas específicas para esse público. A marca insistia no basquete – o que, hoje, é considerado um tremendo erro de marketing.  E, com a aposentadoria de seus principais atletas nos anos 90, começou a acumular dívidas e produtos que não emplacavam no mercado.

 

 

Em 2003, teve que pedir concordata e foi comprada pela Nike. Foi só aí que a empresa começou a entender que havia um público enorme no mundo da música e das artes. Com um marketing direcionado ao estilo de vida de rockeiros, artistas e até skatistas, a Converse teve um boom em vendas já em 2005.

 

 

Desde então, vem se consolidando como um tênis presente em vários ambientes, dos mais simples aos mais fashionistas. Só é difícil vê-lo entre os tênis usados na NBA, mas tudo bem. Seu lugar está garantido na história.