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Existe doutrinação nas escolas?
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Existe doutrinação nas escolas?

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Tecmundo
12/07/2023 20h00
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*Este texto foi escrito por um colunista do site TecMundo. Assim, o conteúdo é estritamente opinativo por parte do autor.

Nos últimos anos, a conversa sobre uma possível doutrinação ideológica que estaria ocorrendo nas escolas e universidades ganhou bastante espaço no debate público

Desde conversas de bar, entre amigos, em grupos de familiares, redes sociais e até em meios acadêmicos. Porém essa conversa tem alguma fundamentação na realidade das escolas brasileiras? E ainda, será possível responder essa pergunta de modo científico e sem enviesar nossa discussão e acabarmos falando apenas para um determinado grupo?

A resposta da segunda pergunta é, muito provavelmente, negativa. Mesmo que fizermos um esforço para discutir o assunto de um ponto vista científico que, pelo menos em sua idealização, deve ser completamente imparcial. 

Ainda, para analisar o conceito de imparcialidade e sua relação com a moralidade, podemos pensar no exemplo de um serial killer, utilizado em um texto do professor Troy Jollimore , da universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Imaginemos um serial killer que assassine apenas pessoas que se pareçam com determinada celebridade. 

Podemos afirmar que esse criminoso é completamente imparcial quanto às religiões, crenças e profissões de suas vítimas, por exemplo. Mas não podemos afirmar que suas ações, por serem imparciais, são automaticamente morais. Assim, dizer que a educação deve ser imparcial não é necessariamente algo moral.

Tomemos o ensino de física como exemplo. O que ensinaremos para os alunos? Apenas equações que descrevem um número determinado de fenômenos naturais ou falaremos que a Física, assim como é o papel da Ciência de modo geral, nos apresenta uma forma específica de pensar e questionar o mundo ao nosso redor? A quem interessa esse tipo de decisão?

Devemos dizer para os alunos simplesmente aceitarem as informações que chegam até eles através de uma figura de autoridade em sala de aula que é o professor? Ou dizer que os alunos e, portanto, futuros cidadãos, devem questionar a sua realidade e, se necessário, suas autoridades? Dizer isso é algo imparcial ou é doutrinação ideológica?

É fácil perceber que, para responder um questionamento inicial, podemos fazer diversas outras perguntas. Isso serve para refletirmos e ter a noção do quão complexo é esse assunto. Normalmente, assuntos complexos requerem respostas complexas. 

A educação no país já tem problemas demais em uma realidade de baixo investimento e falta de valorização que já é complexa o bastante e exige que tomemos cuidado com respostas e análises simplórias. Exatamente por isso, não há espaço para discutir aqui notícias falsas e teorias da conspiração como ideologia de gênero ou marxismo cultural, por exemplo.

Paulo Freire é um educador brasileiro reconhecido internacionalmente por seu trabalho de alfabetização de adultos e diversos livros sobre pedagogia. Entretanto, seu nome virou motivo de controvérsia uma vez que a polarização política ficou mais acirrada no país. Sobre a imparcialidade, Freire disse: “Não existe imparcialidade. Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: sua ideologia é inclusiva ou excludente?”.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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