Halloween: como são feitas as maquiagens dos filmes de terror?
Tecmundo
Os longas-metragens de terror têm sido uma parte essencial da história do cinema, cativando o público com monstros, criaturas macabras e cenas assustadoras, que fazem o sangue gelar nas veias. Para trazer essas visões horripilantes à vida, os cineastas contam com uma combinação de efeitos visuais práticos e computadorizados (CGI), mas é a maquiagem que desempenha um papel fundamental na transformação de atores e atrizes em seres dignos de pesadelos.
E se engana quem acha que maquiagens de filmes de terror são coisas simples de conceber. Boa parte dos espectadores veem os resultados impressionantes nas telas, mas não sabem que, para alcançá-los, é necessário um trabalho minucioso, repleto de etapas e detalhes que fazem toda a diferença. Ficou curioso para saber quais processos são esses e como são feitas as maquiagens dos filmes de terror? Bem, vamos descobrir!
Freddy Krueger, da franquia A Hora do Pesadelo, sempre foi um vilão conhecido por sua maquiagem assustadora.
O processo de criar maquiagens de filmes de terror começa muito antes das câmeras começarem a rodar. O roteiro é cuidadosamente analisado para identificar as cenas que exigirão efeitos especiais. Além disso, a equipe de maquiagem precisa considerar elementos como a posição da câmera, a iluminação e outros detalhes de produção que afetarão o resultado final. Mesmo um detalhe aparentemente simples, como o sangue artificial, varia dependendo de como este será usado - se para manchar roupas ou aplicado diretamente na pele, por exemplo.
Existem dois tipos principais de maquiagem em filmes de terror: a de caracterização e a de efeito. A primeira é aquela que mantém o ator com a mesma aparência do início ao fim do filme. Já a maquiagem de efeito é responsável por transformar um personagem após este passar por algum tipo de acidente ou transformação, dando vida aos monstros e criaturas que povoam o mundo do horror.
Mas quando esses processos e definições ligados a maquiagens de filmes de terror surgiram? Abaixo, veja uma resumida linha do tempo sobre o tema!
A história da maquiagem no cinema de terror remonta aos primórdios da sétima arte. Pioneiros como Georges Méliès e Thomas Edison já faziam uso de efeitos especiais e maquiagem em suas produções. No entanto, o verdadeiro gênio por trás da maquiagem de horror no cinema foi Lon Chaney, conhecido por sua caracterização impressionante em filmes como O Corcunda de Notre Dame e O Fantasma da Ópera.
O ator Lon Chaney, que trabalhava em várias de suas próprias maquiagens, em O Fantasma da Ópera, de 1925.
Ah, e um parênteses pertinente, a título de curiosidade: surpreendentemente, até a década de 1980, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não premiava os artistas de maquiagem. Foi somente em 1981 que o maquiador Rick Baker recebeu o primeiro Oscar de Maquiagem por seu trabalho em Um Lobisomem Americano em Londres.
Os primórdios do cinema de terror também viram o surgimento de técnicas teatrais e de feiras itinerantes que influenciaram fortemente os efeitos especiais. A maquiagem e os efeitos práticos andavam de mãos dadas, e atores como Lon Chaney aprenderam muitos de seus truques em feiras itinerantes e espetáculos teatrais. O exagero característico desses ambientes se refletiu nas primeiras produções de terror, nas quais maquiagens e próteses eram essenciais para criar monstros e criaturas assustadoras.
Um marco importante para os efeitos especiais no cinema de terror foi o lançamento de King Kong em 1933. O uso de técnicas como a sobreposição e o stop motion permitiu que o gigantesco Kong parecesse real, desafiando a lógica da época. Miniaturas de outros animais da Ilha da Caveira e armaduras especiais feitas de látex, alumínio e até pelo de coelho foram usadas para dar vida à icônica criatura.
Nos anos 1950, o cinema de terror se destacou pelo uso de maquiagens e efeitos práticos elaborados. Monstros vindos do espaço ou mutações causadas por reações nucleares invadiram as telas, muitas vezes utilizando macacões de látex e discos voadores visíveis por fios. No entanto, a década de 1950 também foi marcada pela estética do expressionismo alemão, exemplificada pelo filme O Gabinete do Dr. Caligari, de 1920, que influenciou o visual de muitos filmes de terror.
Os anos 1970 e 1980 foram décadas de ouro para a maquiagem de filmes de terror e os efeitos práticos no cinema. Filmes como O Massacre da Serra Elétrica, O Exorcista e A Profecia impressionaram o público com suas cenas chocantes e realistas, graças ao trabalho de mestres como Dick Smith. A maquiagem sanguinolenta e os efeitos práticos eram usados para criar assassinatos brutais e cenas impactantes, mantendo os espectadores à beira de seus assentos.
Nesse mesmo período, nomes como Rick Baker e Tom Savini se destacaram, criando maquiagens e próteses impressionantes que elevaram o gênero de terror a novos patamares. Um dos momentos icônicos foi a cena da transformação em Um Lobisomem Americano em Londres, que ganhou o primeiro Oscar de Maquiagem em 1981, como já citamos.
O maquiador Rick Baker e o ator David Naughton nos bastidores de Um Lobisomem Americano em Londres, em 1981.
Com o avanço da tecnologia, o CGI também começou a ganhar espaço na produção de filmes de terror. Enquanto alguns fãs lamentam a perda da magia dos efeitos práticos, a verdade é que o CGI pode ser uma ferramenta poderosa quando usado com competência. Filmes recentes, como Arraste-me Para o Inferno, de Sam Raimi, por exemplo, demonstraram a eficácia da combinação de maquiagem e efeitos especiais computadorizados.
Nos últimos anos, cineastas têm explorado a integração de CGI e efeitos práticos, criando visuais aterrorizantes que ainda impressionam o público. A franquia IT: A Coisa é um exemplo de como a maquiagem e o CGI podem se complementar para dar vida a um dos palhaços mais assustadores das telas.
Em resumo, a maquiagem e os efeitos visuais são fundamentais para criar o mundo aterrorizante dos filmes de terror. Desde o começo do cinema, artistas e técnicos têm usado sua criatividade e habilidades para transformar atores em monstros e criaturas que assombram nossos pesadelos. A evolução tecnológica trouxe o CGI como uma ferramenta adicional, mas a combinação de técnicas antigas e novas continua a ser a chave para assustar e fascinar o público nas telas de cinema.