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Ter animal de estimação te faz ser mais ativo?
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Ter animal de estimação te faz ser mais ativo?

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Tecmundo
09/02/2024 21h00
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Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.

Diferente de crianças e cachorros, adultos precisam ser rotineiramente persuadidos a levantar da cadeira e se exercitarem. E como tem sido difícil nossa relação com exercícios físicos, não é mesmo? Um começo pode estar bem próximo de nós, com nossos animais de estimação mais comuns: os cachorros. Saiba mais sobre a "dog walking", uma prática simples que pode melhorar a saúde (a sua e do seu cachorro).

As recomendações mundiais de atividade física para saúde têm-se concentrado em atividades físicas de intensidade moderada e vigorosa, em que se recomendam 150 minutos semanais – o correspondente há 2 horas e meia, ou 75 minutos por semana, respectivamente. São atividades como caminhadas rápidas e até exercícios mais intensos como corrida e levantar pesos. O que faz alguns pensarem que atividades físicas leves, como caminhadas mais lentas não seriam benéficas para saúde.

Canadenses em suas recomendações foram os primeiros a reconhecer que acumular várias horas de atividades físicas leves, incluindo ficar mais tempo em pé, é importante para saúde. Recomendações baseadas em estudos com grande poder de evidência – meta-análises, mostraram que o risco de morte é substancialmente reduzido com atividades físicas leves e que dobrar o tempo gasto nelas esteve associado a uma redução de 29% na mortalidade . Parece que cada movimento, mesmo que leve, conta para viver um pouco mais.

Atividades físicas leves constituem parte significativa do nosso dia.Atividades físicas leves constituem parte significativa do nosso dia.

Cresce o número de evidências mostrando os benefícios para saúde, redução do risco de doenças crônicas e morte, a partir de atividades físicas leves – aquelas que estão distribuídas discretamente em nossa rotina: caminhadas casuais, esportes leves durante o lazer como sinuca, pesca, boliche, as tarefas domésticas leves como cozinhar, tirar o pó dos móveis da casa, cuidar das plantas e lavar louça, além de passear com o cachorro. 

Essas atividades leves podem corresponder ao tempo de 25% do nosso dia e fazer uma diferença significativa na saúde e longevidade. Nessas, tanto os batimentos do seu coração quanto sua respiração são alteradas em magnitude leve, ainda sendo possível conversar e até cantar , o que não ocorreria em atividades de intensidades moderada e vigorosa.

A “dog walking”, ou seja, o passeio com o cachorro pode trazer benefícios interessantes à nossa saúde, além da do próprio amado animal de estimação. A caminhada é uma atividade física comum e uma das mais seguras e de baixo custo que existem e, ainda, pode ser uma atividade atrativa e de fácil acesso para pessoas inativas e sedentárias que pretendem iniciar a prática de exercícios físicos. É estabelecido na literatura que donos de animais de estimação como cães realizam mais caminhadas recreativas do que pessoas que não tem cães.

Dog walking - a caminhada com cães.Dog walking - a caminhada com cães.

A natureza rotineira e resiliente a todas as estações do ano, pois mesmo com chuva e frio, levamos nosso cão para fazer suas necessidades e passear, são características que fazem essa atividade física ser sustentável. Além disso, está relacionada ao bem-estar canino e a saúde humana, atuando também na maior socialização na vizinhança, pois ao sair com seu animal a pessoa está mais exposta a se relacionar com vizinhos e conhecidos.

Dentre outros fatores que fazem a atividade funcionar, temos o senso de obrigação dos donos em passear com seus cachorros, assim como um apoio motivacional que os leva a caminhar com seus animais. Cães foram domesticados há mais de 10 mil anos, mas foi apenas nos últimos 30 anos que o melhor amigo do homem assumiu o novo papel – nos tirando do sofá um pouco e nos fazendo dar mais passos por dia.

“A melhor parte de levar meu cachorro para passear é poder ter um momento mais contemplativo no meu dia. Quando eu volto do passeio me sinto mais energizado, focado e contagiado pela felicidade do Dexter”, afirma  Lutz  – criador de conteúdo digital.

A pesquisa mais recente , realizada na Austrália, mostrou que a aquisição de um cachorro por parte da família, teve um efeito positivo nas atividades físicas das crianças. Assim como perder o cachorro impactou negativamente. Em relação à intensidade, essa pode estar relacionada à raça do cão – cães mais ativos, como galgos, beagles, spaniels e collies, podem aumentar o ritmo. 

Na ciência, ainda precisamos de melhores evidências para determinar causa e efeito da relação entre ter cachorro e ser mais ativo. Passear com o cachorro não muda drasticamente a forma física de ninguém, mas se você tem um cachorro, é provável que aumente seus níveis de atividade física por meio de caminhadas e isso é uma boa notícia para a saúde humana. 

Talvez uma pessoa inativa tenha fisicamente a intenção de melhorar sua vida. Pode ser que ela olhe para um atleta e o admire, querendo chegar perto daquilo. Entretanto, o caminho da inatividade física para o exercício intenso é longo e a sugestão é o processo ser gradativo. Uma vez que o comportamento de atividade física é algo para ser adotado durante toda a vida, não adianta ter pressa.

Dentre as novas abordagens pensadas para aumentar os níveis de atividade física da população, temos uma perspectiva de escada e não de elevador. Escada no sentido de pequenas mudanças que gradativamente podem chegar aos desejados treinos mais intensos. 

Processo que passa por simplesmente ficar mais tempo em pé e diminuir tempo sentado (sugestão que já dei por aqui é a de beber bastante água, pois você terá que levantar e ir ao banheiro), seguido por caminhar mais durante o dia (aqui incluímos os passeios com cachorro), aumentando posteriormente a intensidade da caminhada ou até outros exercícios. 

Por outro lado, uma abordagem de elevador, saindo do sofá direto para treinos pesados na academia, parece ser brusca demais e não gera condições para continuidade no caso de muitas pessoas.

Curta o momento de movimento com seu cão, é saúde para ambos.

***
Fábio Dominski
é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz 
divulgação científica nas redes sociais  e em podcast disponível no Spotify . Autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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