Grag Queen celebra sucesso internacional e conquista do mundo drag: "Arte é revolução"
Contigo!
A cantora Grag Queen está brilhando cada vez mais em um cenário de crescimento das drag queens no mundo da música.
Direto de um hotel em Los Angeles, a famosa conversou com a CONTIGO! e falou a respeito da carreira, da experiência de começar a arte drag, a projeção internacional e sobre a arte como forma de lutar contra o preconceito.
"Eu entrei no mundo drag quando drag já era uma coisa popular no nosso país", relata. Para ela, aceitar a sexualidade foi um problema, mas a criação da persona drag não criou nenhum dilema: "Eu lutei muito pra me entender um menino gay, pra eu me aceitar, me respeitar. Mas pra ser drag eu já tava num momento que eu já tinha meu trabalho, já tinha minha profissão, meu dinheiro, então nunca liguei".
Curiosamente, ser drag queen não era um objetivo originalmente. "Foi por acidente também. Eu tinha um projeto chamado Armário de Saia e a gente decidiu homenagear as drags fazendo um vídeo vestidos de drag e todo mundo se apaixonou pelas duas drags. Posso dizer que foi o melhor acidente que aconteceu na minha vida".
Grag Queen é o nome artístico de Grégody Mohd, que, aos 26 anos já conseguiu o sucesso no exterior ao vencer o reality show Queen of the Universe, exibido pela Amazon Prime Video. Em turnê pelos Estados Unidos, a famosa vive algo muito raro: a projeção internacional antes mesmo da nacional. "É muito doido, aqui que eu tô entendendo que essa projeção foi gigante. Eu vou na balada aqui e as pessoas me param pra falar comigo, pra tirar foto comigo. Na rua, elas tiram foto comigo. Elas me reconhecem mesmo sem estar montada", conta.
Sobre o equilíbrio entre o trabalho no mercado musical brasileiro e o internacional, ela explica: "Eu não queria simplesmente pular a carreira nacional. Não é culpa minha, eu sei, não é intencional, só que eu preciso alimentar os dois públicos, né? Tem gente que pede todo dia música em inglês, tem gente que pede todo dia em português. O meu foco principal, abertamente, sempre será o Brasil".
"Em Party Everyday eu cantei em inglês e em português", descreve, revelando uma estratégia para "casar" os dois públicos. "Acho que existe um meio-termo aí e quem sabe uma nova reinvenção de como escrever coisas misturando o nosso idioma".
Mesmo em um país como o Brasil, que aparece em altas posições no ranking de países com mais violência contra pessoas LGBTQIA+, as drag queens têm crescido no mercado musical, com nomes como Pabllo Vittar e Glória Groove fazendo um sucesso absoluto. Grag acredita que isso é um reflexo da própria arte drag.
"Acho que as drags e o jeito que a gente tem tomado notoriedade é devido à nossa expressão artística. Acho que a arte tem o poder de chegar nas pessoas, não de uma forma marginalizada, esterotipada ou estigmatizada do jeito que chega a existência LGBTQIA+ desde as nossas criações. A drag chega colorida, chega cantando, chega fazendo show, fazendo música e acho que é um novo jeito de quebrar os pré-conceitos, né?".
Ela completa: "Eu acho que a gente tá chegando em algum lugar e acho que a arte será sempre a maior arma de revolução".
Por fim, pedimos que ela se imagine dando uma nova entrevista em um ano. A chamada? Um sonho possível: "Com seu álbum fazendo sucesso no mundo inteiro, Grag Queen retorna ao Brasil para apresentar a primeira temporada de Drag Race Brasil. Acho que é um bom começo".